Dez fatos para esquecer de 2014

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Comunicação

Dez fatos para esquecer de 2014

Confira a lista realizada pelo Meio & Mensagem sobre as dez notícias que marcaram negativamente o ano


19 de dezembro de 2014 - 4h24

O ano termina com várias bolas fora e a redação do Meio & Mensagem escolheu os dez micos mais marcantes para os mercados de comunicação, marketing e mídia. Confira!

1. Terça insana

Onde você estava no dia 8 de julho de 2014? Falando assim, fica difícil de lembrar. Mas, se perguntarmos onde você estava quando o Brasil foi derrotado por 7 a 1 pela Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, a memória daquela tarde de terça-feira deve se avivar. Donos de time poderoso, os alemães chegaram ao confronto com moral depois de vencer a França. Do outro lado estava o time verde-amarelo que havia passado pela Colômbia com ares dramáticos, já que Neymar, nossa principal aposta, fora atingido nas costas pelo marcador Juan Camilo Zúñiga e acabou cortado do Mundial. A despeito de todos os desafios, a torcida estava confiante e os atletas prometeram jogar pelo camisa 10. A empolgação durou nove minutos, quando o atacante Thomas Müller abriu o placar e calou o Mineirão. Apáticos, os jogadores brasileiros não conseguiam reagir. Depois do primeiro tento, vieram outros inacreditáveis seis. Aos 45 minutos do segundo tempo, Oscar fez o gol de honra do Brasil. Não conseguiu, porém, minimizar a humilhação da equipe. Após o vexame, a hegemonia do futebol brasileiro virou piada em todo o mundo e foi colocada em xeque. Os atletas foram duramente cobrados pela imprensa e pelos fãs. No dia seguinte, a rival Argentina derrotou a Holanda e chegou à final da Copa no Brasil, algo que muitos torcedores temiam. A Alemanha sagrou-se campeã, com folga, ante os argentinos e uma gozação maior foi evitada. Como reza o ditado, Deus deve ser realmente brasileiro.

2. A marca arranhada da Petrobrás

As primeiras informações caíram como uma tempestade: a operação Lava Jato, deflagrada pela Polícia Federal, constatou um esquema que envolve a lavagem de um montante de R$ 10 bilhões desviados ilegalmente, parte dele da Petrobras. A estatal, que sempre esteve em alta com a população brasileira, viu sua marca ser jogada em meio a um lamaçal ainda sem data para acabar. Diretores de alto escalão foram envolvidos no escândalo que terá muitos desdobramentos pela frente e deve inclusive atingir outras empresas públicas. Grandes empreiteiras, responsáveis pelas maiores obras do País, também foram envolvidas nas denúncias. Os reflexos sobre a marca da companhia ainda não estão claros, mas certamente ela já está sendo abalada. Segundo o ranking da Interbrand que avalia as 25 marcas mais valiosas do Brasil, a Petrobras caiu duas posições em 2014, saindo da quinta, para a sétima colocação. Em valor, a marca perdeu 23%: se em 2013 ela valia o equivalente a R$ 8,736 bilhões, ela fecha 2014 com o valor de R$ 6,764 bilhões. E a expectativa é de que mais lama atinja a estatal no ano que vem.

3. Crise da água ou crise de transparência?

Questionado em um debate eleitoral sobre um possível racionamento no Estado de São Paulo, em 30 de novembro, por conta da falta de volume no sistema Cantareira, o governador Geraldo Alckmin foi enfático: “Não vai faltar água em São Paulo”. Desde o início do ano, porém, sabe-se que o sistema de abastecimento de água do Estado está em crise. Algumas cidades, como Itu, viveram racionamento velado por dez meses. Moradores da capital também relatam períodos extensos em que ficam sem água, principalmente durante a noite e madrugada. A combinação de escassez de chuvas, o inverno mais quente dos últimos oito anos e a falta de investimentos da Sabesp no sistema de captação e tratamento d’água fizeram com que a situação se tornasse alarmante. A estimativa é de que mais de dois milhões de paulistas venham enfrentado o problema. No dia 24 de outubro, áudios de uma reunião do conselho de administração da Sabesp foram vazados pela imprensa. Nos arquivos, executivos da empresa relatam a situação de crise da água e dizem que há “orientação superior” para não divulgar de forma clara o problema à população. Após vencer a eleição, Alckmin pediu ajuda ao governo federal para implantação de obras de abastecimento no Estado. Enquanto as reformas não vêm, o volume de água continua caindo.

