Consciência também é legado

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Ponto de vista

Consciência também é legado

Perdemos a chance de utilizar a Copa como uma arena para engajar essa multidão em temas relacionados ao bem comum


11 de julho de 2014 - 12h21

Tenho que confessar que essa Copa mexeu comigo! Moveu-me do descaso total para um frenesi absoluto. Não quero pensar em outra coisa: política, economia, violência… Que chatice! Parece que ficamos viciados em Copa. Adoramos o ambiente descontraído e multicultural, com todos desfilando orgulhosos suas camisetas das mais diferentes equipes.

Só que na real a Copa vai acabar e vamos ter que voltar ao nosso cotidiano. Teremos um choque de realidade. E, afinal, o que restou mesmo?

Muito se fala no legado da Copa como se fosse apenas contabilizado em quantidade de cimento por metro quadrado. Mas não deveríamos buscar legados de outra ordem também? Uma mudança de atitude ou de consciência, que permaneça passada a euforia.

Nesse sentido acho que desperdiçamos uma oportunidade imensa de usar as campanhas de marketing para fazer algo mais transcendente, de promover causas que ajudem de fato a transformar nosso Brasil.

O que vimos nas campanhas das grandes marcas por aí afora foi um pouco mais do mesmo; bem executadas, com todas as celebridades disponíveis para vender mais produtos ou um serviço. Perdemos a chance de utilizar a Copa como uma arena para engajar essa multidão em temas relacionados ao bem comum.

O exemplo dos japoneses recolhendo o lixo nos estádios foi amplamente celebrado e disseminado via redes sociais. Por que será que nenhuma marca de alimentos ou bebidas tomou a iniciativa de lançar campanhas incentivando as pessoas a separarem seus resíduos?

Casos como o do Sport Club do Recife para angariar doadores de órgãos e tantos outros nos mostram que é possível fazer campanhas de causas sem acabar com o clima festivo do momento.

Paralelamente em Cannes, Bono recebe o prêmio Lions Heart pelo trabalho da RED e mais um Grand Prix vai para uma campanha social. Se o mundo do marketing se curva a iniciativas como estas, por quë quando temos a oportunidade de ousar preferimos adotar as mesmas fórmulas seguras de sempre?

A copa ainda não acabou, mas me dá a impressão de que viveremos os próximos anos com uma sensação de replay.

Monica Gregori é sócia fundadora da Cause.

 

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