Realities: a vida longa da “vida real”

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Realities: a vida longa da “vida real”

Estreia da 17ª do Big Brother Brasil sinaliza que formato ainda tem espaço, mas precisa ser mais interessante


20 de janeiro de 2017 - 16h16

A vice-campeã, Maria Claudia (à esq.) e a campeã, Munik, da edição de 2016 do BBB (Crédito: Divulgação)

Na próxima segunda-feira, 23, a Globo leva ao ar a 17ª edição do Big Brother Brasil. Por mais que a nova temporada tenha como novidade a troca de apresentador (Tiago Leifert substitui Pedro Bial, que passou a se dedicar a outros projetos na emissora), a essência da atração deve repetir os mesmos ingredientes que o público já acompanha desde 2002: competições, disputas para chamar a atenção do público e conflitos que geram debates e dividem torcidas nas redes sociais.

Entender a longevidade de realities de comportamento no Brasil não é algo tão simples. O próprio Big Brother, que foi um fenômeno da TV mundial no início do século, já não tem o mesmo fôlego de outrora em alguns países. No mercado brasileiro, o formato da Endemol Globo abriu as portas para uma série de atrações que, cada vez mais voltadas a nichos e segmentos, parecem configurar como um inesgotável trunfo para as emissoras de TV.

“As pessoas encontram nos realities identificação. Trata-se exatamente da possibilidade de se encontrarem na TV e de vivenciarem, através dos outros, situações muito humanas e legítimas. É como se fosse um espelho”, define Daniela Ferro, diretora de mídia da Artplan. Para a profissional, a intrínseca curiosidade humana de acompanhar a vida alheia é o adubo primordial que garante a vida longa do BBB e de outros realities do gênero na mídia nacional.

Diferentemente da época em que chegou ao Brasil, no início dos anos 2000, o BBB encontra outra configuração do público – impactado e influenciado pelo uso da internet e das redes sociais. Hoje, a própria interação das pessoas pelas mídias digitais altera o papel de entretenimentos que os realities possuem na vida das pessoas, na opinião de Paulo Ilha, diretor geral de mídia da DPZ&T. “Hoje, a nossa vida virou um grande reality. Pelas redes sociais estamos sempre conectados e acompanhando a rotina de nossos amigos, familiares e colegas de trabalho. Então, para que um reality de TV tenha sentido e seja relevante, ele precisa ser mais atraente e mais impactante do que as histórias que vemos em nosso dia a dia”, acredita.

Fazer com que uma fórmula conhecida continue atraente é um desafio que já se incorporou as estratégias das emissoras de TV. Para isso, a criação de variações de um mesmo formato são vistos como uma alternativa. A Band, por exemplo, que vem colhendo bons frutos com a culinária desde que levou ao ar a primeira temporada de MasterChef, tenta continuar surfando no tema.

Na próxima quinta, 26, entra no ar o programa Pesadelo na Cozinha, novo reality estrelado pelo chef Eric Jacquin, que foi alçado ao patamar de celebridade como um dos jurados do MasterChef. Embora traga uma proposta diferente da competição culinária, o programa ainda terá a cozinha como ambiente principal. “Explorar nichos é uma maneira que as emissoras encontraram para fazer os realities sobreviverem. É difícil ter um programa que desperte o interesse geral, então, a tendência é criar temas que se conectem à vida das pessoas e que dialoguem com quem tem interesse em determinado assunto”, analisa Paulo Ilha.

Eric-Jacquin

Chef Eric Jacquin irá comandar o Pesadelo na Cozinha, a nova aposta de reality show da Band (Crédito: Reprodução)

Marcas e vida real
Não é só para o público que as emissoras de televisão têm de provar que os realities ainda tem apelo. O mercado publicitário, que sempre teve os programas do gênero como vitrines para a exibição das marcas, continua apostando no apelo da vida real para chamar a atenção do público. Para os anunciantes, entretanto, também é preciso compreender as novas formas de interação com os espectadores dessas atrações. “Os realities sempre serão uma excelente vitrine pois abrem a possibilidade de as marcas dialogarem com pessoas ‘normais’ e terem esse diálogo assistido por grande parte dos brasileiros. Mas esse é um mundo em que só deve entrar quem sabe brincar. As marcas devem estar prontas para reagir e responder ao que acontecer de inesperado”, alerta Daniela.

Quando o formato contempla um nicho que se interessa por determinado assunto, o interesse das marcas cresce consideravelmente. O MasterChef exemplifica o valor comercial que os realities ainda possuem no mercado. A última edição do programa, que reuniu chefs profissionais na competição, contou com a participação de 20 marcas. Historicamente, o Big Brother Brasil sempre cumpriu suas metas comerciais. Nesta edição, no entanto, a Globo teve uma importante baixa. A Fiat, parceira do programa desde sua primeira edição, não renovou o patrocínio por questões financeiras e estratégicas. Duas das seis cotas do programa ainda estão em fase de negociação. Ambev (Guaraná Antarctica), Claro, Magazine Luiza e Itaipava já estão confirmados.

Na opinião do diretor geral da mídia da DPZ&T, participar de um reality show ajuda a marca a ter mais facilidade na difícil missão de atrair a atenção do público em um cenário de múltiplos meios de comunicação. “O reality, na verdade, é um tipo de contato que carrega consigo um engajamento. Se a marca produz, por exemplo, um conteúdo de beleza na internet, ela certamente irá atrair quem tem interesse pelo tema. Agora, se ela leva esse assunto para dentro de um reality, ela conseguirá repercutir até entre quem não é exatamente seu público-alvo”, destaca Ilha.

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