Ideias simples sobrepõem a tecnologia

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Comunicação

Ideias simples sobrepõem a tecnologia

A simplicidade ganhou mais destaque no Lions Innovation do que as com maior tecnologia


2 de julho de 2015 - 11h53

Por Pete Blackshaw, do Advertising Age (*)

Não achei que fosse possível, mas eu, de alguma maneira, consegui descobrir uma fenda na estrutura do regulamento do Festival Cannes Lions de Criatividade, que defende o desejo do júri.

Aparentemente, existem algumas categorias – effectiveness, health e innovation – por meio das quais os clientes podem juntar-se aos amigos de agências nas bancadas. Então, mergulhei de cabeça no júri de Innovation, categoria relativamente nova que foca na convergência de dados, tecnologia e criatividade.

Amei cada minuto, cada lance. O vasto corpo de trabalho foi surpreendente – o “melhor de todos,” disse o presidente do júri Nick Law da R/GA. Além disso, a deliberação do júri – sempre espirituosa e algumas vezes intensa – poderia ser facilmente rivalizada com os melhores eventos de esporte.

Primeira observação: os organizadores de Cannes são realmente eficientes. Eles monitoram o processo – a votação online, o processo de julgamento – como (amigáveis) tubarões. Existe integridade no processo e o staff é muito bem orientado. Eles responderam e-mails com dúvidas em questões de segundos e sabiam responder todas as perguntas no evento.

Então, como tudo funciona? Primeiramente, trabalhamos com cerca de 180 entradas de todo o mundo por meio de um sistema de votação online. Isso começou há cerca de um mês. O processo de votação online é enxuto e eficiente. Por exemplo, você não poderia votar antes de ver todo o material de apoio. Sem pular anúncios, meus amigos.

Quando chegamos em Cannes, na semana passada, tínhamos 34 excelentes submissões de short-lists. O que é único a respeito da categoria Innovation Lions em relação às outras é que os candidatos devem apresentar os cases no palco. Cada concorrente tem dez minutos para a apresentação, seguido de outros dez para perguntas.

Porém, não se engane. Tempo extra não necessariamente pode ser traduzido em vantagem. A maioria já tinha preparado um vídeo de dois minutos com uma visão geral. Se você falar o que todos já sabem, a sorte pode virar contra você. Alguns concorrentes fortes não sabiam o que fazer com os dez minutos de apresentação.

Assistir às apresentações me lembrou que as possibilidades são infinitas para a inovação. Nós vimos tudo. Aplicações reais de realidade virtual – do Oculus a ideias malucas de utilização de smartphones – estavam fortemente presentes. Robôs falantes – incluindo um que lê emoções – passearam pelo palco almejando votos. A segurança era grande. E existiam muito mais aplicações para salvar o mundo do que eu jamais consegui imaginar. Japão e China se destacaram com o número de submissões. Algumas peças, no entanto, não foram aprovadas já que os membros japoneses do nosso júri cordialmente lembraram que a inovação chegou ao Japão anos atrás.

A Luxottica, uma empresa de óculos italiana, patrocinou um app que permite que os pais façam sozinhos o diagnóstico da visão dos seus filhos. Uma startup fundada pela chinesa Baidu levou os rachis (talheres de comida oriental) para outro nível. A BioRanger ajudou a diagnosticar um problema com colheitas em dias e não em semanas ou meses. A australiana Optus criou um radar que ajuda a achar tubarões chamado “Clever Buoy.”

Mas o que realmente falou alto – especialmente entre os grandes ganhadores e, certamente, o ganhador do GP – foi o poder da simplicidade. Na verdade, durante a conferência do júri antes do festival, eu notei que a decisão final do júri representou, na essência, o “triunfo da simplicidade sobre a tecnologia”.

Então, o nosso ganhador do Grand Prix What3Words fornece uma inovação global de localização que pode ser traduzida em três palavras. Então, imagine que você quer entregar produtos ou prestar socorro a alguma favela no Brasil, você simplesmente digita campainha.pontodereferência.pico. Sim, existem grandes dados por trás disso, mas rivaliza com o Google search por causa de sua simplicidade.

Um dos favoritos dentre os jurados, o ganhador de Leão, foi o “Life Saving Dot” da Talwar Bindi que usa o “bindi” – um ornamento de beleza na Índia – para apontar deficiência de iodo.

Então sim, no meio da onda tecnológica, com streams de dados e conexões programáticas dançando à nossa volta, ideias simples importam mais do que nunca. Fundamentos garantem. E resistir é inútil.

No fim, a experiência no júri é incrível – altamente recomendada. Meu único grande arrependimento é que o meu pai, agora um original falecido Mad Men sobre quem escrevi em outra coluna no AdAge, poderia estar aqui para se juntar a mim.

Então, ele estando lá, também poderia me lembrar sobre princípios. “Filho, apesar das novidades brilhantes por aí,” ele diria, “mantenha as mensagens e benefícios simples, limpas e atrativas.”

Realmente.

 

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