Audiência entre Cris Duclos e Vivo marcada para quinta-feira

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Audiência entre Cris Duclos e Vivo marcada para quinta-feira

Ação que corre na 33ª Vara do Trabalho de São Paulo pode ter acordo entre as partes ou gerar um inquérito formal sobre o “Caso Vivo”


28 de setembro de 2016 - 10h23

Está marcada para esta quinta-feira, dia 29, a primeira audiência judicial do “Caso Vivo”, segundo informa reportagem distribuída internacionalmente pela Reuters.

O caso ganhou novos contornos desde o mês passado, quando a ex-diretora de imagem e comunicação da Vivo, Cris Duclos, acionou na justiça sua ex-empregadora pedindo reintegração de seu emprego e instalação de uma sindicância interna pela empresa.

A ação corre na 33ª Vara do Trabalho de São Paulo e a Reuters a descreve como acusação da ex-executiva de que a empresa teria “plantado notícia de que ela agiu para permitir discrepâncias excessivas de preços em contratos de publicidade”.

A Reuters informa ainda que os advogados das duas partes devem discutir o caso e buscar um acordo. Caso isso não ocorra, o juiz poderá abrir um inquérito formal e, até mesmo, obrigar a Telefônica Vivo a abrir seus contratos de publicidade para uma auditoria.

Entenda o “Caso Vivo”
Desde o dia 21 de julho, a ex-diretora de imagem e comunicação da Vivo, Cris Duclos, e seu marido, o publicitário Ricardo Chester, atual diretor de criação na AlmapBBDO, estão envolvidos publicamente em um suposto caso de corrupção privada contra a empresa de telefonia, que teria sido praticado em conluio com agências de publicidade e outros fornecedores de marketing. Naquela data foi publicada pelo Valor PRO, serviço de notícias em tempo real por assinatura do jornal Valor Econômico, a primeira reportagem sobre o caso, que nas semanas anteriores era um tema bastante comentado nos bastidores do mercado. Diversos blogs e outros veículos de mídia, inclusive do exterior, passaram a noticiar o assunto. Em geral, baseados em informações de fontes informais, publicaram que Cris Duclos foi demitida após o CEO da Telefônica Vivo, Amos Genish – egresso da GVT e no cargo desde maio do ano passado –, ter determinado investigação interna que teria comprovado desvios financeiros em contratos da área de marketing. Algumas reportagens, como as da rádio Jovem Pan e da TV Bandeirantes, disseram que o caso havia gerado rombo de R$ 27 milhões. Chester foi envolvido na polêmica acusado de receber propina através de seu contrato com a Africa, uma das agências que atende a conta da Vivo e onde ele atuou entre 2012 e 2014.

Apesar da repercussão, com exceção de comunicados oficiais lacônicos, nenhum diretor da Telefônica ou de qualquer outra empresa que trabalha com o anunciante falou publicamente sobre o assunto. A única manifestação pública da Telefônica foi uma resposta formal à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que, baseada em reportagem do Valor Econômico, questionou a empresa sobre a auditoria interna. Na resposta, do dia 26 de julho, a área de relações com investidores da Telefônica disse que auditorias e revisões em procedimentos e contratos são “atividades rotineiras”, mas negou qualquer procedimento em curso “com as características referidas” na reportagem do Valor. Sobre a demissão de Cris Duclos, reiterou a “prática de não comentar questões dessa natureza”. Embora o caso tenha continuado na pauta de alguns veículos da mídia, a Telefônica se restringiu ao comunicado à CVM e não quis se pronunciar mais sobre o caso. O mesmo fizeram as três agências de publicidade que atendem a conta da Vivo. Africa, DPZ&T e Y&R assinaram comunicado conjunto, distribuído no dia 29 de julho, que se limitou a repetir a declaração da Telefônica à CVM.

No dia 13 de setembro, Cris Duclos entrou com ação judicial na 33ª Vara do Trabalho de São Paulo contra a Telefônica, pedindo reintegração de seu emprego e instalação de uma sindicância interna pela empresa. No dia seguinte, ela e o marido receberam a reportagem de Meio & Mensagem – no mesmo dia também falaram a outros veículos –, se disseram vítimas de boatos que ferem a reputação de ambos e até impedem a recolocação profissional de Cris Duclos e anunciaram as medidas práticas que tomaram para tentar resolver o caso. Até então, além da executiva ter atendido a reportagem do Valor antes da publicação inicial e de um post conjunto com o marido no Facebook no dia 29 de julho, eles também não haviam falado com a imprensa sobre o caso, que, segundo eles, trata-se de uma “luta pela reputação” do casal.

