O legado de Serpa e Madeira

Luiz Gustavo Pacete
27 de agosto de 2015 - 3h31

No dia 3 de junho de 1993, Marcello Serpa e José Luiz Madeira assumiam o comando da AlmapBBDO em um momento que a agência passava por uma séria crise de mercado e liderança. Assim como iniciaram um ciclo, há 22 anos, juntos, eles também encerraram essa história, na quinta-feira, 27.

Duas décadas depois, Serpa e Madeira deixam um legado para a agência de reputação internacional, qualidade criativa e consistência na construção de marcas como Havaianas. Pepsi, Volkswagen e O Boticário. "Nossa relação sempre foi respeitosa, eles nunca se meteram em mudar a estratégia da marca", diz Márcio Utsch, presidente da Alpargatas, dona da Havaianas.

Para o mercado, uma forte contribuição de criatividade e ousadia em campanhas premiadas internacionalmente. “O Marcello e o Madeira caracterizaram suas vidas profissionais e a AlmapBBDO pelo somatório da boa criação com o bom planejamento”, diz Washington Olivetto, chairman da WMcCann.

A repercussão:

Washington Olivetto, chairman da WMcCann

“O Marcello e o Madeira caracterizaram suas vidas profissionais e a AlmapBBDO pelo somatório da boa criação com o bom planejamento. O afastamento dos dois e o processo sucessório me parece mais um gesto criativo e bem planejado desses dois grandes profissionais”

Márcio Utsch, presidente da Alpargatas

“Eles deixaram de ser apenas prestadores de serviço para se tornarem amigos de confiança. Pessoas de aconselhamento sobre negócios. Amigos para dar risadas. Eles trabalharam com marcas importantes nossas como Rainha, Mizuno e Havaianas. No caso de Havaianas, sempre executaram a estratégia da marca com genialidade e nunca se meteram a mudar essa estratégia. Mas sim, em compreender o que queremos para a marca e a imagem dela no futuro. São pessoas que respeito muito e que deixam uma memória muito forte de confiança, competência e inteligência" 

Nizan Guanaes, chairman do Grupo ABC

“Eu como sou ansioso espero que eles voltem logo. Todo mundo tem direito a um sabático. A contribuição dos dois para a propaganda brasileira e mundial é indiscutível. Eu vou rezar para que esse ano passe logo e voltem a brilhar aqui. O mercado precisa de líderes criativos e o Marcelo é o maior líder criativo. É uma dupla inacreditável”

Joanna Monteiro – Chief Creative Officer FCB Brasil

"Sempre achei o Marcelo Serpa um gigante, o que para alguém do meu tamanho não significaria muito se eu não estivesse falando do trabalho que ele faz. Por isso estou triste. O Marcelo sempre fez muito, muito mesmo, pelo trabalho criativo no mundo todo, não só através da Almap, mas também pela inspiração que essa agência sempre deu para o mercado. Ter gente subindo o sarrafo faz todo mundo melhorar, e o Marcelo faz isso"

Anselmo Ramos, founder e CCO da David buscou uma outra forma de deixar seu depoimento:

Helena: Pai, quem é o melhor publicitário do Brasil, você?
Anselmo: Não filha, é o Marcello Serpa.
Helena: Porquê?
Anselmo: Porque ele é alto, bonito, inteligente, rico, fala alemão, surfa, é o melhor diretor de arte do mundo, tem centenas de leões, e é uma referência mundial na nossa profissão.
(Pausa)
Helena: Pai, você nunca vai ser o melhor publicitário do Brasil.

Anselmo: Passa o sal.

Romeu Andreatta, fundador da Fluir e da agência Almasurf

"Marcello Serpa e Zé Madeira são baluartes da publicidade. Criativos, gestores e meritocráticos formam a dupla mais forte e capaz do mundo. Espero pelas breves notícias dos novos planos e projetos. Ambos ainda têm muito a contribuir para um mundo melhor"

Dulcidio Caldeira, diretor de cena da Paranoid

"Dá para imaginar o tamanho do sorriso do Marcello, daqui a alguns dias, comprando um par de Havaianas numa lojinha chique perto de casa no Havaí. Um sorriso mais do que merecido. Por ele e pelo Zé. Porque a vida vem aos pares. Obrigado aos dois pela inspiração, pelo aprendizado e pelo exemplo"

Alex Miranda, sócio e diretor da Trator Filmes

"O Serpa deixa um legado de respeito e educação. A direção de arte dele brilha em todas as instâncias. Uma vez ele fez uma observação. Com o passar dos anos, os diretores deixam de ter paciência com os novos criativos. Mas esses novos criativos são o amanhã do mercado, eles precisam pegar esses caras no colo, mostrar e ensinar. E esse respeito me inspira"