Opinião: Faça alguma coisa!

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Comunicação

Opinião: Faça alguma coisa!

Este ano vai ser igual ao ano passado, só que diferente. As mudanças vão continuar acontecendo, só que mais aceleradas


21 de janeiro de 2015 - 9h54

*Por Mauro Cavalletti

Todo começo de ano, na hora de fechar minhas metas, ouço uma voz perturbadora, me cobrando: faça alguma coisa! Não é que eu esteja fugindo infinitamente de algum problema não resolvido. Essa voz existe para me lembrar que, ano após ano, as transformações em tecnologia continuam desafiando as estruturas da indústria de comunicação e que o único jeito de viver esse momento é com a mão na massa, atolado na lógica da ordem em construção. Criar fazendo. Nada de novo nisso, mas o pensamento continua relevante já que na propaganda ainda não nos ajustamos totalmente ao passo da mudança e continuamos falando mais que fazendo. É conversa velha. Por isso, a voz não me abandona.

Bem, caro colega, com toda leveza, me dê licença para replicar aquela voz por um momento: faça alguma coisa! Você está em uma indústria criativa, seja você também a mudança. As agências estão forradas de oportunidades para quem quer colocar a mão na massa e criar com tecnologia. A temporada de festivais se aproxima. Com ela vem a inspiração e a urgência em executar ideias genuínas. Por que não usar a chance para experimentar criativamente uma plataforma nova? Fazer algo que funcione de verdade dá um pouco de trabalho, mas vai te colocar dentro de uma estrutura de pensamento variante. Garanto que a agência e seus clientes vão adorar uma boa ideia fora da caixa.

Se a sua agência já experimentou bastante e conseguiu matar a bola da tecnologia no peito, não deixe a energia baixar. Monte um time ninja, experimente sistematicamente, eleve o sarrafo e crie novas oportunidades de negócios. Quanto mais você faz, mais você entende, mais seus clientes percebem, maior a rede de conexões que você cria. O segredo é estabelecer um círculo virtuoso que coloque você, agência e clientes cada vez mais dentro do movimento de transformação.

Se a dinâmica da agência não está dando conta de seu impulso investigativo, tome uma atitude e faça alguma coisa por sua carreira. Procure um workshop, um evento ou uma tribo criativa cujo foco esteja em fazer fazendo. Use seu tempo pessoal com atividades que tragam um pouco de medo. Tem muita coisa em movimento e você vai descobrir/criar mundos interessantes.

Se a sua carreira já estourou, viralizou, foi reconhecida e premiada, melhor ainda: faça alguma coisa diferente. Com certeza existe uma tecnologia nova que te atrai — desmonta, reinventa, subverte. Construa alguma coisa fora do normal e sinta aquela energia do desafio correr mais uma vez nas suas veias. Já que você tem a atenção e respeito dos seus pares, que tal fazer neste ano alguma coisa fora do seu quadrado, com impacto social de verdade? A cidade está cheia de problemas em busca de solução, da poluição eterna à falta de água repentina. Você lidera e nós fazemos juntos, conte comigo. Com tanta mudança radical em produção, quem sabe resolvemos um problema gigante. Muitas vezes um simples aplicativo pode responder a comportamentos emergentes e catalisar mudanças extremas.

Afinal, este ano vai ser igual ao ano passado, só que diferente. As mudanças vão continuar acontecendo, só que mais aceleradas, mais profundas, mais disruptivas. Experiências inesperadas vão continuar apagando estruturas sólidas, com maior frequência e velocidade. Tem sido assim ano após ano e quem ainda não se mexeu o suficiente melhor tomar logo uma atitude para não perder a festa. Aposto como você gostaria de viver o movimento de dentro para fora. Como indústria criativa, temos a oportunidade de construir, nós mesmos, parte dessa realidade mutante.

Então, vem uma segunda voz, companheira daquela outra, que diz: é isso aí, mantenha a calma e continue fazendo. E, assim, vou seguindo o ano, ouvindo vozes e fazendo coisas.

* Mauro Cavalletti é Head de Digital da J.Walter Thompson. Ele escreve mensalmente para o Meio & Mensagem. Este artigo está publicado na edição 1643, de 19 de janeiro de 2015, disponível nas versões impressa ou para tablets Apple e Android.

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