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No trabalho, jovens priorizam qualidade de vida

Estudo do Grupo Geometry indica que empresas terão que se adaptar para manter millenials, que não têm dinheiro como prioridade


24 de abril de 2019 - 15h31

Se antes um bom salário era apelo suficiente para manter um funcionário em uma empresa, hoje as empresas têm que repensar essa estratégia. Os jovens colocam outros pesos na balança que mede o melhor lugar para planejar a carreira. A pesquisa “Millenials in Europe and Brazil” realizada online pelo Grupo Geometry/WPP com cerca de duas mil pessoas de 18 a 20 anos, aponta que “qualidade de vida” é o item mais valorizado pelos entrevistas, com 38% das respostas. O segundo é “carreira” (24%). “Dinheiro” está em terceiro lugar e, com 19%, empatado com “contribuição para a humanidade”. 

 

Bens materiais não lideram expectativas no trabalho ou para o futuro (Crédito: Brooke Cagle/Unsplash)

De acordo com o relatório do grupo, o jovem de hoje busca envolvimento emocional quando procura por trabalho. Para David Whittaker, diretor-executivo da Marketdata/WPP, grupo dono da rede Geometry Global, os resultados são um alerta para empresas. Segundo ele, é cada vez mais alta a rotatividade de funcionários mais novos em empresas por conta de insatisfação com valores e propósitos da empresa. “Hoje eles valorizam empresas que os valorizem. Por exemplo, antigamente empresas tinham problema com os hobbies ou trabalhos paralelos dos funcionários e os millennials gostam de estar envolvidos em diversas coisas, valorizando os locais que veem nisso algo positivo”, diz o executivo.

Seguindo esta linha, bens materiais não são as principais aspirações que os entrevistados têm para o futuro. Casa própria (17%) e carros (11%) estão atrás de estudo (21%) e experiência de vida (19%). Projetos sociais e filhos empatam com 13% das respostas. Fama ou ter um canal no YouTube ocupa a última colocação com 6%. Segundo Whittaker, este dado surpreende pois rompe com a ideia de que hoje a maioria dos jovens quer ser youtuber.

Outros insights relevantes, na percepção do executivo, são a preocupação com o meio ambiente e a inteligência artificial. Dos entrevistados, 33% desistiriam de um salário maior ou benefícios para trabalhar para uma empresa mais ecológica, 83% se sentem pessoalmente responsáveis por preservar o ambiente, 84% disseram que odiariam se sua empresa fizesse falsas promessas em relação a preservação ambiental e apenas 8% afirmaram não se interessar pelo assunto. O meio ambiente está entre as três questões que mais preocupam os jovens, junto com aposentadoria e o futuro, conta o Whittaker.

Quanto a inteligência artificial e a automação do trabalho, os entrevistados estão divididos. Metade não acha que a IA irá substituir seu trabalho. Os outros 50% sim, mas apenas 17% deles estão preocupados. No entanto, é quase unânime que a inteligência artificial aumentará a desigualdade no mundo. Essa é a opinião de 76% dos entrevistados. “Eles demonstram muita compaixão com o outro. É um conceito novo que apelidamos de compassion captalism. Eles acreditam que ter dinheiro para sobreviver é um direito. Um exemplo disso acontece no Alaska, em que as pessoas pagam mais imposto para que todos tenham qualidade de vida. Na Europa, os jovens acham que essa função de dividir riquezas é do governo. No Brasil, eles nem têm expectativa de que o governo resolva algo, acham que a desigualdade é inevitável”, relata Whittaker. Outra tendência que o executivo vê é a rejeição à grandes empresas dominando setores, como Facebook e Apple.

Para ele, é inevitável que as empresas tenham que implementar novos valores ou se adaptar para manter os jovens no quadro de funcionários e diminuir a rotatividade. O desafio é conquistar e manter as pessoas boas e ser transparente, diz o executivo da MarketData. “Se não nos adequarmos a realidade dessa nova geração, não vamos conseguir funcionários. E isso também ajuda a empresa virar uma lovemark. Acredito que quem não adota isso, tem que pagar mais caro para mantê-los”, afirma.

 

**Crédito da imagem no topo: Helena Lopes/Unsplash

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