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China fecha o cerco aos garotos-propaganda

Governo exige que celebridades experimentem os produtos antes de fazer publicidade


4 de setembro de 2014 - 11h58

Por Angela Doland, do Advertising Age (*)

Na China, uma celebridade masculina enfrentou questionamentos contundentes sobre um contrato de patrocínio: por que exatamente ele está promovendo absorventes higiênicos, um produto que, presume-se, ele nunca usou?

O governo chinês anunciou recentemente planos para exigir que as celebridades testem pessoalmente os produtos que promovem. Quando o projeto se tornou público, a parceria do cantor taiwanês Jiro Wang com a linha de higiene feminina Freemore ressurgiu como alvo de piadas. De acordo com informações da imprensa local, Wang disse que aprovou os produtos porque alguns familiares o utilizam.

Na China, as parcerias de celebridades estão por toda parte – muitas vezes, de forma estranha. Em outro caso recente, também ridicularizado, um ator ligado uma escola técnica comprometeu-se, mas não compareceu ao local onde as pessoas treinam para usar equipamentos de construção pesados.

À medida que novas marcas e produtos inundam o mercado crescente da classe média chinesa, o comércio tende a ver celebridades como uma forma eficaz de propaganda, um modo relativamente fácil para se construir confiança e uma conexão direta com os consumidores.

No caso de Wang, ator e membro da banda Fahrenheit, houve também o seu inegável apelo para adolescentes. Ele diz que os absorventes Freemore libertarão as mulheres. Para ilustrar o que é ser uma mulher menstruada, bailarinos se movem como robôs em comercial veiculado no ano passado.

Os riscos
Brincadeiras à parte, há um lado muito sério nessa questão. A proposta de revisão de uma lei apresentada ao Congresso Nacional do Povo, no mês passado, diz que celebridades que fizerem propaganda de produtos que não testaram assumirão responsabilidade legal.

Se essas celebridades promoverem conscientemente um produto ruim, seu cachê será bloqueado e a pessoa será multada em até duas vezes essa quantia, segundo o veículo estatal China Daily. E ainda podem assumir a responsabilidade jurídica com o fabricante.

Os consumidores sentem-se traídos. As atrizes Gong Li e Fan Bingbing aprovaram a pílula de dieta Qumei que contém uma substância química que pode aumentar o risco de doenças cardíacas.

E a atriz Deng Jie, muito popular no passado, jurou às mães de toda a China que o leite em pó Sanlu era confiável. A marca, porém, estava envolvida do escândalo de leite contaminado em 2008, quando 300 mil crianças ficaram doentes e pelo menos seis morreram.

James Feldkamp, co-fundador da Mingjian, empresa que testa produtos baseada em um relatório de consumidores, diz que esse novo regulamento está “na direção certa, para que os consumidores não sejam enganados por uma celebridade promovendo um produto que pode causar problemas sérios”, disse ele.

A China conseguiu progredir em relação à proteção do consumidor este ano. Em março, o País regulamentou a coleta de informação dos consumidores e criou novas leis para quem compra produtos por lojas virtuais, tais como a possibilidade de devolver um produto, incondicionalmente, dentro de uma semana.

A responsabilidade
Marina Leung, diretora administrativa e de marca da Cohn & Wolfe, na Grande China, também aplaudiu as alterações, lembrando o caso do leite em pó Sanlu.

Mas Marina questiona como as celebridades realmente serão responsabilizadas. “Quando a celebridade assume um projeto, até que ponto ela tem que arcar com a responsabilidade de verificar se são o que o produto oferece é realmente verdade?”, disse. E as celebridades não são médicos especialistas. “Como essas pessoas serão capazes de compreender os efeitos a longo prazo de produtos químicos?”, perguntou ela.

A diretora pensa que os famosos devem ser mais cautelosos a partir de agora, mas que o dinheiro de contratos publicitários continuará a ser uma atração poderosa. Quer saber quanto Wang, o garoto-propaganda dos absorventes, ganha por seu contrato de dois anos? De acordo com o China Daily, US$ 335 mil.

* Tradução: Bruna Molina 

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