4. Coxinhas x petralhas: o UFC do ano

As eleições de 2014 ficarão marcadas como as mais disputadas após o período de redemocratização do Brasil. Mas, no futuro, o pleito também será conhecido como aquele que causou a maior divisão do País, pelo menos nas redes sociais. Quem defende bandeiras de orientação esquerdista, provavelmente, em algum momento foi chamado de petralha. Se há uma identificação com ideais mais conservadores, foi taxado de coxinha. O espaço de debate das mídias sociais foi tomado por um ódio sem precedentes. Teve pai brigando com filho, casal desfeito, amigos sem se falar. Timelines ficaram insuportáveis. Fora os boatos, que tomaram conta dos feeds de notícias. Ficou difícil saber o que era fato e o que era invenção de militantes. Após o anúncio do resultado da eleição presidencial, com a vitória de Dilma Rousseff, imaginava-se uma trégua. Não foi o que ocorreu: houve um festival de ofensas e preconceitos aos nordestinos, um show de horror. Usuários acabaram denunciados ao Ministério Público. Surgiu o Tumblr Coxinha S2 Petralha. Com mensagens bem-humoradas, a página foi criada para dar uma mãozinha na recuperação de amizades perdidas. 

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5. A fusão que não houve: Omnicom e Publicis

Um dos grandes fatos do ano de 2013 no mercado de publicidade foi o anúncio de fusão entre o segundo e o terceiro maiores grupos de comunicação do mundo, Omnicom e Publicis, que criaria um gigante com valor de mercado de US$ 35 bilhões — novidade anunciada com pompas na elegante sede do Publicis, em Paris. Em 8 de maio de 2014, um comunicado informava que o acordo estava desfeito, após gastos de US$ 100 milhões em trâmites, uma série de disputas internas por cargos, e dificuldade de se obter aprovações fiscais e regulatórias. As consequências foram mais pesadas para o Publicis, que, além de precisar lidar com as provocações de Martin Sorrell, CEO do WPP, que continua sendo líder de mercado, teve de manter Maurice Lévy no cargo de CEO até 2017, quando terá 75 anos. A holding ainda não tem um nome claro para a sucessão e o problema teria sido solucionado com a fusão. Além disso, os resultados financeiros do Publicis ficaram abaixo das expectativas nos trimestres seguintes, e alguns analistas de mercado começaram a questionar se o grupo tinha uma estratégia clara para o longo prazo. A compra da Sapient e o sinal de caminho ao digital acalmaram os ânimos.

6. Ainda a questão da privacidade

O vazamento de fotos nuas da atriz Jennifer Lawrence, musa de filmes como Jogos Vorazes e Trapaça, levantou novamente a discussão sobre a questão da privacidade em agosto deste ano. A divulgação de imagens da estrela, entre outras cenas de sua vida privada, mostrou mais uma vez que o assunto está longe de definição. Um hacker invadiu o iCloud e por meio da ferramenta que armazena informações na nuvem criada pela Apple teve acesso a imagens da atriz e de mais uma centena de famosas. A gigante do mercado digital não ligou o erro a uma falha de seu serviço, mas incrementou a segurança do iCloud após o vazamento. Outras atrizes já passaram por situações semelhantes nos últimos anos, entre elas a americana Scarlett Johansson e a brasileira Carolina Dieckmann. O episódio que afetou esta última levou à criação no Brasil da Lei Carolina Dieckmann, que classificou como crime a invasão de aparelhos eletrônicos para a obtenção de dados pessoais.

