A marca mais danificada do ano é…

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A marca mais danificada do ano é…

Pense diferente (e não no bom sentido)


21 de dezembro de 2012 - 8h30

Simon Dumenco, para o Advertising Age

Há pouco mais de cinco anos, no AdAge.com, chamei atenção para um vídeo animado no Youtube intitulado “zunedPhone ad”. O iPhone ainda era novo e todo mundo nos círculos de tecnologia e mídia estava esperando para ver o que a Microsoft, então principal concorrente da Apple, daria como resposta. O tocador de música Zune – mais recente e infeliz tentativa da Microsoft para competir com o iPod – ainda estava sendo produzido, então, se você viu um link intitulado “zunePhonead”, automaticamente queria clicar nele, porque parecia que a Microsoft iria introduzir alguma espécie de “matador de iPhone” a qualquer momento.

Descobriu-se que o zunePhone ad era, claro, uma paródia. Ao som de uma trilha sonora fofinha extraída de um spot da Apple, o vídeo curto mostrava o zunePhone em ação, completo com um relógio piscante marcando “12:00” ao estilo dos videocassetes, uma interface desconcertante, um botão touch screen rotativo e uma bateria de um minuto. Para mim, este se tornou um exemplo emblemático de como é fácil tirar sarro da Microsoft (você nem precisa de palavras!), porque a marca deles veio representar uma espécie de mediocridade inchada, burocrata.

Como colunista, tenho que dizer: Oh, como tenho saudade daquela Microsoft – o pesado, infeliz gigante que praticamente escreveu suas próprias piadas (hoje em dia, a Microsoft, que aprendeu uma ou duas coisas sobre finesse, tem problemas que são, consideravelmente, menos divertidos e mais existenciais).

A nova Microsoft

Mas então, mês passado, quando a Apple anunciou um acordo para integrar a tecnologia do seu assistente virtual Siri a duas linhas de carro da GM, percebi que, de alguma forma, a Apple é a nova Microsoft – o gigante pesado e infeliz que praticamente escreve suas próprias piadas. Uma amostra do sarcasmo sobre o acordo Apple-GM que circulou no Twitter: “A GM e a Apple estão trabalhando juntas para colocar o Siri nos carros ou, como o Siri entenderia isso, a M&M e a Snapple estão colocando cerejas no chocolate Mars”. Se você é proprietário de um iPhone no qual a tecnologia Siri foi introduzida, você pegou a piada.

Vastamente “criticada” por suas pobres habilidades de compreensão e respostas, em geral, inúteis, a inepta Siri pede para ser piada. E mais más notícias sobre a tecnologia da Apple apareceram. “Erros do Apple Maps são chamados de ‘potencialmente fatais’ pela polícia australiana” foi a manchete dada pelo The Washington Post. Acontece que o aplicativo Apple Maps diz aos usuários procurando pela cidade australiana de Mildura para dirigir ao centro do Murray-Sunset National Park – mais de 40 milhas de onde Mildura de fato está localizada – que vem a ser uma paisagem agreste e traiçoeira (sem água e temperaturas excedendo 110 graus Fahrenheit) onde viajantes perdidos poderiam facilmente morrer de desidratação ou hipertermia (em um comentário pessoal, tentei usar o Apple Maps em Boston, Los Angeles, Miami, New York, San Francisco, Providence e San Juan e em todas essas cidades, o aplicativo falhou – às vezes, de forma espetacular).

As ações da Apple têm tomado uma surra – enquanto escrevia isto, a ação estava em torno de US$ 540, em queda após alta de US$ 705, durante 52 semanas – muito por conta das pressões competitivas crescentes, mas certamente não ajudada pelas lutas da Apple com softwares. E mesmo antes de as ações da Apple começarem a amolecer e o Siri e os mapas mancharem a reputação brilhante da empresa em engenharia de software, a Apple já estava tendo um ano ruim. Em janeiro, para os iniciantes, o The New York Times publicou os resultados da investigação das práticas de offshore da Apple – mais notadamente em uma história deprimente intitulada “Na China, os custos humanos que estão embarcados em um iPad”.

Não me interprete mal, ainda há uma ampla, maciça e firme cultura Apple e lançamentos de produto da companhia ainda conseguem atenção exagerada e automática da mídia. Mas o encanto está fora da Apple e a mídia parece muito mais propensa a dar uma resposta indiferente aos novos gadgets da empresa.

S
e Steve estivesse vivo…

Esse tipo de correção na nossa atitude coletiva em relação à Apple estava certamente a caminho há muito tempo. Muitos observadores têm brincado de “Se Steve Jobs estivesse vivo, ele não teria deixado isso acontecer”, mas a verdade horrível é que a Apple, em seu período arrogante liderada por Jobs, já tinha construído certa quantia de karma ruim muito antes da morte dele (como Jobs, um famoso budista, falhou em prever que as condições de trabalho brutais em sua contratada chinesa Foxconn iriam ao final sair pela culatra?).

Nunca fui um garoto que era fã sem fôlego da Apple, mas ainda me dói pensar no que aconteceu com a companhia este ano. Nós, bem, pensamos diferente sobre a Apple hoje em dia. Uma das mais inspiradoras histórias de inovação corporativa e grandiosidade tecnológica americanas foi diminuída.

Mas ao final, suponho, uma Apple humilhada é uma coisa boa. Em setembro, o CEO da companhia, Tim Cook, fez algo que Steve Jobs jamais faria: publicamente pediu desculpas pelo Apple Maps e recentemente tem falado em trazer de volta aos Estados Unidos a fabricação de alguns produtos da Apple.

A empresa que voava alto está devagar voltando à Terra, onde pequenas coisas como prestação de contas e consciência corporativa às vezes realmente importam.

Simon Dumenco é colunista de mídia do Advertising Age. Você pode segui-lo no Twitter em @simondumenco.

Tradução: Roseani Rocha



 

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