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Opinião: a derrota e a vitória de todos nós

Hoje ocupamos a sétima posição do futebol global e a 64ª no ranking global de inovação. Assim como no futebol, estamos longe de mostrar sinais estruturantes que mudem esse quadro em médio e longo prazos


29 de julho de 2014 - 11h51

“Não confunda derrotas com fracasso nem vitórias com sucesso. Na vida de um campeão sempre haverá algumas derrotas, assim como na vida de um perdedor sempre haverá vitórias. A diferença é que, enquanto os campeões crescem nas derrotas, os perdedores se acomodam nas vitórias.” Roberto Shinyashiki.

A Copa chegou ao fim, tivemos uma derrota acachapante e o título do texto é esse aí. Mas não vou falar dos 23 jogadores que estiveram em campo representando nosso país. Não carecemos de mais uma análise sobre aquela sofrível tarde. Tampouco fui convidado para lhes falar sobre futebol. Estou aqui para falar de inovação.

Na minha coluna anterior, escrita antes da derrota do Brasil, afirmei que o “melhor ainda vem por aí”. Chamava a atenção para uma nova geração que está crescendo “sorrateiramente” neste país. Uma galera inovadora, inconformada com a situação das coisas e com uma visão pragmática o suficiente para tentar mudar o que está a nossa volta com as ferramentas que estão a nossa disposição. Essa geração me parece muito mais importante que a seleção.

A Copa do Mundo de Futebol nos trouxe a oportunidade de equiparar a performance do Brasil com a dos demais países líderes no assunto. Diante dessa “referência global” tivemos um choque de realidade. Ver de forma escancarada a nossa atual real (in) capacidade causou comoção, inconformismo e alimentou uma vontade de mudança. Isso é sensacional se bem aproveitado.

“Há vitórias que exaltam, outras que corrompem; derrotas que matam, outras que despertam” — Antoine de Saint-Exupéry.

Infelizmente, não vejo o mesmo tipo de comoção e cobertura midiática sobre “outras Copas” onde estamos perdendo de goleada há um tempão.

Enquanto hoje ocupamos a sétima posição do futebol global, ocupamos a 64ª posição no ranking global de inovação, a 88ª posição no ranking global de educação e a 125ª posição no ranking global da saúde. E o pior é que, assim como no futebol, estamos longe de mostrar sinais estruturantes que possam mudar esse quadro de forma definitiva em médio e longo prazos. Continuamos cochilando enquanto o mundo está trabalhando.

Não adianta esperar que a solução venha “dos outros”. Precisamos arregaçar as mangas e trabalhar para mudar esse cenário e fazer desse um país verdadeiramente vencedor. Cabe a cada um de nós refletir e entender qual contribuição podemos dar a esse processo.

Para transformar este país precisamos de inovação em escala: na saúde, na educação, no transporte e em todos os aspectos da nossa sociedade. É fundamental valorizarmos essa geração que está pensando e fazendo diferente e consolidar as bases para formar novas gerações de transformadores.

Construir uma cultura inovadora passa pela educação formal (da escola), pela educação informal (da família) e pela educação profissional (do trabalho). Se em todas essas esferas o tema inovação não for tratado com prioridade, continuaremos apresentando um jogo ultrapassado, incapaz de competir com o mercado global. Seguiremos sofrendo goleadas da vida.

Já dizia Napoleão: a vitória tem mais de uma centena de pais; a derrota, por outro lado, essa é órfã.

A derrota do Brasil em todas essas esferas é de todos nós. Sejamos, então, todos pais de um país inovador.

Gian Martinez é cofundador da Coca-Cola Accelerator 

Texto publicado originalmente na edição 1620, de 28 de julho de 2014, exclusivamente para assinantes, disponível nas versões impressa e para tablets de Meio & Mensagem. Nos tablets, para acessar a edição, basta baixar o aplicativo nos sistemas iOS ou Android.

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