Os desafios da sexagenária Record

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Os desafios da sexagenária Record

Emissora completa 60 anos nesse sábado com foco na reestruturação dos negócios para voltar a sonhar com a liderança


27 de setembro de 2013 - 4h12

No último dia 18 de setembro, a televisão completou 63 anos de presença em território brasileiro. Desse período, a Record não fez parte apenas de três. A mais antiga das grandes emissoras abertas nacionais ainda em atividade, a rede celebra 60 anos nesse sábado, 27, como agente de dois principais momentos do consumo de mídia no Brasil: foi seu pioneirismo que estruturou, nas décadas de 1950 e 1960, o hábito da população de sentar diante da telinha. E, com grande investimento na própria qualificação, agitou, no início dos anos 2000, a concorrência em um setor que parecia fadado ao domínio pleno de uma única rede de televisão.

Embora sejam seis décadas de uma rica história, do canal lançado em 1953 pelo empresário Paulo Machado de Carvalho à rede de televisão que hoje é exibida em 96% dos municípios brasileiros — e em mais de uma centena de outros países — a única referência em comum é a marca Record. Após diferentes gestões, a emissora renasceu, da maneira como é conhecida atualmente, em 1991, quando foi comprada por Edir Macedo, empresário e fundador da Igreja Universal do Reino de Deus. Deixou, então, de ser um canal distribuído para a cidade de São Paulo e iniciou um projeto de expansão, que garantiu a vice-liderança em faturamento e de audiência televisiva.

“A Record nunca teve medo de ousar. É uma característica histórica, de sempre apostar em atrações diferentes ou lançar novos talentos.”, afirma Luiz Claudio Costa, que, com mais de 14 anos de casa, assumiu a presidência da rede em julho deste ano.  

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Apesar da importância da data, a Record irá celebrar os 60 anos de maneira tímida. Além do logo comemorativo, a emissora planejou apenas uma edição especial do Câmera Record sobre sua história. Já o portal R7, a plataforma do grupo na internet, criou um site especial que relembra, década a década, os principais acontecimentos e personagens que marcaram a história da Record.

Festivais e ícones
Inaugurado oficialmente às 20 horas do dia 27 de setembro de 1953, com o programa musical Grandes Espetáculos União, o canal apostou na música popular brasileira, reunindo jovens no Teatro Record para acompanhar atrações como Fino da Bossa (comandado por Elis Regina e Jair Rodrigues), Jovem Guarda (com Roberto Carlos e Erasmo Carlos) e, mais tarde, os Festivais de Música Brasileira, que impulsionaram as carreiras dos maiores ícones da MPB — Chico Buarque, Gilberto Gil e Caetano Veloso, entre outros.

Tem também elevada importância no canal a área de jornalismo e os programas de auditório, berço da Família Trapo, o primeiro humorístico de grande sucesso da TV brasileira, cujo elenco estampava os nomes de Jô Soares, Ronald Golias e Carlos Alberto de Nóbrega e outras celebridades. Foi na Record que Renato Aragão, Dedé Santana e Mussum formaram o grupo que, posteriormente, originaria Os Trapalhões, no programa Os Insociáveis. Dercy Gonçalves, Flavio Cavalcanti, Chacrinha, Hebe Camargo e Fausto Silva enriquecem a lista de grandes nomes da TV que passaram pela tela da Record.
 

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O início da trajetória teve seus percalços. A primeira grande prova foi enfrentada no final dos anos 1960, quando uma série de incêndios — de origem até hoje questionada — causou prejuízo milionário na sede da emissora, em São Paulo. Somente em 1972, com a entrada do empresário Silvio Santos no negócio (Paulo Machado de Carvalho e ele tinham, cada um, 50% das ações do canal), a Record entrou novamente nos eixos, voltando sua programação às séries televisivas, telejornais e filmes.

Na década de 1980, as transmissões da emissora passaram a ser feitas em conjunto com a TVS. Na maior parte do tempo, a Record transmitia as mesmas atrações do SBT. A “separação” entre os dois canais ocorreria somente em 1987, quando o sinal voltou a ser exibido localmente.  

O sonho da liderança
A gestão da Igreja Universal, iniciada em 1991, mudou completamente a saúde financeira da emissora. Investimentos em equipamentos e estúdios e a mudança para a sede atual, na Barra Funda, formaram a base para a Record projetar novos programas. Ao adotar a nomenclatura Rede Record de Televisão, o grupo iniciou o projeto de expansão por afiliadas, levando seu sinal a outros Estados. Foi também na década de 1990 que nomes como Ana Maria Braga e Ratinho despontaram na emissora para o grande público.

Tendo como parâmetro o estilo de programação que havia consolidado a liderança da Rede Globo — composto pela trinca Jornalismo, Esportes e Entretenimento —, a Record abasteceu a grade com os mesmos gêneros da concorrente. Investiu em teledramaturgia, criando o RecNov, seu grande complexo de produção no Rio de Janeiro, e fez contratações de peso para os programas de auditório e telejornais.
 

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Na metade da década passada, a Record ultrapassou o SBT e assumiu o segundo lugar no Ibope. O slogan “A caminho da liderança” ganhou contornos de obsessão entre os executivos da casa. Os números do faturamento, que mais do que quadruplicou entre 2004 e 2009, provam que o mercado publicitário endossou o potencial da nova Record.

Os últimos anos, no entanto, mostraram que a escalada rumo ao topo tinha outros obstáculos. O SBT mexeu em sua grade, recuperando prestígio e público. A transmissão dos Jogos Olímpicos de Londres demandou altas cifras de investimentos, que não foram compensados pela audiência. Outras apostas de peso, como a contratação de Gugu Liberato, não renderam o esperado.

A revisão dos custos iniciada pela diretoria começa a dar os primeiros resultados. Atrações como o reality A Fazenda, O Melhor do Brasil (comandada por Rodrigo Faro, maior astro do elenco atual) e o jornalístico Cidade Alerta vêm gerando bons números. A novela Pecado Morta, que entrou no ar essa semana, recebeu um dos maiores investimentos de marketing já direcionados para uma obra televisiva. “O sonho de atingir a liderança sempre vai existir. Mas sabemos que esse objetivo exigirá de nós um grande esforço e planejamento”, reconhece o presidente da emissora. “É preciso lembrar que nossa programação, com frequência, é líder em audiência, o que aponta que estamos no caminho certo”, projeta.
 

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