Opinião: A estratégia hippie

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Opinião: A estratégia hippie

Se em algum momento, a expectativa em relação à estratégia era a de um plano de longo prazo a ser seguido, a verdade é que este conceito de estratégia está morto


31 de março de 2016 - 4h54

Por Laura Chiavone (*)

Pode parecer estranho uma estrategista falar que chegou o fim da estratégia. No entanto, por outro lado, que tipo de profissional teria mais legitimidade para afirmar uma coisa dessas, a não ser um estrategista? Enfim, independente do direito que eu tenho (ou não) de fazer essa afirmação, acho que é um bom começo de conversa.

Sempre foi assim. Trabalhamos em grandes e detalhados planos, anuais ou mesmo planos de cinco anos, que devem ser formulados a partir de dados, evidências e objetivos e que devem ser seguidos ao longo do tempo por diferentes stakeholders. Vamos ser honestos aqui. Você conhece algum plano desses que foi seguido exatamente da maneira como foi concebido? Todos sofrem mudanças ao longo do tempo. Mudanças de budget. Mudanças de prioridades. Mudanças de contexto. E assim, os planos viram uma outra coisa ao longo do tempo, muitas vezes acompanhados da frase de que “tivemos que rever a estratégia”. Se em algum momento, a expectativa em relação à estratégia era a de um plano de longo prazo a ser seguido, a verdade é que este conceito de estratégia está morto.

Quanto mais interações com o mercado nacional e internacional, mais conversas com colegas e mais experiência, mais fica claro que estratégia se transformou em uma habilidade mais difícil porque deve responder a mudanças em tempo real e passa a interagir (ou deveria) com mais intensidade com todos os stakeholders do processo de marketing. Pode parecer bicho-grilo dizer que a estratégia se transformou em algo fluído, mas quando nos deparamos com os desafios que temos de acordo com os hábitos de consumo de conteúdo e mídia das pessoas, me parece bastante razoável a ideia de que temos que lidar com a ideia de testes, ações e reações em tempo real. Isso é muito mais fácil de dizer do que de fazer. Em palestras funciona muito bem, e é muito sedutor. Por outro lado, a mudança cultural implícita nesta nova realidade ainda me parece turva e não simples de ser implementada no dia a dia. E muito embora pareça que eu estou falando sobre a realidade das agências, sinto dizer, estou falando sobre a realidade de todo o nosso ecossistema.

O contexto oferece tantas oportunidades de aprendizado e crescimento, que não acho que devemos enxerga-lo de forma amarga ou pessimista. Tudo vai depender da vontade de reinvenção e da adoção de novas maneiras de pensar. Será que temos que aceitar que a estratégia não funcionou? Ou será que trabalharemos em uma sequência de estratégias de curto prazo a partir de uma visão clara a respeito de onde queremos chegar no futuro? Um jeito mais fluído, beta e flexível de trabalhar. Bem-vindo a era da estratégia hippie.

(*) Laura Chiavone é vice-presidente de planejamento da DM9DDB
 

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