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Startups para público maduro têm mercado crescente no Brasil

Estudo indica oportunidades para universo de 30 milhões de pessoas que, em grande parte, trabalha, consome e estuda ativamente


6 de junho de 2019 - 7h00

Foto: Pexels

Estima-se que existam 30 milhões de pessoas com mais de 60 anos no Brasil. Até 2030, o País terá a quinta maior população idosa do mundo. Os dados são de um levantamento da consultoria de marketing Hype60+ em parceria com a rede global Aging 2.0 e com a plataforma de negócios Pipe Social.

Com o envelhecimento dos brasileiros, empreendedores enxergam no público maduro uma chance de criar negócios que respondam às suas demandas. “Já temos mais avós no Brasil do que crianças com até cinco anos. É uma população enorme que se sente invisível, então há um espaço enorme para quem quiser empreender na área”, diz Layla Vallias, sócia da Hype60+, que é especializada no público sênior.

“Estamos vendo uma primeira geração de empreendedores com soluções que até então não existiam, desde aplicações digitais de gestão de medicamentos até franquias físicas”, acrescenta Fernando Cembranelli, CEO da Health Innova Hub, iniciativa que reúne empreendedores e investidores da área de saúde. Ele vê potencial expressivo em segmentos como mobilidade, farmácia e telemedicina.

O relatório faz parte do projeto Chamada de Negócios da Longevidade, em que startups com atividade dedicada ao público mais velho se inscrevem para concorrer a uma aceleração na área. Neste ano, 141 tentaram participar, sendo que 81 eram negócios com fins lucrativos. Por sua vez, 63% já foram formalizados e 50% têm entre um e dois funcionários. A maioria tem menos de cinco anos de funcionamento e está concentrada na região sudeste — estando 59% delas no estado de São Paulo. Ainda, cerca de 21% foram acelerados com o apoio de investidores e parceiros. Contudo, 40% ainda não apresentam faturamento — 35% faturam entre R$ 1 mil e R$50 mil, enquanto 20% faturam acima de R$ 50 mil anuais.

Na avaliação de Layla, startups especializadas chegam para suprir uma lacuna por empresas e serviços tradicionais. Ela conta que marcas ainda não aproveitam o potencial deste perfil de consumidor, o qual, ao contrário do que se pensa, está trabalhando, estudando e consumindo de forma ativa. “A maioria das empresas só faz pesquisas de mercado com consumidores com até 45 anos de idade. Geralmente os briefings para campanhas e novos produtos não contemplam o público maduro, que às vezes chega a representar 30% da base de clientes das empresas”, argumenta.

Outra pesquisa da consultoria mostra que 64% das pessoas com mais de 60 anos são provedoras de suas famílias, às vezes mesmo depois de aposentadas.

“A maioria das empresas só faz pesquisas de mercado com consumidores com até 45 anos de idade. Geralmente os briefings para campanhas e novos produtos não contemplam o público maduro” – Layla Vallias

Uma das startups focadas neste público é a Eu Vô, espécie de “Uber” adequado às necessidades de idosos. Os motoristas do serviço, criado em São Carlos (SP), recebem treinamento gerontológico e em primeiros socorros. “A ideia é dar autonomia e qualidade de vida para estas pessoas, para que elas não se isolem, pois muitas vezes têm medo de sair de casa e fazer as coisas sozinhos”, conta Victória Abdelnur Barbosa, que fundou a empresa junto a seu irmão, inspirada pela situação da própria mãe, que sofre de esclerose múltipla. Os motoristas são selecionados via outra empresa, a Maturijobs, recrutadora especializada em profissionais com mais de 50 anos.

Outra iniciativa para o público sênior veio da International School of Game (ISGame), que criou um projeto para estimular a atividade cognitiva de idosos, ao ensiná-los a desenvolver games simples para celular. Por meio do programa, participantes também podem atuar como professores e assim conseguir uma fonte de renda extra.

“Começamos ensinando crianças e então percebemos que a mesma metodologia poderia ajudar idosos, pois trabalhamos com raciocínio lógico e exercícios mentais. Para os instrutores do projeto, a atividade não é só sobre ganhar dinheiro, mas sobre fazer uma atividade na qual se sintam úteis”, afirma o CEO da ISGames, Fabio Ota.

A iniciativa surgiu a partir de uma pesquisa feita com 75 idosos em 2016, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a qual identificou que os games poderiam auxiliar a recuperação cognitiva de idosos, além de serem uma atividade lúdica.

O projeto da escola atualmente está incubado pela Estação Hack, do Facebook. A projeção é que a iniciativa angarie parceiros como centros dia, prefeituras, cuidadores e terapeutas ocupacionais. Em setembro, também serão lançados games do projeto em versão mobile. “Até o ano que vem, queremos chegar em outros estados além de São Paulo”, projeta Fábio.

Experiência do usuário sênior
Assim como em negócios voltados para outros grupos demográficos, no entanto, empreendedores e marcas precisam considerar que o público da terceira idade não é homogêneo. “Há segmentações de idade, comportamentais, de classe e gênero. Homens e mulheres envelhecem de forma muito diferente, por exemplo”, diz Layla, da Hype 60+.

Fernando, do Health Innova Hub, destaca a importância de criar experiências digitais adequadas à população mais velha. “É preciso pensar muito na usabilidade e em como vai ser o acesso, já que muitas soluções estão sendo pensadas para gerar recorrência e para que as pessoas as usem diariamente”, afirma. Outro desafio, segundo ele, é transferir inovações do âmbito acadêmico para o mercado. “Há muitas iniciativas promissoras em universidades, mas é preciso que elas formem valor agregado e virem produtos”, finaliza.

 

*Crédito da foto ao topo: Pexels

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