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Empresas de Cunha receberam repasses da Gol, via agência

Pagamentos de R$ 2,4 milhões a duas empresas da família do ex-deputado foram feitos em 2012 e 2013 pela AlmapBBDO para veiculação de banners da companhia aérea


19 de outubro de 2016 - 18h57

Atualizada às 18h22

Brasília - O ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, embarca para Curitiba após ser preso pela Polícia Federal. (Wilson Dias/Agência Brasil)

Eduardo Cunha embarca de Brasília para Curitiba após ser preso pela Polícia Federal (foto: Wilson Dias/Agência Brasil)

O requerimento do Ministério Público Federal que motivou, nesta quarta-feira, 19, a prisão preventiva de Eduardo Cunha cita a AlmapBBDO entre as empresas que repassaram dinheiro a duas empresas da família do ex-deputado, a pedido da Gol Linhas Aéreas. A suspeita é a de que o Grupo Constantino, dono da Gol e também da empresa de ônibus Comporte, tenha pago propina para que Cunha ajudasse em projetos de interesse das companhias de transportes.

O documento informa que a AlmapBBDO pagou R$ 2,4 milhões às empresas Jesus.com (R$ 1,4 milhões) e GDAV (R$ 1 milhão) e diz que a agência foi a principal depositante de recursos investigados para as duas empresas. A GDAV pertence aos três filhos de Eduardo Cunha: Danielle, Camilla e Felipe. E Jesus.com é de propriedade do ex-deputado e de sua esposa, Claudia Cruz.

pedido prisao cunha

No requerimento de prisão preventiva de Eduardo Cunha, o Ministério Público Federal detalha recebimentos de empresas da família do ex-deputado

Segundo o Ministério Público Federal, a AlmapBBDO foi consultada e informou que os pagamentos foram feitos a pedido da Gol Linhas Aéreas, que é cliente da agência. Em nota oficial, a AlmapBBDO diz que fez os pagamentos para websites nos quais o seu cliente Gol Linhas Aéreas “requisitou veiculação de banners de comunicação que foi efetivada entre 2012 e 2013”. Acrescenta ainda que “os serviços foram todos realizados com sua devida comprovação de veiculação” e encerra frisando que “sempre se pautou e sempre se pautará por rígidos princípios éticos e morais”. Também em comunicado oficial, a Gol Linhas Aéreas informa que “recebeu solicitação da Receita Federal para prestar esclarecimentos sobre alguns investimentos publicitários realizados pela companhia” e, desde então, “iniciou uma apuração interna e contratou uma auditoria independente externa para plena verificação dos fatos”.

Os demais repasses mencionados têm origem em empresas como as companhias de ônibus Breda e Princesa do Norte, do Grupo Constantino, também dono da Gol. O documento do Ministério Público conclui que “praticamente todos os depósitos identificáveis na Jesus.com e na GDAV indicam uma só origem: o grupo econômico Constantino que comanda a empresa Gol Linhas Aéreas e diversas empresas de ônibus”. Diz ainda que “não há indício de que as empresas Jesus.com e GDAV tenham prestado algum serviço efetivo de publicidade compatível com os valores depositados”. Embora reconheça que “os fatos necessitem aprofundamento investigativo”, o Ministério Público suspeita que os repasses a empresas da família de Eduardo Cunha tenham sido feitos para que o ex-deputado atuasse em favor dos interesses do Grupo Constantino em projetos de interesse das empresas de transportes urbanos. Cita que no dia 30 de março de 2015, o ex-Presidente da Câmara dos Deputados criou uma comissão especial para analisar a isenção de Cide (imposto sobre combustíveis) para as empresas de transporte coletivo urbano municipal e alternativo.

Apesar dessas informações constarem no requerimento do Ministério Público Federal, elas não foram reproduzidas no despacho do juiz Sergio Moro que decretou a prisão preventiva de Eduardo Cunha.

Nesta quinta-feira, 20, a AlmapBBDO divulgou um segundo comunicado. Leia na íntegra:

Esclarecimentos à Imprensa

A AlmapBBDO é a agência de publicidade da GOL Linhas Aéreas há 14 anos e nos orgulhamos de nossa participação na construção desta importante marca brasileira.

Em 2012, desenvolvemos uma campanha promocional que previu um plano de veiculação de banners, entre outras peças, no período de outubro de 2012 e novembro de 2013, que contou com mais de 50 websites.

O plano de mídia requisitado pelo cliente incluía, entre outros, os websites Portal Mogi Guaçu, Uai, Vagalume, Forbes Internacional, VEJA, Catraca Livre, Facebook, YouTube, iG, Yahoo!. Também fizeram parte do plano de veiculação aqueles websites que estão sendo citados pela mídia como empresas ligadas ao ex-deputado Eduardo Cunha, informação pela qual fomos fortemente surpreendidos.

Em respeito à verdade, entendemos ser indispensável esclarecer que não houve qualquer tipo de repasse de dinheiro, e sim a aquisição de espaço publicitário efetivamente utilizado, de acordo com as normas do mercado e regulados pela Lei 4.680. Toda a operação está comprovada pelos documentos já disponibilizados para as autoridades.

A AlmapBBDO sempre se pautou e sempre se pautará por rígidos princípios éticos e morais.

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