Não é porque é possível que deve ser feito

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Comunicação

Não é porque é possível que deve ser feito

O poder de segmentação de certos serviços é incrível, mas será que o consumidor está interessado na oferta?


5 de maio de 2015 - 8h19

Por Sylvio Lindenberg

Tenho uma profunda admiração por funcionalidades que respeitam e valorizam a experiência do usuário. Basta olhar o Google e o Facebook para ver como eles levam essa questão a sério em sua forma e navegação. Lembro de já ter passado por uma situação em que um cliente propôs negociar com o Google para ser a primeira marca no mundo a colocar um banner na página inicial do mecanismo de busca. Ele estava convicto e disposto a gastar o que fosse por aquele feito. Por mais genial que aquela campanha pudesse ser, a relevância e a experiência do usuário sempre foram o norte para o maior mecanismo de buscas. Perder isso significaria perder seus maiores valores, que são a credibilidade e a eficiência.

Vejo da mesma forma como o Facebook é cauteloso com os formatos publicitários. A empresa é um banco de dados riquíssimo com informações valiosas de bilhões de consumidores e, por isso, sempre foi muito cuidadosa com seu produto. As mudanças de algoritmo para alcance orgânico de posts têm bastante a ver com isso – e não são motivadas apenas pelo departamento comercial, como muitos pensam.

Alguns veículos e desenvolvedores deveriam se espelhar nesses exemplos e dar maior importância ao tema ou aprender com erros do passado. O Waze, por exemplo, é um aplicativo que erra a mão nesse aspecto. Sou um grande fã do serviço, que já me economizou horas no trânsito e me tirou de caminhos travados, mas também já me deixou furioso com seus banners intrusivos e irrelevantes na hora errada. Não estou interessado no anúncio ofertando um desconto especial do produto ‘x’. Naquele momento, eu estou prestando atenção no trânsito, tentando chegar o mais rápido possível, inteiro e sem multas.

Esse mesmo raciocínio vale para o uso de tecnologias emergentes, como por exemplo as ações de geolocalização. Existe muito buzz em torno do potencial do geofencing via Bluetooth low energy (BLE). A tecnologia está disponível, o poder de segmentação é incrível, mas será que o consumidor está interessado na sua oferta? Ou, eventualmente, ele até pode se interessar, só que não naquele momento ou daquela forma. Esse é um tema delicado para muitas agências e anunciantes, mas é preciso discuti-lo, pois cada vez mais o contexto fará parte da mensagem.

Como disse, basta aprender com os erros e abusos do passado para não repeti-los no futuro. E é fácil lembrar de práticas que morreram pelo excesso para que nunca mais nos deixemos levar pelo deslumbre imediato de uma nova tecnologia: quem tem saudades dos pop-ups e pop-unders? E o que falar das extensões de toolbar com suas tentativas de alterar nossas configurações ou privilegiar resultados alternativos? Ou dos spams e suas ofertas irrelevantes que entopem nossas caixas de mensagem sem piedade?

Diante dessa enxurrada de equívocos, fica o alerta para marcas que buscam a inovação a qualquer custo e a ampliação dos pontos de contato sem preocupação com o interesse dos usuários. No mundo que caminha para a internet das coisas, nossa exposição é cada vez maior e não faltam meios para recebermos aquela infame mensagem vendendo um plano de saúde ou com uma oferta de Viagra…

Sylvio Lindenberg é diretor de estratégia e integração digital da Salles Chemistri 

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