A era do throwback anos 90

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A era do throwback anos 90

Apoiadas na nostalgia do público, veículos e marcas resgatam moda, produtos e ícones de décadas passadas


8 de janeiro de 2019 - 6h00

Em 29 de janeiro, a Globo estreia a novela Verão 90, que substituirá a atual novela das sete, O Tempo Não Para. A trama, como o nome induz, se passa nos anos 1990, mais especificamente no Rio de Janeiro, e trata de um romance musical em que um trio de um extinto grupo dos anos 80 se reencontram crescidos e com diferenças mal-resolvidas. A ambientação, embora não proposital, como informa Paula Amaral, que é roteirista da novela junto com Izabel de Oliveira, vai ao encontro de uma tendência cada vez mais forte nos últimos dois anos: a retomada das décadas de 80 e 90.

Os anos voltaram na moda — em tendências como pochete, camisas com logo estampado, acessórios grandes, minimalismo e conforto — e em séries, como Stranger Things, Glow, Oaks e outras. E agora, conforme adianta Luiza Loyola, especialista da WGSN, atualmente a moda está sendo relida com base nos anos 2000.

Apesar do resgate à outras épocas não ser algo exclusivamente aplicada ao momento atual, fica claro que a volta dos produtos ou marcas que fizeram sucesso em décadas passadas está cada vez mais intensa e em alta. A Adidas lançou uma coleção inspiradas nos anos 1970, 1980 e 1990 em outubro deste ano. No mesmo segmento, a New Balance lançou o Modelo 1600, calçado que foi sucesso de vendas na década de 1990. A Rider relançou seus primeiros modelos, de 1970 e 1980. A Blizzard, em parceria com a Nerd ao Cubo, também resgatou o StarCraft, jogo lançado em 1998. Além disso, Ocean Pacific aproveitou o momento para relançar a marca no Brasil, já que fez sucesso por aqui entre 1980 e 1990.

“Antes, o ciclo de retomada das décadas era de 40 anos. Hoje, está cada vez mais rápido. As lojas já estão retomando a moda de 2000. Isso acontece por três fatores principais: o primeiro é o excesso de informações na nossa era digital. Para combater esse excesso de informações e notificações, nós buscamos o conforto dos tempos em que a tecnologia não era tão desenvolvida. O segundo fator é a velocidade com que as coisas são lançadas hoje em dia. Tudo fica muito obsoleto e nós sentimos saudade do antigo. E por fim, outro fator importante  é a insegurança econômica, principalmente nesses últimos anos de recessão desde 2008 em que nós passamos a ansiar por momentos mais fáceis e com menos preocupação. É uma forma de escapismo e está cada vez mais intensa por conta da nossa ansiedade”, explica Luiza Loyola, especialista da consultoria de tendências da WGSN.

O retorno a um período sem tecnologia também é uma das premissas da Verão 90. “No início dos anos 90 não existiam celulares, não existia Internet, mas estava em plena ebulição. O mundo mudou completamente de 1990 até 1999. Essa ebulição está presente na novela nos hábitos dos personagens, gírias, acontecimentos e no comportamento característicos da época”, conta Paula Amaral. Apesar disso, a ambientação da série não foi eleita por conta da moda. As roteiristas começaram a trabalhar na sinopse em 2015. “A ideia surgiu junto com a vontade de reviver os anos 90, apesar da trama não estar necessariamente vinculada à essa década. Nossa história poderia estar ambientada em qualquer época, mas decidimos situar nos 90’s por ser uma época muito rica, efervescente, dinâmica e ainda pouco abordada na TV”.

A nostalgia também entrou para a comunicação das marcas. A Cheetos, da PepsiCo, além de relançar o Cheetos Tubo, dos anos 1990, teve uma ação assinada pela AlmapBBDO que os consumidores deveriam mandar um fax para o número da promoção para ganhar um pacote. “As coisas que nos trazem nostalgia têm sempre uma conexão muito forte com o nosso coração“, diz Pernil, diretor de criação da agência. “Acredite: apesar da dificuldade de enviar um fax nos dias de hoje e da edição super limitada de pacotes, o fax do cliente não parou de receber mensagens”, completa.

A comunicação de outras marcas, como a Smirnoff em uma campanha para o Ice, e Budweiser para o Lollapalooza de 2018 comprara os anos 1990 com os atuais. A ideia de Budweiser era fazer um paralelo entre o primeiro Lollapalooza, em 1991, nos Estados Unidos, e 2018 que seria a primeira vez que a marca estaria presente na edição brasileira. “O grande objetivo era encontrar uma conexão verdadeira entre Budweiser e o Lollapalooza. Com isso, além de nos conectar com os jovens, também nos conectamos com as pessoas que vivenciaram tudo isso nos anos 90″, conta Matias Menendez, diretor de criação executivo da Africa.

A nostalgia sempre foi uma ferramenta de marketing popular em tempos de incerteza e ansiedade. Com isso, o marketing de nostalgia está ganhando força, com memórias positivas e autênticas, que trazem escapismo no dia moderno. Hoje, a nostalgia é uma ferramenta de vendas extremamente poderosa. As marcas estão aproveitando o conforto e a autenticidade do passado, reinventando e / ou redirecionando produtos retrô. Para os jovens que buscam experiência, trata-se de viver o presente com o passado – criando novos momentos a partir das memórias”, diz Luiza.

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