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A Copa do Mundo e as lições para o marketing

Millennials pensam globalmente e o racismo ainda existe


14 de julho de 2014 - 1h11

(*) Por Rochelle Newman-Carrasco, para o Advertising Age

Seja você uma marca ligada ao esporte ou não, há muito o que aprender com a Copa do Mundo de 2014. Podemos falar muitas coisas sobre partidas e jogadores, ou sobre o storytelling multi-tela que transformou o evento em um sonho digital. Mas essas coisas estarão lá daqui a quatro anos. O que é importante hoje são alguns poderosos insights sobre consumidores que os anunciantes podem ou não ter percebido – insights relevantes para todo o ano e aplicáveis em qualquer contexto, de eventos esportivos a experiência de compra.

1) Millennials pensam globalmente: As atitudes dos norte-americanos em relação à imigração e ao bilinguismo variam ao longo dos anos. Em alguns anos são melhores do que outros e, dependendo da sua visão de mundo, melhor pode significar coisas diferentes. Perspectiva pessoal à parte, é hora de os anunciantes abraçarem uma realidade que impacta o público de todas as idades e os millennials em especial: há interesse e acesso em todos os cantos do mundo a todas as línguas que este mundo tem para oferecer. Empresas procuram competências linguísticas e conhecimentos internacionais em candidatos a emprego. Agilidade cultural é uma vantagem competitiva. Sua marca deve ser culturalmente ágil assim. Tenha cuidado com as promessas de eficiência do marketing integrado. Em poucas palavras, uma abordagem integrada significa integrar diversos segmentos e muitas vezes leva a uma abordagem multicultural ou estratégia unificada. Parece promissor, mas com a ênfase em aspectos comuns de consumo versus diferenças, uma abordagem de marketing integrado muitas vezes leva os anunciantes e suas agências a banir diversidades culturais em favor do consenso.

2) O termo daltônico não foi cunhado por uma pessoa de cor – nem era pós-racial. A Copa do Mundo nos lembrou que o mundo ainda está lutando contra temas como racismo e, queiramos admitir ou não, os Estados Unidos não são uma exceção. Sim, há avanços. Sim, há esperança para futuras gerações, mas não se nós continuarmos a propagar o mito de que devemos ser cegos à cor quando sabemos que simplesmente isso não é possível. Desde quando ficar cego diante de uma questão é um objetivo? Os millennials são color-confiantes ou color-confortáveis. Alguns podem dizer color-corajosos. Para eles, apagar a cor não é o ponto, mas sim abraçar. Para os anunciantes, isso significa ir mais fundo do que algumas escolhas de elenco. Não é apenas sobre ter uma variedade de cores à vista. É sobre ter uma visão cultural diversificada. Há uma grande diferença e a Copa do Mundo nos mostrou isso.

3) Latinos são parecidos e têm fidelidade. O conhecimento superficial desse segmento de consumidores leva o foco dos anunciantes para aparências e linguagens ao invés de vidas e amores. Os latinos amam (e às vezes odeiam) todas as coisas latinas. O que significa dizer que na maioria das vezes (e sim, é claro que existem exceções, então, por favor me poupem dos e-mails com reações iradas) há uma afinidade cultural que conecta latinos das Américas e do Caribe apesar das suas muitas e muitas (eu disse muitas?) diferenças. Mesmo enquanto escrevo isso, mensagens no Facebook falam de latinos se unindo para mostrar seu ódio pela Argentina (é uma piada). É uma relação de amor e ódio, mas o ponto é que os latinos torceram para a Argentina na final de domingo, esperando que o time latino remanescente levasse o troféu de volta para casa (eles já têm o Papa). Os anunciantes podem tirar proveito ao entender como essa lealdade se manifesta e como pode ser aproveitada na cultura e na sociedade.

Essa pode ter sido a Copa do Mundo que colocou fim à desculpa de “questão cultural” quando se fala de racismo, homofobia e mensagens misóginas (visuais e verbais). Os latinos nascidos nos Estados Unidos estão mantendo tradições e gostos culturais influenciados por vários filtros e quando há um choque de valores, eles estão optando por se distanciar de si mesmos naquilo que pode representar uma ofensa ou sexismo. Tradições e praticas culturais aceitas não podem mais justificar não dar ouvidos à mudança social e ao progresso racial.

As perspectivas para a seleção dos Estados Unidos no cenário mundial são promissoras. Será que a Copa do Mundo também abrirá canais de pensamento que vão inspirar os anunciantes norte-americanos? Agora, mais do que nunca, as oportunidades de consumo estão nas mãos de uma comunidade global que muitas vezes reside dentro do que nós pensamos estar dentro das fronteiras dos Estados Unidos. Ou, como a febre do censo, a Copa do Mundo é apenas a versão de quatro em quatro anos da coceira que os anunciantes têm há cada dez anos para raspar algumas estatísticas e descobrir o que significa o marketing para latinos? Apenas o tempo dirá.

Rochelle Newman-Carrasco é estrategista-chefe de marketing hispânico da Walton Isaacson.
 

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