Bom de garfo e novos negócios

Buscar
Publicidade

Marketing

Bom de garfo e novos negócios

Clovis Tramontina, presidente da Tramontina, comenta seu envolvimento nos rumos do marketing da empresa e nos novos projetos em que ela está engajada


17 de abril de 2015 - 8h00

Antes de terminar a resposta à primeira pergunta da entrevista a Meio & Mensagem, Clovis Tramontina é interrompido. O encontro acontece na Gift Fair, uma das principais feiras para o setor, que representa o “faturamento do primeiro semestre” da empresa. Um dos diretores da companhia vem dar a notícia de uma grande venda de churrasqueiras que acabara de arrematar com uma rede de lojas. Muito conhecida dos brasileiros por suas panelas e talheres, hoje, a empresa fundada por seu avô, em 1911, na cidade de Carlos Barbosa (RS), atua em segmentos diversos de produtos sob o slogan “O prazer de fazer bonito”. Dos acessórios para churrasco, a marca apostou em vender, a partir deste ano, as próprias churrasqueiras. Recentemente, também ingressou no segmento de coifas e cooktops e no segundo semestre trará uma linha de eletrodomésticos premium, inicialmente em parceria com a australiana Breville. A estratégia da companhia brasileira, no entanto, é seguir com produção própria em qualquer vertente de negócio que decida entrar. Foi com essa filosofia ousada que a Tramontina se tornou uma das marcas mais fortes do País, com faturamento de R$ 4 bilhões em 2014, produção diária que passa de três milhões de peças e a expectativa de crescer 15% este ano.

Meio & Mensagem – Como o senhor avalia o desempenho da companhia no que diz respeito à divulgação da marca e de seus produtos? Qual o seu grau de participação nas decisões de marketing para as várias categorias em que a empresa atua?

Clovis Tramontina — Uma das coisas em que a Tramontina apostou, e isso antes da minha gestão, uma decisão lá atrás do meu pai, Ivo Tramontina, e do Ruy Scomazzon, sócio dele, foi usar uma única marca. Isso quando nem se falava em marketing. E a marca foi Tramontina. Depois que entrei no marketing, com apoio deles, comecei a dizer que tínhamos de investir na marca. Tínhamos que fazer propaganda de produto, mas também pensar muito em desenvolver e fazer campanhas da marca Tramontina. Em todo esse período, nunca fizemos só campanha da marca (institucional). Fizemos de produto e este, como sempre leva a marca Tramontina, automaticamente faz a divulgação institucional. Isso, desde 1983, mas o primeiro “reclame” da Tramontina foi em 1959, no jornal Correio Rio-Grandense, de Caxias do Sul. Tinha o Informativo Tramontina, na Rádio Garibaldi. E a primeira feira da qual participamos foi a Festa da Uva, em 1959. O senhor Ruy Scomazzon cuidava da propaganda e, quando voltei para o Sul, em 1983, ele passou a missão para mim. Só que a propaganda, até então, era comprada via departamento de compras da empresa, não tinha uma área de marketing.

M&M — Há quanto tempo vocês estão trabalhando com a J. Walter Thompson e até que ponto o senhor acompanha esse relacionamento com a agência?
Tramontina — Estamos no terceiro ano. A agência é espetacular, nota 10. Vínhamos com uma agência local (era atendido pela DCS) e passamos para uma global. A grande definição é esta e tu notas o seguinte: antes havia um envolvimento mais pessoal e agora é mais profissional. Então, tu percebes a mudança até nos resultados, tem estudos mais científicos. Antes, eram até um pouco mais empíricos, meio do “achômetro”. E com a JWT é diferente.

M&M — Dos segmentos mais novos de atuação da marca, qual mais cresce?
Tramontina — Quando a Tramontina entra num segmento ela é bem certeira. Diria que em todos os segmentos onde entramos, nós acertamos. Tínhamos entrado em móveis plásticos, hoje já somos uma das maiores fábricas de móveis plásticos do País. Só que com uma diferença: a gente saiu daquele móvel que era uma cadeira branca de plástico, de primeiro preço. Começamos a criar a linha Summa e outras, como a Potenza, uma mescla de madeira com plástico. Procuramos criar produtos diferenciados, que têm design e uma coisa mais importante: têm a marca Tramontina. A última categoria que entramos foi na linha de coifas de cozinha e cooktops. Também já é um sucesso. Estamos entrando agora em cozinhas profissionais. Tem um tempo de maturação e garanto que em três, quatro anos, no máximo em cinco anos, vamos ser líderes de mercado. Não adianta só ser determinado, tem de fazer investimentos. E a Tramontina faz.

M&M — Quanto investiram para novos negócios, como o de cozinhas profissionais?
Tramontina —
Foram R$ 30 milhões entre construção do prédio de uma fábrica nova, para este ano, em Farroupilha (RS), e equipamentos. O prédio já está pronto, são 12 mil metros quadrados e os equipamentos já estão sendo instalados. Sempre que entramos em um novo mercado, no início, importamos os produtos para testar o mercado. Depois, fabricamos aqui. Nosso objetivo é ser fabricante e não importador.

M&M — E consegue deixar isso bem claro desde o começo nos acordos que fecha?
Tramontina — Com certeza! Nunca tivemos problema. Vamos entrar agora no segundo semestre com uma linha de eletrodomésticos, mas com um padrão diferenciado, no nível de uma KitchenAid. É uma parceria com a Breville, que é australiana. No início, vamos importar os equipamentos, depois, à medida que cresça o volume, teremos produção local. Agora, vai ser um Tramontina by Breville. Depois, fica a Tramontina. Teremos liquidificador, batedeira, micro-ondas, cafeteira, uma chaleira elétrica, torradeira.

M&M — Em entrevistas recentes, o senhor falou mais de uma vez que ajustes precisam ser feitos pelo governo na área econômica. Quais os mais urgentes?
Tramontina — Eu começo a rir! Vou dizer o quê? Tem de fazer tudo! Primeiro, tem a reforma política, porque enquanto houver todos esses acordos… Tem de dar um choque de gestão, no qual tem de prevalecer a meritocracia. O Estado tem de privatizar o máximo de coisas que puder, porque elimina muito o aspecto da corrupção. Carga tributária não adianta reclamar. Eu falei com a presidente Dilma que não tinha mais espaço, mas ela já aumentou os impostos. E tem outra coisa, vamos pegar o caso da previdência. A nossa está quebrada, mas é o tipo da coisa que dá para resolver. Direitos adquiridos deixa; a partir de agora, começa a consertar. É que queremos sempre legislar em causas que já existem, não dá! Temos de legislar daqui para frente.

Confira a íntegra desta entrevista na edição 1651, de 16 de março, do Meio & Mensagem

wraps

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Petz e Cobasi preparam fusão que criará gigante do segmento

    Petz e Cobasi preparam fusão que criará gigante do segmento

    Nova companhia terá 50% de participação de cada uma das empresas e dará origem a player com 483 lojas e faturamento de R$ 6,9 bilhões

  • Moda Olímpica: marcas apresentam uniformes das delegações

    Moda Olímpica: marcas apresentam uniformes das delegações

    Riachuelo e Puma vestirão os integrantes do Time Brasil dentro e fora das quadras, enquanto Havaianas será, mais uma vez, o calçado oficial da delegação