Crise: motivação para inovar

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Crise: motivação para inovar

Com coragem de parar e olhar de frente para ela, podemos nos aproveitar dessa parceira improvável para fazer diferente, para romper paradigmas e velhas crenças


13 de julho de 2015 - 1h30

Por Silvana Torres

Escolha um dia da semana. Qualquer um. Pegue o jornal de sua preferência e abra. Se quiser, nem se dê ao trabalho, passe a vista pela primeira página mesmo. E depare-se com as manchetes alarmantes que vêm estampando todos os veículos no Brasil: inflação de 8,4% em 12 meses, a mais alta em 11 anos, aponta o IBGE; IPCA com taxas de 3,8% ao ano; nível de desemprego subindo e atingindo o índice de 7,9%, apenas nos três primeiros meses de 2015; operação Lava-Jato; escândalo da Petrobras…

“Ah, cansei de notícia ruim. Vou assistir um pouco de TV”, dirá, talvez, o leitor, decepcionado com tantas más notícias. Desculpe amigo, mas o show de desgraças vai continuar no “jornal falado”, que, no seu dever de informar, certamente abordará os esforços do governo em equilibrar as contas. Às custas dos brasileiros, claro! Olha o ajuste fiscal aí, geeente, promovendo um novo carnaval de aumentos! É claro, o cidadão comum é quem paga o pato e a conta do IPI mais alto, do IOF do crédito, os elevados tributos de importação e do combustível. E nem a luz no fim do túnel se enxerga, porque com a alta dos preços da energia elétrica, em exorbitantes 33%, ai daquele que apertar o interruptor. Melhor desligar essa TV.

Mas, se a opção for a internet, prepare-se para os comentários ácidos ou os desabafos das pessoas que descobriram uma nova utilidade para as mídias sociais: pregar o caos na versão 3.0 ou promover um cyberdebate político.

Dizem que nas adversidades há quem chore e há quem venda lenços. Se você estiver do lado dos que choram, então, por favor, concentre suas lágrimas nas represas de São Paulo, na tentativa de amenizar a pane seca que estamos vivendo e que, por falta de planejamento, ameaça a maior metrópole da América do Sul de ficar sem água.

De fato, ela é sedutora. De tempos em tempos, aparece, assola nosso País e, num arroubo de ganância e ímpeto, conduz a todos por seus próprios desígnios. Devasta, corrompe, promove o conflito, a recessão, nos impele a fazer aquele furo a mais no já surrado cinto. Um caso de amor e de ódio com o Brasil, que já tem mais de 500 anos entre idas e vindas. Recentemente, ela demonstrou também suas habilidades em outros campos e andou visitando até a entidade maior do futebol mundial, a Fifa – onde, por acaso, também tínhamos alguns compatriotas no mais alto escalão envolvidos com ela. Yes, nós temos bananas!

Voltando às nossas terras, diante deste cenário, qual a saída para ela, então? Muita gente entende que é o portão de embarque do aeroporto, para tomar o primeiro avião com destino à felicidade. Bye, bye, Brasil. Verás que um filho teu foge à luta, sim!

Entretanto, se tivermos coragem de parar e olhar de frente para ela e soubermos enxergá-la de fato, veremos que ela até tem sua beleza. Mais que isso, perceberemos que podemos nos aproveitar dessa parceira improvável e buscar nela a motivação para inovar, para fazer diferente, para romper paradigmas e velhas crenças.

Tomemos como exemplo o pior e mais longo período de recessão econômica do século XX, a Grande Depressão Americana, que causou altas taxas de desemprego, quedas drásticas na produção industrial, nos preços de ações, no PIB e nos medidores das atividades financeiras em diversos países do mundo. Mesmo ela representou boas oportunidades para alguns países pouco industrializados à época, como Argentina e, pasmem, o Brasil, ao promover a aceleração do processo de industrialização.

Você certamente já se deu conta de que ela é a crise. Nos últimos 20 anos, como empresária, já me deparei muitas vezes com ela. Comecei minha agência em pleno lançamento da URV, seguido do Plano Real, quando a única certeza era a incerteza. E tantas outras vezes tive a oportunidade de estar cara a cara com ela, mais recentemente a tendo como companheira quando surfei as marolinhas, em 2008. Continuei firme, forte e confiante. A fórmula? Acreditar que podemos extrair dela o próprio antídoto para superá-la e sobreviver em meio a esse caos. Afinal, ou ela ou eu!

Silvana Torres é presidente da Mark Up
 

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