7. Cielo contra Cielo

Em uma iniciativa considerada inusitada por muitos, que levou até a piadas na internet, o nadador César Cielo entrou em 2012 com um processo contra a marca de meios de pagamento eletrônicos Cielo, questionando o uso de seu nome. Para o atleta, que foi garoto-propaganda da Cielo em 2010 quando a empresa deixou de assinar Visanet para assumir a denominação atual, a empresa teria se apropriado indevidamente do seu nome para promover produtos e serviços. Em outubro, foi divulgado o primeiro veredito do processo. Em uma decisão tomada em primeira instância pela juíza Marcia Maria Nunes de Barros da Justiça Federal do Rio de Janeiro, a empresa foi condenada a alterar o seu nome em 180 dias sob pena de multa diária de R$ 50 mil. Mas ela decidiu recorrer desta decisão. A alegação é de que a marca Cielo foi registrada meses antes do contrato de publicidade com o atleta de mesmo nome ter sido firmado, para que ele fosse a estrela de uma campanha assinada pela Y&R. O processo deverá ter novos capítulos em 2015.

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8. As emoções de Roberto e Friboi

A paixão e o desenlace fulminantes entre Roberto Carlos e Friboi bem poderiam ser enredo para a voz mais popular do País, que já cantou a “mentira sincera” e tantos outros versos hoje no imaginário dos brasileiros. Antes tido como vegetariano, no primeiro encontro ele nem a tocou, apesar de garantir que era “pra ficar”. Apesar da chuva de críticas ao filme da Lew’Lara\TBWA, ele prometeu que a levaria ao seu tradicional cruzeiro marítimo, à turnê em Las Vegas, depois iriam à Itália. Mas ela usou a música "Como É Grande o Meu Amor por Você" de um jeito que o Rei não gostou. Azedou. Ela voltou definitivamente para o cabeludo das novelas e ele afogou as mágoas em churrascaria que serve outra marca. Discretamente, Roberto e Friboi encerraram com acordo judicial em novembro a relação iniciada em fevereiro. Do que era para ser um casamento de R$ 45 milhões, sobrou a dor de cotovelo e o mico do ano nas campanhas publicitárias brasileiras.

9. Diversão sitiada

Começou como um encontro de jovens e acabou em confusão e questionamento sobre as opções de lazer de São Paulo. No final de 2013, adolescentes de zonas periféricas da capital usaram a internet para marcar visitas a centros comerciais. Em 8 de dezembro, o chamado “rolezinho” reuniu cerca de seis mil jovens no Shopping Itaquera, zona leste. Com medo, lojistas fecharam mais cedo os estabelecimentos. A polícia foi acionada e houve confronto. Os participantes não se intimidaram e continuaram arquitetando novas edições do encontro em outros shoppings da cidade, em janeiro. Novamente, eles geraram enfrentamento com as autoridades. Alguns lugares como Shopping Campo Limpo e JK Iguatemi entraram com ações na Justiça para vetar rolezinhos em suas dependências. A proibição, no entanto, causou polêmica: se um grupo de jovens de áreas abastadas da cidade estivesse por trás das reuniões seria tratado da mesma forma? Os rolezinhos também levantaram a discussão sobre consumismo e a necessidade de inclusão desses jovens em espaços de lazer gratuitos.

10. O povo não curtiu

Por meio de uma pesquisa feita em 2012, o Facebook comprovou que o conteúdo lido na rede social interfere no humor das pessoas. No entanto, foi a falta de maiores informações sobre o modo como esse estudo foi realizado que deixou usuários, acadêmicos e advogados irritados este ano. Uma tempestade de críticas caiu sobre Mark Zuckerberg e sua equipe por não terem informado com clareza que cerca de 700 mil usuários selecionados para o experimento teriam seus feeds de notícias manipulados. Após a repercussão negativa, Sheryl Sandberg, COO da rede, se desculpou pelo ocorrido e afirmou que não houve intenção de chatear os envolvidos. O trabalho, publicado em março pela revista científica Proceedings of National Academy of Sciences, era parte de uma pesquisa que companhias utilizam para testar diversos produtos, Sheryl, em Nova Délhi. Em outubro, o Facebook se posicionou novamente para afirmar que irá adotar uma série de procedimentos formais em seus novos experimentos.

Colaboraram Alexandre Zaghi Lemos, Felipe Turlão, Mirella Portiolli, Raissa Coppola e Teresa Levin 

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