Black Friday: pare, pense e (não) compre

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Black Friday: pare, pense e (não) compre

Especialista em finanças e autora de livro sobre consumo, Carol Sandler dá dicas para resistir às tentações da data e fazer compras conscientes


24 de novembro de 2017 - 10h43

(Crédito: Reprodução)

Após uma semana bombardeados por e-mails marketing, anúncios na TV, banners na internet, vídeos do YouTube e dicas das redes sociais, os brasileiros, finalmente têm a sua disposição as inúmeras ofertas da Black Friday. Conforme a data norte-americana vai se consolidando no calendário do comércio nacional, maiores são as ofertas e promoções que, em uma análise superficial, parecem imperdíveis. Mas até que ponto vale a pena colocar a mão no bolso e ceder aos apelos de consumo da sexta-feira das ofertas?

Na opinião de Carol Sandler, especialista em finanças pessoais e autora do recém-publicado livro Detox das Compras, a Black Friday é um prato cheio para que a sociedade dê vazão à ânsia desenfreada por consumo — algo que, na era da internet e das redes sociais, fica ainda mais difícil de ser controlado. “A decisão de compra está inteiramente relacionada à questão emocional. Criamos um leque imenso de desculpas e justificativas para validar aquele ato. Frases como ‘eu mereço’, ‘eu trabalho tanto’, ‘vou me fazer um agrado’ ou ‘vale a pena porque está em promoção’ são usadas pelo subconsciente para nos tirar a culpa daquela compra que, em muitos casos, não teria necessidade de acontecer”, conta a escritora.

Estudiosa de teses de economia comportamental, Carol  que é fundadora da plataforma Finanças Femininas reconhece que a Black Friday tem o poder de aguçar os ímpetos de consumo por trazer às pessoas a ilusão de bons negócios. “Mais do que comprar, o ser humano gosta de ter a sensação de que aquela negociação foi bem-sucedida. Quando vemos uma mensagem promocional da Black Friday, de que algo será vendido por 50%, 80% de desconto, nosso cérebro imediatamente processa que aquela negociação é satisfatória e que, ao comprar, sairemos ganhando porque vamos economizar”, explica. Segundo ela, a publicidade e a avalanche de mensagens que exaltam os descontos têm papel importante na construção desse pensamento.

Internet e consumismo
Se o comércio físico já dispõe de tentações suficientes para o consumo, as mídias digitais e as plataformas de e-commerce, que colocam produtos e serviços a um clique de distância — tornam os impulsos ainda maiores. A compra online, segundo Carol, gera um efeito psicológico que torna mais difícil para o consumidor discernir o que cabe e o que não cabe no bolso. “Quando fazemos uma compra em uma loja, pagando em dinheiro, é mais fácil sentir a ‘dor’ daquele pagamento. As facilidades de cartão de débito e crédito já tiraram muito dessa sensação. E com a internet então, tudo se tornou ainda mais fácil porque, em muitos casos, não é necessário nem digitar o número do cartão. É uma operação que transmite a falsa sensação de que a pessoa não está gastando dinheiro”, comenta.

 

“Comprar pela internet dá a falsa ilusão de que não estamos gastando dinheiro”, comenta Carol Sandler (Crédito: Divulgação)

Além das dívidas e complicações financeiras, a escritora alerta que um dos principais malefícios do consumismo é o efeito da felicidade efêmera. “Diversos estudos já comprovaram que o prazer de comprar é maior do que o prazer de desfrutar aquele bem. Não são raros os exemplos de pessoas que adoram sair para comprar roupas, por exemplo, e depois deixam as peças esquecidas na gaveta. Uma pesquisa do SPC mostrou que 47% dos brasileiros já compraram algo que não utilizaram. Isso gera uma cadeia de desperdício e uma cultura de acúmulo na sociedade”, pontua.

Como sobreviver à Black Friday
Apesar de alertar para os riscos do consumo desenfreado, a especialista em finanças é defensora da Black Friday como uma oportunidade de fazer compras interessantes. Para isso, ela fornece três dicas para quem deseja aproveitar as promoções sem receber surpresas desagradáveis no cartão de crédito no mês seguinte. Confira:

Lista
“Antes de pesquisar qualquer coisa, anote os itens que realmente esteja precisando. Isso vai ajudar a mapear as necessidades maiores e evitar a aquisição de itens desnecessários.”

– Facebook
“Evite entrar nas redes sociais nessa sexta-feira. A enorme quantidade de anúncios, spams e mensagens de amigos podem induzir ao que chamamos de efeito de manada, que é quando a pessoa se sente impulsionada a comprar algo apenas porque as outras pessoas também estão fazendo compras.”

– Pausa para um café
“Se decidir comprar algo pela internet, faça várias pesquisas de preços e, assim que encontrar algo que pareça atrativo, não compre naquela hora. Faça uma pausa de, pelo menos, dez minutos. Vá tomar um café, conversar com outras pessoas e procurar outra atividade. Se após esse tempo a vontade de fazer aquela compra continuar, o desejo é realmente genuíno e a compra deve ser efetuada. Agora, se o tempo passar e a gente até esquecer daquela oferta, é sinal de que a compra teria grandes chances de satisfazer apenas a um impulso.”

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