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Como adaptar tendências à realidade brasileira?

Apesar de ainda se espelharem nos insights dos mercados internacionais, marcas não podem desprezar as características do País para mapear os consumidores do amanhã


14 de agosto de 2018 - 10h26

(Crédito: Reprodução)

Há tempos as grandes marcas já descobriram que satisfazer seus clientes momentaneamente não é garantia de sucesso perene. Por ser uma atividade social, o ato de consumir é algo em constante transformação, que muda e se transforma com todas as variáveis que movimentam a sociedade. Conseguir identificar quais são essas próximas ondas que irão impactar os impulsos que induzem as pessoas a comprar é o objetivo das pesquisas e estudos de tendências realizados em todo o mundo.

Por terem sido desenvolvidos em mercados mais maduros, os estudos e pesquisas de tendências acabam, em muitos casos, feitos com bases em uma realidade que difere daquela vivenciada pelos consumidores brasileiros. “Estamos acostumados, por hábitos do próprio mercado, a considerar inovador só o que vem de fora, em especial dos países de primeiro mundo. Ficamos conhecendo o conteúdo de tendências e seu uso dentro dos departamentos de marketing e inovação via empresas estrangeiras, que não costumam adaptar seu conteúdo para o Brasil”, analisa Rebeca de Moraes, sócia-fundadora da Aurora, consultoria que chegou ao mercado recentemente com a proposta de auxiliar marcas e agências a adaptarem os insights de mercado aos hábitos, estilo e bolso dos brasileiros

Rebeca de Moraes, da Aurora: “Estamos acostumados, por hábitos do próprio mercado, a considerar inovador só o que vem de fora” (Crédito: Divulgação)

A percepção de Rebeca sobre a valorização dos mercados internacionais nas análises de tendências é corroborada por Douglas Renosto, líder do núcleo de insights da FutureBrand São Paulo, que aponta que centros de consumo como Londres e Nova York ainda são os maiores influenciadores dos insights que chegam ao mercado. “Os principais bureaus de pensamento com foco em tendência possuem base de operação nestas cidades, o que leva as tendências mapeadas carregarem inspirações destas localidades”, argumenta Renosto.

Apesar de atestar que essas cidades de primeiro mundo ainda são usadas como base para o estudo comportamental, o profissional da FutureBrand já vê o início de uma mudança. “Aos poucos, o mercado de tendências de consumo já começa a olhar regiões até então pouco exploradas. Cada vez mais vamos ver empresas bebendo de outras fontes de inspiração, voltando seus olhares para mercados emergentes na África, Ásia e América Latina”, aposta.

Debruçar-se sobre as tendências de mercado com atenção e fazer os cruzamentos desses dados com o perfil e estilo dos consumidores brasileiros é fundamental para que uma marca consiga transformar um estudo de mercado em uma ferramenta efetiva para impulsionar seus negócios. O ato de “tropicalizar” um insight passa, inclusive, pela escolha do público que servirá como base para estudos e definições de comportamento de mercado. Na opinião de Rebeca de Moraes, um erro comum que as marcas cometem ao utilizar tendências de mercado baseadas em insights estrangeiros é o uso dos early adopters como parâmetro. “Quem se baseia pelos betas, aquele público que é o primeiro a adotar novas tendências de comportamento acaba se baseando em um perfil que aparece mais fora do Brasil”, explica a especialista.

Douglas Renosto, da FutureBrand: ” Cada vez mais vamos ver empresas bebendo de outras fontes de inspiração, voltando seus olhares para mercados emergentes na África, Ásia e América Latina” (Crédito: Divulgação)

Para conseguir ter uma noção mais real da aplicação de tendências, a consultoria Aurora criou o termo gama para definir um tipo de consumidor que considera interessante paras as marcas. “Os gamas não são os primeiros a comprar o novo iPhone, por exemplo, mas também não são aquele grupo que só conhece a tecnologia quando ela chegou ao mainstream. Eles estão entre um ponto e outro: conhecem as novas tecnologias e tendências, mas reconhecem que nem sempre aquilo condiz com sua vida ou com sua realidade, mas que consegue adaptar, remodelar e usar aquela ideia do seu jeito”, explica Rebeca.

Saber adaptar uma tendência ao seu estilo de vida é algo que difere os brasileiros dos consumidores de outras mercados e as empresas precisam levar essa característica em consideração, na opinião de Douglas Renosto. “As construções sociais, culturais e econômicas do brasileiro já nos diferem de outros mercados. O Brasil é um país multifacetado e multicultural e tais fatores impactam diretamente a forma como o brasileiro consome e se relaciona com as marcas”, diz o porta-voz da FutureBrand.

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