Em acordo com o Instituto Alana, a Nestlé decidiu reformular a Copa Nescau
A Nestlé entrou em um acordo, na última semana, com o Instituto Alana, para reformular as ações da Copa Nescau em ambientes educacionais. A Copa Nescau era realizada em espaços como os Centros de Artes e Esportes Unificados (CEUs) e o ginásio poliesportivo do Pacaembu. De acordo com Isabella Henriques, diretora de Advocacy do Instituto Alana, ficou combinado que ocorrerão mudanças na ação que inclui a não realização da Copa Nescau em espaços relacionados à educação. “É uma medida importante tendo em vista que ações de marcas em ambientes escolares não são saudáveis”, diz Isabella.
A conversa ocorreu dias após o Alana notificar a empresa, em janeiro, para comunicar a abusividade do direcionamento de comunicação mercadológica às crianças. “O patrocínio e a promoção dos eventos esportivos dentro do ambiente escolar, que deveria ser um espaço livre de publicidade, são apresentados como ações que teriam, supostamente, o objetivo de estimular a prática de atividades físicas e a adoção de hábitos alimentares saudáveis pelas crianças e seus familiares. No entanto, o uso da linguagem lúdica e do entretenimento, que permeia profundamente o universo e o momento da infância, demonstra a opção da empresa de direcionar sua mensagem ao público infantil”, diz Isabella Henriques.
Em nota ao Meio & Mensagem, a Nestlé não foi específica ao comentar o acordo, mas reforçou que a Copa Nescau não fere nenhuma norma, inclusive, ressaltou seu compromisso com o tema. “Anunciamos, em dezembro de 2016, em conjunto com outras dez empresas globais do setor de alimentos e bebidas não alcoólicas, o compromisso pela publicidade responsável para crianças, com diretrizes de comunicação que reforçam a Política Global de Comunicação de Marketing para Crianças da International Food & Beverage Alliance – IFBA, adotada pela primeira vez em 2009 – e atualizada em 2014”, diz a Nestlé.
“Particularmente no que diz respeito à realização da Copa Nescau, a Nestlé esclarece que a iniciativa foi realizada de acordo com todas as autorizações e requisitos legais. Vale destacar que a iniciativa foi criada com objetivo incentivar a prática esportiva entre os jovens, para destacar a importância do esporte como ferramenta fundamental para fortalecer os valores individuais e coletivos, tão importantes para a vida em sociedade”, diz a empresa em nota.
Se cumprido, o acordo entre Nestlé e o Instituto Alana será mais um gesto da indústria de impedir ações de marcas em ambientes escolares. Em junho do ano passado, Coca-Cola Brasil, Ambev e PepsiCo Brasil anunciaram o ajuste do portfólio de bebidas vendidas às cantinas de escolas no país. Para as escolas para crianças de até 12 anos ou com maioria até essa idade, deixou de ser vendido refrigerante.
