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Comunicação

Os desafios dos publicitários que decidem empreender

Profissionais que deixaram agências para criar novos negócios na comunicação compartilham os entraves e vantagens da mudança de carreira


23 de agosto de 2018 - 9h02

As empresas que compõem a indústria de comunicação brasileira não existiram se alguns profissionais, em determinado momento da carreira, não tivessem tido o impulso de iniciar um novo negócio. Não faltam exemplos de pessoas que deixaram cargos – muitas vezes de liderança – para montar a própria agência e tornarem-se donos de negócios. Alguns publicitários, no entanto, decidiram encerrar a trajetória em agências para iniciar jornadas de negócios diferentes na engrenagem da comunicação.

Quando decidiu montar o projeto do Hub LabOf, Bruno Bernardo já não se sentia mais satisfeito em atuar no formato atual da publicidade. “Não queria mais trabalhar em um modelo de negócio em que não acredito, embora respeite todos os grandes profissionais que continuam levantando bandeira das grandes agências. No fundo, já tinha desenhado na minha cabeça o que queria e senti que era a hora de colocar de pé”, conta o profissional, que passou os últimos sete anos como sócio da Peppery e, agora, lança uma nova proposta de negócio baseada em oferecer diferentes frentes de consultoria para marcas e empresas de variados portes e setores.

Depois de sete anos na F/Nazca S&S, André Foresti moldou o projeto da Troublemakers com a ideia de ajudar outras empresas a solucionarem problemas (Crédito: Divulgação)

Inquietação também foi o sentimento que acometeu André Foresti após quase sete anos como head de planejamento e estratégia da F/Nazca Saatchi & Saatchi. “Quando você tem uma carreira longa acaba se adaptando às agências e ao seu sistema, perdendo um pouco da sua personalidade. Não é uma coisa ruim – é até madura a capacidade de ceder e se adaptar. Porém, chega um momento da vida profissional em que cresce esse instinto de ter algo que faça mais sentido e expresse melhor quem você é”, conta.

No caso de Foresti, essa busca por algo novo acabou moldando o estilo de sua própria empresa, a Troublemakers, que tem como proposta ajudar empresas a encontrarem soluções ágeis para dilemas de negócios. “Queria uma empresa que ao mesmo tempo inspirasse os clientes a tomar partido. Nossa proposta é criar uma agenda de renovação e resolução de problemas, onde as pessoas paralisadas pelo dia a dia possam ser ‘troublemakers’ e fazer a diferença em seus desafios”.

Mudar e transformar
Propiciar a outras empresas a oportunidade de reavaliar sua atuação também era o desejo de Bruno Bernardo. Depois de ter conhecido o ponto de vista das agências ao trabalhar na AG2, Publicis, Africa e ter tido até uma experiência internacional na TBWA em Londres – antes de ingressar na Peppery – Bernardo decidiu criar um novo negócio. Embora a jornada de qualquer empreendedor seja cheia de desafios, o profissional conta que alguns elementos tornaram a criação do LabOf menos dolorosa. “Empreender no Brasil nunca foi e nunca será fácil. Sei bem pela fase da Peppery, mas no LabOf tem sido diferente porque todos que fazem parte são sócios, o que facilita bastante alguns processos e divide responsabilidades e também por ser um modelo menor, onde acabo tendo mais controle e tempo para dar atenção a tudo que envolve o espaço”, conta. A empresa possui três frentes de atuação: consultoria de rebranding e revisão de modelo de negócios, galeria de projetos de arte e espaço físico para cursos e iniciativa de aprendizado.

Criar uma empresa com uma proposta de trabalho diferente daquela praticada em uma agência é algo que demanda uma mudança de mentalidade e de rotina por parte do empreendedor. André Foresti lista a administração do tempo como a primeira tarefa para quem pensa em criar um novo negócio. “Quando você assume um papel mais generalista, liderando uma empresa, o mais difícil é se organizar para dar

Sócio da Peppery desde 2012, Bruno Bernardo desligou-se da empresa para criar um Hub que mistura consultoria, arte e aprendizado (Crédito: Divulgação)

conta de tantas atividades tão diferentes. Na agência, temos muito trabalho mas o jeito de fazer se repete e sua função é limitada. Como empreendedor, você precisa se organizar para dar conta de tudo e ainda ter energia e motivação em alta para suportar uma montanha russa de emoções, frustrações e ansiedade”, alerta.

Quero empreender. E agora?
Quem também planeja iniciar uma proposta diferente de negócio no ecossistema de comunicação precisa, além do sonho, de muito planejamento. Esse é o conselho de Foresti, que conta que já trabalhava na Troublemakers bem antes da empresa, de fato, existir. “As pessoas devem fazer pilotos de seus projetos até chegar ao ponto da virada. Fiz pilotos da Troublemakers por dois anos e aprendi muito. Claro, sem criar conflito de interesse com a atividade principal que você realiza no momento”, frisa. Foresti também alerta que, antes de largar tudo em prol do negócio próprio, é preciso pensar se realmente essa é a melhor opção para o momento. “As vezes superestimamos esse ‘sair da agência’, mas elas têm muito a nos oferecer como profissionais e pessoas. Abandonar a carreira em agência não merece aplausos e nem medos. É apenas uma escolha que fazemos buscando um melhor significado para o momento”, resume.

Já Bruno Bernardo dá outro conselho para quem pensa em deixar a agência e se tornar seu próprio chefe: “não queira fazer nada sozinho nem ser o único dono. Esteja certo do que você quer fazer e que pessoas estão ao seu lado e, principalmente só comece um negócio baseado em propósito”, exalta o fundador do LabOf.

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