“Antes de entrar na justiça, nós tentamos negociar amigavelmente com a Vivo. Os advogados ficaram semanas conversando, para que a Vivo se pronunciasse. Pedimos simplesmente uma declaração da empresa. Como não conseguimos, entramos com um pedido de liminar. Não se trata de uma briga com a Vivo, é um pedido formal, através da justiça, para que haja uma sindicância que eu, ou alguém que o juiz determinar, possa acompanhar. Meu objetivo é que sejam abertos os documentos, para provar que eu não fiz nada errado. Se existe alguma denúncia, alguma irregularidade, eu tenho o direito de saber para o contraditório. Se não houve nada, quero que a empresa se pronuncie. Essa história não foi encerrada, fica parecendo que foi abafada. Eu quero buscar a prova da minha inocência”, explicou Cris.

Para a ex-diretora, o fato da Vivo não negar de forma mais enfática as acusações contribui para o “alastramento do boato”, prejudicando sua reputação profissional e sua recolocação no mercado – segundo ela, pelo menos dois processos seletivos nos quais estava incluída foram interrompidos após o caso. Cris disse que fez diversos contatos com diretores da Telefônica e enviou e-mails inclusive para o CEO Amos Genish, pedindo que eles se pronunciassem publicamente, o que não aconteceu. “O Valor me disse ter ouvido a informação de fontes do alto escalão da empresa”, frisa ela. “Não houve descredenciamento de nenhum fornecedor, de nenhuma agência, não só de publicidade, mas de qualquer disciplina, e não houve nenhum código de ética feito. Se tinha uma irregularidade, um desvio, teria de ter mais alguém envolvido. Só sobrou eu nessa história? Onde está a irregularidade? Com qual fornecedor? Quem da equipe participava? Eu nunca negociava valores, o que era feito pela área de compras. Qualquer contrato da empresa era assinado por dois diretores e autorizado pelo jurídico. É um processo bastante rígido”, disse Cris.

Na entrevista do mês passado ao Meio & Mensagem, o casal também falou sobre outras duas acusações contra eles. Sobre a compra de um terreno no o condomínio Fazenda Boa Vista, no interior de São Paulo, que, segundo um blog, teria custado R$ 4 milhões pagos em espécie – fato que teria gerado a desconfiança do CEO da Telefônica Vivo, Amos Genish, que possui casa no mesmo local. Segundo Cris, o casal de fato comprou um terreno de 3 mil metros no condomínio, em outubro do ano passado, por R$ 1,6 milhão pagos com cheque administrativo, e incluiu a aquisição nas respectivas declarações de imposto de renda.

Sobre a acusação de ter sido contratado pela Africa após a agência vencer uma concorrência da Vivo, por salário acima do mercado, Chester diz que quando chegou à agência a conta já estava lá há anos. “Não tive salário milionário e coloquei duas condições para ir para a Africa: que a Vivo fosse consultada para saber se havia alguma restrição, porque a última coisa que quero na vida é atrapalhar a carreira da Cris, e que eu, em hipótese alguma, trabalhasse em campanhas para a empresa”.

Além do processo judicial, Cris e Chester contrataram a auditoria financeira Grant Thornton, para analisar os seus ganhos e movimentações financeiras nos últimos cinco anos. “É uma iniciativa nossa para deixar claro que não temos absolutamente nada a esconder. Que o nosso patrimônio é compatível com o de um casal que guarda dinheiro há vinte anos. Contratamos a quinta maior auditoria do País, a fim de provar que não temos o produto desse absurdo dos R$ 27 milhões. Eu e minha mulher somos vítimas de uma coisa muito cruel. Temos provas de que somos vítimas de uma armação, cujos interesses nós desconhecemos. E, mais ainda, é uma coisa absurda que tudo isso seja comentado e até hoje não exista uma denúncia oficial, não há a cara de quem está falando isso, as três agências que atendem a Vivo continuam trabalhando para o cliente, que não reclama nada. Mesmo assim, as pessoas acreditam na boataria. O veneno circula, e nós não fizemos nada. Ter que falar da própria inocência é muito doloroso. A calúnia é muito danosa, nossa vida está de ponta cabeça e nós temos medo da perspectiva de futuro”, disse Chester. “Com a auditoria, que leva 15 dias, queremos provar que não houve recebimento de nenhum dinheiro ilícito. Nem R$ 1 mil, nem R$ 27 milhões”, acrescentou Cris. O casal está sendo assessorado pela Peixoto & Cury Advogados e pela Giusti Comunicação.

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