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Jovens estudantes de AdWords, Game Design, Webdesign e Artes Gráficas podem ser o talento que sua agência procura


22 de setembro de 2014 - 5h18

Por Fernanda Bottoni, do ProXXIma

Eles são bem articulados e esclarecidos. Sabem onde querem chegar, mas têm noção que o caminho é longo e exige um passo de cada vez. São apaixonados pelo que fazem, têm brilho nos olhos e sabem ser generosos tanto com os mais novos quanto com os que têm mais experiência.

Pode parecer estranho, mas estamos, sim, falando de jovens que têm entre 16 e 21 anos e que estão chegando – ou querendo muito chegar – ao mercado de trabalho.

Contrariando o estigma de geração superficial e despreparada para a vida real, é bem possível que eles sejam os talentos que sua agência tanto procura ou vai procurar em breve. Por enquanto, eles são alunos da Casa Taiguara de Cultura Digital, projeto social que atua na formação técnica digital de adolescentes estudantes de escolas públicas.

Esses jovens são o que Paulo Loeb, sócio da FBiz, uma das apoiadoras da Casa Taiguara, define com perfeição: uma mistura da necessidade de trabalhar com um talento incrível. "Eles não vêm aqui porque o pai mandou", diz Loeb. "Vêm para receber uma educação de primeira em assuntos de alta empregabilidade porque querem uma oportunidade para agarrar com todas as forças", afirma.

Com todo o brilho
Um exemplo da definição de Loeb é Guilherme Dovadoni de Santana, que tem 21 anos. Quando concluiu o Ensino Médio, aos 18, ele começou a trabalhar como repositor no Extra para juntar dinheiro e pagar a faculdade de Administração. Seis meses depois, foi aprovado no curso da Unip e logo conseguiu um estágio na Tesouraria da rede de hipermercados. Ficou lá por um ano até ingressar na área de qualidade da V2 Consulting. "Eu ouvia ligações, monitorava a qualidade dos atendimentos e analisava as reclamações."

Mais um ano se passou e, no meio de 2013, ele se convenceu de que não estava no rumo certo. "Faltava alguma coisa". Como desde pequeno era apaixonado por games, foi pesquisar a possibilidade de trabalhar na área. "Tem um curso na Anhembi Morumbi, mas, pelo que pesquisei, a graduação não é o melhor caminho", diz. "O design nos jogos não é design, é arquitetura, mas os cursos acabam confundindo isso com a parte artística e focam apenas esse lado", explica.

A decisão, então, foi trabalhar por mais seis meses até juntar dinheiro para passar um tempo estudando por conta própria. Foi o que começou a fazer em janeiro deste ano. "Eu passava muitas horas na Biblioteca Mário de Andrade, até que uma pessoa que já sabia do meu objetivo me mostrou um folheto da Casa Taiguara, que tinha o curso de Game Design", lembra. Meio desconfiado, ele foi lá e se inscreveu. Pré-selecionado, conversou com o professor do curso, Thomas Leme, que sugeriu que ele fizesse também as aulas de Quality Assurance. "Foi a melhor coisa", diz. Nem faculdade ensina o que o Thomas ensina aqui em Game Design e o curso de Quality Assurance dele é o único no Brasil".

Mestre camarada
Durante os cursos, Guilherme se candidatou a uma vaga da Top Free Games, empresa conhecida de mobile, mas não foi aprovado na entrevista. Foi quando Thomas – novamente ele – deu várias dicas para o estudante se preparar para as próximas conversas. "Ele me disse para estudar a empresa e os jogos que ela tem, pegar um e fazer a análise", conta.

Não precisou mais que isso. Feita a lição de casa e terminados os cursos, há quase dois meses ele foi contratado pela Flux Game Studio, que desenvolve games e aplicativos para dispositivos móveis, websites, PC e consoles. "Eu entrei como quality assurance e também faço freelance para a Dream On Demand, empresa de jogos e aplicativos."

Mas o aprendizado não parou por aí. "Quando terminei os cursos, pedi para fazer de novo os dois", conta o garoto, com toda naturalidade. "É que o conteúdo é muito bom e não dá para absorver tudo da primeira vez", esclarece. "Além disso, como estou trabalhando na área, posso ajudar e motivar os mais novos". Parece, sim, inacreditável. Mas ainda não terminou.

Hoje, Guilherme se divide entre a Vila Ema, onde mora, a Vila Madalena, onde trabalha, e a Praça da República, onde estuda. "Quero pegar muita experiência em quality assurance e, quando estiver bom, trabalhar como game designer, que é o que eu quero ser", afirma, com aquele brilho nos olhos que todo recrutador espera encontrar.

Ele também quer desenvolver videoaulas sobre o assunto para o YouTube. "Comecei a fazer, mas ainda não publiquei", diz. A ideia é disponibilizar o material gratuitamente para ajudar pessoas como ele. "Recebi os cursos de graça, é minha obrigação fazer isso por outras pessoas".

Talento precoce
Outro garoto determinado é Lucas Cesar Hidalgo, que tem 17 anos. Formado em Informática para Internet pela Etec Parque Belém, ele está no último ano do Ensino Médio e, desde agosto, é aluno da Casa Taiguara.

"Vim estudar AdWords porque, no curso técnico, meu grupo desenvolveu uma rede social corporativa, mas ninguém sabia como fazer a divulgação", conta ele. A rede que chamava Workfocus já saiu do ar, mas a meta de aprendizado Lucas manteve firme e forte. "Quero trabalhar em uma agência e, com o AdWords, posso criar anúncios gráficos e animados para a rede display do Google", planeja.

