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“O Brasil é o país mais receptivo à tecnologia”

Uri Levine, criador do Waze e investidor serial, fala sobre o ecossistema de inovação em Israel e a importância do mercado brasileiro no consumo e produção de tecnologia


20 de fevereiro de 2018 - 10h22

 

Uri Levine em evento da Tech Crunch (Anthony Harvey/Getty Images for TechCrunch)

Por Luiz Gustavo Pacete, de Tel Aviv*

“Eu não seleciono. Eu crio”. Com essa frase em uma de suas respostas ao Meio & Mensagem, Uri Levine, investidor serial e cofundador do Waze, vendido para o Google em 2013 por US$ 1,1 bilhão, define parte de sua personalidade como investidor: de apostar em startups que nasçam sob a premissa de serem globais e escaláveis.

Atualmente, Levine mantém investimentos em oito startups, sendo que duas delas possuem operação no Brasil como o guia de transporte público Moovit e o Engie, app que funciona como uma espécie de mecânico virtual. Além disso, Levine aposta na fintech FeeX, a plataforma de crédito ao varejo Zeek, a empresa de viagens FairFly, a de saúde LiveCare, a agrícola SeeTree e o marketplace de hotéis Roomer . Ele também mantém participação no próprio Waze.

Em uma conversa com o Meio & Mensagem, em Tel Aviv, posteriormente complementada por e-mail, Levine ressalta o aprendizado trazido pelo Waze em sua dinâmica de investidor, explica o que ele entende por pensamento exponencial e publicidade como modelo de negócios. “Se o serviço possui alta frequência e volume de uso e tempo prolongado, a publicidade é um modelo de negócio coerente”, afirma.

 

“O sistema militar obrigatório ajuda jovens em termos de disciplina e pensamento estratégico”

Meio & Mensagem – O Waze tornou-se algo muito diferente daquilo que você projetou? Ter publicidade como pilar de negócios, por exemplo, era um objetivo?
Uri Levine – O Waze tornou-se exatamente o que esperávamos dele desde o primeiro dia: um app que ajudasse a resolver o problema de mobilidade das pessoas em grandes cidades. Em relação à publicidade, se o serviço possui alta frequência e volume de uso e tempo prolongado, é um modelo de negócio coerente. Existem outras razões pelas quais o anúncio é um bom modelo comercial no caso do Waze. Por exemplo, quando um usuário sinaliza o interesse em determinado lugar que pode indicar que ele precisa de um produto ou serviço.

M&M – Como o processo de crescimento e venda do Waze o ajuda, atualmente, no investimento serial em outras plataformas?
Levine – Um dos grandes aprendizados com o Waze foi, certamente, a correlação entre uma dor e a criação de valor em cima disso. Toas as minhas startups se baseiam nas premissas de: resolver grandes problemas, ter equipes de alto valor e ter lideranças que saibam conduzir todo esse ecossistema. E o Waze teve um papel muito forte neste processo.

M&M- O que você acha do Brasil como mercado de consumo? Ele está no radar dos grandes investidores?
Levine – Gosto do mercado brasileiro, é um mercado muito grande e o país mais receptivo à tecnologia. Tenho sido bem-sucedido em todas as startups com a qual opero lá como a Moovit e a Engie. Certamente, o Brasil está no meu radar e de outros grandes investidores.

“Gosto do mercado brasileiro, é um mercado muito grande e que aceita a tecnologia muito bem”

M&M – Israel é conhecido por seu potencial em gerar grandes êxitos de inovação e tecnologia, quais os elementos que tornaram o país com esse perfil?
Levine – É uma combinação de muitas coisas. Creio que a forma como se encara o fracasso, por mais óbvio que pareça, faz toda a diferença. Criou-se também um ecossistema que motiva a vinda de investimentos ao nosso país. Por exemplo, se um investidor brasileiro quiser fomentar startups em Israel ele não pagará impostos. Além disso, temos questões bem particulares como, por exemplo, o sistema militar obrigatório que ajuda jovens a amadurecerem e criarem uma disciplina em sua jornada. Por fim, Israel, como mercado consumidor, é pequeno, são quase 9 milhões de habitantes, o que força as startups pensarem globalmente a partir do primeiro dia de sua existência.

 

Trânsito em Tel Aviv, uma das inspirações para a criação do Waze (Luiz Gustavo Pacete)

M&M – Fala-se muito sobre exponencialidade atualmente, o que você acha deste conceito?
Levine – Sempre que me perguntam sobre exponencialidade eu prefiro usar os números como exemplo. E qualquer uma das oito startups que invisto utilizam essa premissa. O que é preciso para ter exponencialidade? Primeiro, seu serviço pode contar com um boca a boca para crescer? Ele consegue evoluir adicionando recursos conforme o aumento do uso? De que maneira ele consegue atrair mais clientes de forma rápida? Como os primeiros usuários podem convencer e atrair novos usuários e, por fim, tudo isso permitirá um crescimento de cinco a dez vezes em um período de um ano?

“Na maioria dos casos, eu começo minhas próprias startups com a seguinte conta: encontre a equipe certa e, em seguida, financie esse time”

M&M – Como é ser um investidor em uma área com tanta inovação? Qual o desafio de escolher e decidir quem poderá ser o próximo Waze?
Levine – Eu não seleciono. Eu crio. Na maioria dos casos, eu começo minhas próprias startups com a seguinte conta: encontre a equipe certa e, em seguida, financie esse time. E eu estou fazendo isso cada vez mais com os investidores que estão comigo.

*O repórter viajou a convite da HP

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