O fura fila

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Ponto de vista

O fura fila

As coisas mudaram e o desafio de atrair e reter gente legal não se sustenta mais nas velhas premissas.


23 de outubro de 2014 - 8h05

As coisas mudaram e o desafio de atrair e reter gente legal não se sustenta mais nas velhas premissas.

As novas gerações não se satisfazem mais somente com o potinho de ouro. E nem são tão ávidas assim pelos símbolos de status de outrora. Querem empreender, construir algo que de fato possa fazer alguma diferença no mundo.

E instigam as empresas a romper o status-quo, para reduzir o processo migratório, no qual as pessoas mais interessantes vão em busca de desafios motivados não mais somente por aspectos financeiros, mas também (e, principalmente) por propósito de vida.

E o desafio não é trivial, é cultural.

Nunca antes havia ocorrido a convivência de quatro gerações no mercado de trabalho, fenômeno que traz consigo uma ampla variedade de valores, crenças e expectativas. E, por exemplo, nunca uma geração havia entrado no mercado de trabalho valendo-se de tecnologias tão à frente daquelas usadas pelos empregadores.

Essa reflexão vale para todos os mercados e, claro, para o nosso também – como atrair e reter gente legal, inspiradora, a fim de fazer mais do que propaganda, mudar comportamentos, fazer história?

Um desafio vital para um mercado que é essencialmente capital humano. Um desafio empresarial e, sobretudo, de cultura, valores, propósito e gestão de marca.

Mas a vida não está fácil para ninguém e esse desafio é de mão dupla.

Será que você, que está se formando ou recém entrando no mercado, é tão a última bolacha do pacote assim? Será que é tão único, tão inspirador e quer fazer história tanto assim?

Bom, a você, recém-futuro publicitário, tenho um conselho: camarão que dorme a onda leva. E não é uma onda, é um tsunami.

Hoje, nosso mercado comporta cerca de 30 mil pessoas, sendo que se formam 37 mil por ano. Ou seja, se todo mundo quiser e merecer um lugar ao sol, precisaríamos crescer 123% ao ano, dobrar todo ano o número de agências, veículos e fornecedores.

Algo improvável no momento de estagnação econômica em que vivemos e, convenhamos, improvável mesmo num momento de estabilidade e céu de brigadeiro.

Sob essa ótica, o crescimento do mercado será orgânico e viveremos cada vez mais uma espécie de seleção natural, onde a diferenciação, desde a mais mundana à mais profunda, apontará os futuros líderes e influenciadores de verdade.

Pensando assim, pode ser legal refletir sobre a marca pessoal que estamos construindo e, principalmente, sobre a que gostaríamos de construir.

E dá para começar de um jeito simples, refletindo sobre algumas perguntas:
1) Qual a sua marca?
O que falam de você, quando você não está por perto ; )

2) O que torna você inconfundível?
Se um comercial sobre você não mencionasse você, o que faria terem a certeza de ser sobre você?

3) Quanto você pagaria por você?
Geralmente, a gente sabe o quanto deveriam pagar pelo nosso trabalho. Mas e se o dinheiro saísse da nossa carteira? Aqui é ir além do dinheiro que se vale e refletir sobre o valor que se tem e que se gera.

4) Você seria seu próprio cliente?
Na construção de uma marca, em torno de 30% é comunicação e 70%, experiência. Foi-se o tempo do “engana que eu gosto” para marcas e para profissionais também.

5) Você entende de quê?
As organizações precisam ser eficientes e eficiência passa por uma profunda reflexão sobre processo e sobre quem agrega efetivamente valor no processo.

6) E fome? Você tem fome do quê?
Aqui, ao meu ver, a mais importante reflexão. Não é possível ser inspirador sem ser inspirado. E acho improvável ser inspirado sem ter um propósito.

Por que você faz o que você faz?

Por que alguém deveria se importar com isso?

Por que deixar todos os dias em casa o que mais lhe importa para fazer o que você faz?

É, a fila continua andando, numa velocidade cada vez maior e, acredite, não vai parar para a gente entrar.

Mas, acredite, para pessoas que querem fazer parte de algo maior, ir além do sucesso, fazer algo que tenha significado e que realmente importe, não vai nunca faltar senha para furar a fila.

Eduardo Tracanella é superintendente de marketing do Itaú 

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