A festa na piscina que deu errado
Professor de química explica os erros da ação de live marketing da Jagermeister no México que deixou um participante em coma
Professor de química explica os erros da ação de live marketing da Jagermeister no México que deixou um participante em coma
Felipe Turlao
26 de junho de 2013 - 9h19
Há cerca de 10 dias, uma ação de live marketing da marca Jagermeister realizada no México quase terminou de forma trágica. A ideia da ação liderada pela agência Guateque Producciones era despejar nitrogênio líquido sobre uma piscina para gerar um efeito de fumaça para agitar a “pool party” do anunciante.
A iniciativa terminou com nove jovens passando mal. José Ignacio López del Toro, de 21 anos, teve as consequências mais graves e deixou o local já em estado de coma. Felizmente, ele passa bem, segundo anunciou a marca em um comunicado alguns dias depois.
Além de um óbvio alerta às agências de live marketing, a ação chamou a atenção para o uso de nitrogênio. Afinal, segundo a maioria das reportagens sobre o assunto, ele teria criado uma combinação letal ao entrar em contato com o cloro da água. No entanto, não foi bem essa a causa da “quase” tragédia na cidade de Leon.
Segundo o professor Sergio Penedo, coordenador da faculdade de engenharia da Faap, a reação do nitrogênio com o cloro até produz, lentamente, um cloreto que possui efeito lacrimogêneo – o tricloreto de nitrogênio. “Mas isso é difícil de ocorrer”, pontua.
Assim, ele ressalta que o fenômeno se deve à alta concentração de nitrogênio no ar após o contato de sua forma líquida com a água da piscina, o que serviu para “espantar” o oxigênio do ambiente.
“O nitrogênio, ao entrar em contato com a água, tem sua temperatura elevada e passa para a forma de vapor, se expandindo muito rapidamente e "deslocando" o oxigênio do ar. Os efeitos sentidos pelas vítimas do acidente dizem muito respeito à falta de oxigênio que, por exemplo, provocou danos cerebrais a uma das vítimas”, explica.
Um dado curioso, diz Penedo, é que a inalação de nitrogênio é uma das maiores, senão a maior causa de óbito na indústria química. “Isso ocorre porque não se percebe, ao respirar, a supersaturação do gás em detrimento do oxigênio que o nitrogênio desloca”, afirma.
Dessa forma, o vapor de nitrogênio não é tóxico por si só e tampouco a reação com o cloro é nociva. “O que causou danos ao ser humano, nesse caso, foi a falta de oxigênio”, explica o professor da Faap. Fica a dica para as agências de live marketing que pretendem usar efeitos com nitrogênio em suas ações.
Confira abaixo a ação mal sucedida de Jagermeister:
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