Ele é aluno também do curso de Game Design, uma antiga paixão. Quando tinha 11 anos, ele jogava tanto que passou a administrar um servidor de Tibia. Foi nessa época, inclusive, que descobriu o gosto pelo design. Por sugestão de um amigo, começou a usar o Photoshop para criar personagens e telas de loading para o jogo. "Comecei a me interessar e acabei criando uns 20 personagens e umas cem ou duzentas telas", diz ele. Fácil assim.

Quando começou o curso técnico, no entanto, focou sua atenção no assunto e acabou tendo pouco tempo para se dedicar ao hobby. "Fechei o servidor e disponibilizei os personagens e as telas para quem quisesse baixar", diz ele. "De graça, claro."

Como se não bastasse, a paixão pelo game ainda rendeu um bom aprendizado de idioma. "No Tibia tinha muita gente de fora, americano, canadense, e todo mundo falava inglês", conta. "Fui aprendendo, olhando no dicionário, tentando me comunicar", afirma. "Minha fluência não é boa, mas eu me viro bem para ler e escrever".

Seu plano é se formar em Design Digital e trabalhar em uma agência até ter experiência e grana para montar a sua própria. "Ainda não estou procurando emprego porque estou fazendo os cursos e não sobra tempo, mas vou atrás disso assim que eles terminarem, no fim do ano".

Plano A, B e C
O mesmo objetivo tem Victor Hugo Xavier Nelo da Silva, de 17 anos, aluno do curso de Web Design. "Mesmo que eu ganhe pouco, o que vale não é o salário, mas a experiência que eu vou adquirir", acredita.

Victor Hugo já terminou um curso técnico de Design de Interiores e também está no último ano do Ensino Médio. "O jovem tem de especializar ou fica pra trás", diz. Seu sonho é estudar Arquitetura e Urbanismo, de preferência na USP ou na Unicamp. "Vou lutar para isso, mas, se não der certo, não vou chorar, parto para outra porque tenho plano A, plano B e plano C".

É o que também tinha Ingrid Fernandes Ruela, de 16 anos, que faz o curso de Artes Gráficas e está no segundo ano do Ensino Médio. Antes de decidir pela área de Humanas, seu plano A era fazer Medicina. Para se preparar, ela chegou a fazer sete meses de Anglo, com bolsa de 70%. No meio do ano, no entanto, ela tomou coragem e admitiu algumas coisas para si mesma. "Cursinho não é ambiente para aprender e Medicina não tem nada a ver com minha paixão pelas Artes".

No meio dessas decisões, ela estava no cinema Marabá quando viu um panfleto da Casa Taiguara e decidiu ir até lá se inscrever. "Eu gostei daqui desde a entrevista de seleção porque o processo seletivo de qualquer ambiente diz muito sobre o próprio ambiente", diz ela, que achou o máximo ser entrevistada pela própria professora Mirian Pereira. "Ela é sensacional", diz. "Aqui existe um processo de aprendizagem que vai se dando em etapas, em analogias com outros assuntos."Ela garante que tem absoluta certeza de que não vai mais mudar de ideia. "Quero fazer Artes Visuais na Unesp, depois uma pós em História da Arte, pretendo tocar alguns projetos autônomos e dar aula".

Seleção cuidadosa
Claro que encontrar e reunir jovens com todas essas características não é uma questão de sorte. Provavelmente seja resultado da combinação de cursos excelentes com um processo seletivo eficiente. Imaginem que, só no primeiro semestre de 2014, foram recebidas 3.014 inscrições para as 160 vagas dos 10 cursos oferecidos. Segundo Renee Amorim, responsável pelo desenvolvimento institucional e idealizador da Casa Taiguara de Cultura Digital, para ser um dos selecionados, os jovens precisam primeiramente passar por um teste de conhecimentos gerais e específicos. Depois, os trinta primeiros colocados de cada curso são chamados para uma entrevista com o professor.

"Verificamos se o candidato sabe desde itens básicos, como hora e o dia do curso, e também verificamos vocabulário, linguagem, postura e experiência com o assunto", explica Renee. "Observamos, por exemplo, se ele entende que aquilo é uma entrevista, se vai aparecer de chinelo e bermuda ou vestir um jeans com camisa de botão".

Também são levantadas questões para avaliar o interesse do potencial aluno pelo mercado de trabalho. "Se ele quer o curso de Game, por exemplo, precisamos saber se ele joga, se conhece os jogos, se vai ao Anima Mundi", diz Renee. "Nosso objetivo é dar uma formação de qualidade e fazer o encaminhamento profissional desses jovens".

E, por falar em encaminhamento profissional, como diz o Loeb, já imaginou se cada agência ou veículo desse uma oportunidade para um desses jovens? "Não estou falando de favor, mas de oportunidade mesmo", esclarece. "Não vale só curtir no Facebook, é melhor ligar lá e ir conhecer esses caras". O número é (11) 3105 7748 e a responsável pelo encaminhamento profissional é a Ana Laura Webster.

O desafio está lançado. Vai encarar ou ficar aí remoendo os velhos rótulos da geração Y?

A Casa Taiguara de Cultura Digital, projeto social que atua na formação técnica digital de adolescentes estudantes de escolas públicas, tem apoio de FBiz, Havas Digital e IAB, entre outros. Ela oferece cursos livres de Web Design, Arte Digital e Editoração Gráfica, Programação Básica, Informática Básica, Produção Audiovisual, Modelagem 3D, Adwords, Game Design e Game Tester. Os cursos têm carga horária de 48 a 64 horas e 4 meses de duração. São 100% gratuitos e financiados com recursos do Fumcad (Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente). Os melhores alunos recebem assessoria da Casa Taiguara de Cultura Digital para ingresso no mercado de trabalho.

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