A área de marketing precisa ser inovada

Buscar

A área de marketing precisa ser inovada

Buscar
Publicidade

Marketing

A área de marketing precisa ser inovada

Opinião: as mudanças serão conceituais, de expectativas, de estrutura e de orçamento


26 de junho de 2015 - 11h45

(*) Por Daniel Domeneghetti

O marketing que conhecemos, com suas idiossincrasias e falta de governança, irá acabar logo. Por quê? Porque é antieconômico, não gosta de indicadores, tem alergia de controle, gasta demais e tem entregado de menos. Exceções à parte, o que era para ser o motor mercadológico e de inovação das empresas, acabou se especializando em engordar e se entender mais importante do que realmente é.

O mercado demanda mudanças drásticas, impondo a inovação como resposta para este novo marketing. Essas mudanças para o marketing atual serão conceituais, de expectativas, de estrutura e de orçamento. Ou seja: será mais governança e menos festa, mais raciocínio e menos energia!

As principais tendências que nortearão a inovação para este novo marketing compreendem fatores ligados a questões econômicas, sociais, de consumo, de tecnologias, mídias, canais e de modelos de negócio, dentre outras. Vejamos algumas das principais, de acordo com estudo “O Novo Marketing”, da DOM Strategy Partners.

. Globalização, meta-concorrência, agilidade, melhores líderes, melhores decisões
. Revisão das premissas e modelos de negócio e competitivos
. Capital intelectual como fonte de valor corporativo
. Exigência por transparência e melhores práticas de governança corporativa, sustentabilidade e construção de reputação
. Pressões por resultados de curto-prazo versus perenidade do negócio
. Forte gap entre planejamento estratégico e execução (insuficiência do BSC)
. Obsessão por eficiência orçamentária
. Necessidade de gestão de relacionamentos de alto valor com os diversos stakeholders
. Obrigatoriedade na mensuração de intangíveis: investimentos racionais e resultados mensuráveis em marketing, TI, internet, RH e demais centros de custos
. Demandas crescentes por inteligência do negócio e conhecimento ready to use
. Consumidor 2.0, web 2.0, colaboração, redes sociais, comunidades e o novo varejo
. Marketização das classes c, d e até e, incentivando o consumerismo para alguns produtos e serviços
. Visão de clusterização de clientes em substituição à segmentação
. Adesão às novas tecnologias, mobilidade, convergência

E quais são os impactos destas tendências na atual estrutura do marketing nas empresas? Quais fardos se apresentam para serem carregados? A reputação corporativa, certamente, assume o papel central neste tsunami estrutural que inovará o marketing como área ou departamento.

Não é exagero afirmar, hoje, que as empresas estão forçadas a administrar sua conta corrente diária de reputação (institucional e de suas marcas), que se torna negativa ou positiva em função da resultante da somatória de opiniões, análises, percepções e expectativas que os diversos stakeholders, geradores de mídia, constroem e reverberam de forma global e instantânea no universo móvel, colaborativo e multicanal parametrizado pela chamada web social ou 2.0, sua blogosfera, sites de buscas, comunidades, celulares e smartphones habilitados nas redes, além, é claro, de seu efeito de replicação imediato nas mídias tradicionais, como TV e rádio.

Gerenciar essa conta corrente não é tarefa fácil, assim como não é missão das mais tranquilas interagir com qualidade e valor com os diversos stakeholders corporativos. Definitivamente, as empresas não estão preparadas para isso, seja por conta de mindset e valores estratégicos corporativos desatualizados, seja por conta de um chassi de processos, sistemas e arquitetura organizacional desajustados do novo ecossistema em que competem.

Entretanto, gerenciar essa conta corrente da reputação e transformá-la em resultados superiores (vender produtos melhores que os concorrentes para clientes mais fiéis, gerando mais valor ao acionista e market share para empresa) é tarefa do novo marketing, o marketing de contexto, que, em nossa visão, será pautado por seis pilares estratégicos, somados aos tradicionais conceitos “Ps” historicamente associados ao marketing. Estes seis pilares são:

wrapswraps

Ao assumir essa postura customer centric, as empresas certamente passarão por redefinições de estratégia e convocatórias em seu marketing. A equação do novo marketing, o marketing rachado pela inovação imposta pelo mundo exterior é: marketing de contexto = marketing de reputação X marketing de relacionamento.

A equação acima imporá novas estruturas organizacionais e funcionais, além de novas atribuições, skills, abordagens e métricas específicas. Esse modelo presume que todas as iniciativas, ferramentas e projetos de marketing sejam organizados estrategicamente, orçamentariamente e em termos de gestão em um nível superior ligado diretamente ao centro decisório da empresa, responsável por coordenar as duas vertentes distintas e complementares do novo marketing: o marketing de reputação, centrado no branding, organizado em torno da relação dos diversos stakeholders com os atributos e valores das marcas corporativas e de produtos da empresa, e o marketing de relacionamento, centrado no suporte a vendas, ligado, em toda extensão do customer life cycle, aos diversos clusters de clientes e aos produtos e serviços da empresa que consomem ou podem vir a consumir.

Assim, com o futuro diretor de reputação ficarão atribuições e práticas como comunicação corporativa, branding, relacionamento com stakeholders, patrocínios, eventos, marketing cultural, social e esportivo, marketing de causas, etc. Já com o futuro diretor de relacionamento estarão propaganda, promoção, pré-venda, suporte, pós-venda, CRM, call center, marketing direto, etc. Mesmo que este diretor ou vice-presidente seja um único, terá duas estruturas apartadas em metas, modelo de gestão e indicadores de performance e valor.

Como todo modelo propositivo, esta estrutura não é definitiva, nem tampouco estática. E cada empresa deve adequar estes conceitos à sua estratégia, setor de atuação, dinâmica de mercados, nível de concorrência e perfil de clientes.

Em nossa visão, uma nova era começa para o marketing. Cabe ao CEO e ao executivo de marketing (VP, diretor ou CMO) analisar seus respectivos cenários, tomar suas decisões, acreditando ou não nesta proposta sugerida. De qualquer forma, fica o compromisso: daqui a três anos conversaremos, novamente, e mediremos o quão acertadas foram nossas análises.

Daniel Domeghetti é CEO da consultoria DOM Stratety Partners

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Cade aprova a compra do Playcenter pela Cacau Show

    Cade aprova a compra do Playcenter pela Cacau Show

    Rede de chocolates adquiriu a empresa de entretenimento com o foco de ingressar no setor de experiências

  • Vult entra no segmento de produtos para cabelos

    Vult entra no segmento de produtos para cabelos

    Marca de beleza amplia atuação, colocando no mercado mais de 50 diferentes produtos para contemplar a diversidade brasileira