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“Contrate o caráter, treine as habilidades”

A falta de perspectiva e o fardo cultural que estamos deixando de legado para as próximas gerações é algo muito preocupante


29 de setembro de 2015 - 8h00

É difícil encontrar alguém que esteja impassível ao momento que estamos vivendo por aqui. Somos otimistas por natureza. Esperançosos desde sempre. Mas essa crise é diferente das outras. É uma crise de quase tudo, mas, sobretudo, de valores.
Historicamente aprendemos a viver num cenário de crise. Somos testemunhas oculares do quanto são cíclicas. E do quanto é possível sair fortalecido delas. Mas meu ponto aqui é outro.

Se crise é algo momentâneo, que vem e passa, será que vivemos mesmo uma crise de valores? Ou será que a falta de ética, de respeito e de idoneidade já estão incorporadas quase que geneticamente à cultura do País?

Eu tenho uma filha de três anos e essa é a minha maior preocupação. Será que mesmo com toda a blindagem de bons exemplos que tentamos exaustivamente proporcionar aos nossos filhos, eles merecem viver num ecossistema tão corrompido?

Confesso que isso me tira o sono. Essa falta de perspectiva e o fardo cultural que estamos deixando de legado para as próximas gerações é algo muito preocupante. Porque é estrutural, é base para qualquer plano de desenvolvimento de um país.

De todas as falências, essa é a pior: a falência de princípios. Seja manifestada a partir do que vira notícia ou dos cotidianos atos individuais, cada vez mais incorporados ao nosso modo de agir, de pensar, de dirigir no acostamento, de pagar para não pagar.
E se esse contexto me preocupa como pai, me desafia também profissionalmente. As marcas não estão numa bolha. Continuam precisando se conectar com as pessoas e construir relações além da razão. A crise financeira é um obstáculo enorme, mas a crise emocional pode ser ainda maior.

As pessoas estão preocupadas, com baixa autoestima, sem confiança nas instituições. Em momentos como esse, qual é o papel de uma marca? Como entender o contexto e ser relevante? Como construir identificação e conexão emocional?

Aqui não estou me referindo necessariamente à publicidade. É sobre a capacidade das marcas serem inspiradoras e influenciarem positivamente as coisas. É sobre atrair pessoas e fazer negócios não só pelo que se entrega no bottom line, mas também pelo que se representa para a sociedade. Estou falando de valores, de caráter, de cultura corporativa.

Semana passada, participei de um evento emblemático. Lançamos a evolução de nossa cultura para mais de seis mil líderes da organização. E, um momento, em especial, me marcou muito. As pessoas aplaudiram em pé a projeção de um de nossos mantras: “Ética é inegociável”. Claro, uma empresa tratar esse tema de um jeito tão enfático e transparente já seria, em qualquer momento, motivo de orgulho. Mas, nos dias de hoje, tem ainda mais força. Porque gera identificação. “Trabalhar aqui é também uma forma de exprimir o meu ponto de vista sobre algo que está em falta e é importante para mim”.

Cultura corporativa é darwinismo, promove seleção natural. Não deve ser democrática ou servir ao lugar comum. Ela define uma organização e é excludente. Na medida em que é forte e reconhecida, tem, por um lado, a capacidade de atrair e reter pessoas e, por outro, de dar a real oportunidade para que se encontre em outro lugar o que se busca e se acredita.

Essa é uma conversa fundamental em nosso mercado. A entrega de alta performance é premissa. O jeito como se faz as coisas será cada vez mais o diferencial. É que o vai perenizar as relações. É o que vai atrair gente legal.

E aqui reside minha tese. Precisa-se de gente com bons valores. Precisa-se dar oportunidade para gente com bons valores. “Contrate o caráter, treine as habilidades”. Se esse é o desafio do País, também é o nosso, seja como brasileiros, seja como profissionais de comunicação.

Pense bem: se o nosso mercado fosse um país, ele estaria à altura de suas expectativas?

(*) Eduardo Tracanella é superintendente de marketing institucional do Itaú Unibanco e escreve mensalmente para Meio & Mensagem. Este artigo está publicado na edição 1679, de 28 de setembro de 2015.

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