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Google e FBI se unem contra fraude publicitária

Operação em conjunto identificou desvios de US$ 29 milhões de publishers e anunciantes no ambiente digital


3 de dezembro de 2018 - 14h55

Por George P. Slefo, do Advertising Age

Vários anos atrás, a tendência era identificar novas formas de fraude de anúncios, dar um nome assustador à descoberta — como “Ares”, nome do deus grego da guerra — e então divulgar um white paper dizendo que Ares tem furtado todos os dólares de anúncios por algum tempo. Então, a tal fraude conquistaria a cobertura da mídia de massa até um novo relatório ser publicado sobre outra forma de fraude mais assustadora e sofisticada. Porém, enquanto as táticas fraudulentas mudam, uma coisa se mantém a mesma: os caras do mal sempre escapam.

Mesmo que esse padrão deva mudar logo, as empresas que combatem fraude em anúncios estão procurando compartilhar mais dados quantificáveis para ajudar a lei a capturar o bicho-papão sem rosto. Ao mesmo tempo, os grandes players do ecossistema digital parecem mais dispostos a trabalhar juntos na causa.

Na semana passada, a polícia federal dos Estados Unidos, o FBI, disse que acusou um total de oito indivíduos trabalhando com um sofisticado esquema de fraude de anúncios. Três dos suspeitos foram presos enquanto o resto continua foragido. O Google auxiliou o FBI com informações e trabalhou com 20 companhias diferentes, incluindo a WhiteOps, para prover dados em uma fraude publicitária nomeada “3ve”. A informação ajudou a derrubar a quadrilha, que chegou a tirar US$ 29 milhões de publishers e anunciantes.

Foi um raro momento em que os órgãos da lei dos Estados Unidos protocolaram acusações sobre um problema multi-bilionário da indústria publicitária. A maior questão, no entanto, é se isso provocará alguma mudança para aqueles que operam no mercado. Especialistas dizem que ainda há muito trabalho a ser feito.

“Nós não temos como saber quantos atores ruins há por aí”, diz Scott Spencer, diretor de gestão de produtos no Google. “Eu não acho que qualquer pessoa aqui esteja sob a impressão de que nós estamos satisfeitos, que podemos fechar nossa loja, ir para casa, comemorar e dizer: não há mais fraude em anúncios.”

O Gloogle tem diversos engenheiros, desenvolvedores e milhares de pessoas na operação que estão de olho nos tráfegos inválidos. “Se identificarmos algo semelhante novamente, podemos encaminhar à polícia”, diz. “Mas é realmente função dos órgãos legisladores decidir como eles vão analisar esse tipo de informação e quais ações tomar.”

Per Bjorke, gestor sênior de produtos para qualidade de tráfego no Google, acredita que o maior ensinamento da investigação foi como diferentes empresas se juntaram para derrubar a operação fraudulenta. O ecossistema de tecnologia para anúncios é complexo e diferentes companhias se unirem numa só causa não é comum.

“Os desafios e dificuldades nas colaborações entre indústrias é tremendo”, afirma Bjorke, acrescentando que “há contínuas discussões nos bastidores com partes da indústria sobre como nós podemos colaborar e isso tem acontecido por anos. Muito disso não foi muito público”, conta.

Mais a vir
Outras companhias menores já estão começando a adotar a cartilha do Google para acompanhar fraudes, construindo dados quantificáveis e compartilhando com os órgãos da lei. A Devcon, por exemplo — uma empresa de segurança cibernética que é especializada em faude de anúncios —, tem familiaridade com o FBI, já uma das principais autoridades da empresa, Michael F.D. Anaya, é um ex-supervisor cibernético da polícia federal.

“Se você é uma empresa que ninguém conhece, mas você apresenta informação verdadeira ao FBI, isso vai chamar a atenção deles”, diz Anaya. “Você tem que mostrar algo que está crescendo e afetando milhares de pessoas e custando milhões ou bilhões de dólares. Isso vai definitivamente chamar a atenção de um agente federal, especificamente do FBI”.

A Devcon está atualmente investigando um novo caso envolvendo mais de 30 redes de fraude realizando milhões de ataques coletivamente, com intenção de mandar ao FBI posteriormente. A empresa negou compartilhar especificidades da ação porque não quer dar uma dica aos fraudadores. Anaya diz que é um “caso quase idêntico” ao que envolveu o Google.

Maggie Loui, CEO da Devcon, acredita que há outras empresas que logo irão compartilhar informações com os órgãos sobre suas descobertas. “O segredo para chamar a atenção do FBI é quantificar o ataque e pegar as contas para as quais o dinheiro está indo”, diz a executiva. “É como tentar achar um carro de fuga: você precisa do número da placa”.

Todos são responsáveis
Chris Olsen, CEO do Media Trust, que oferece segurança em tempo real e proteção de dados proprietários, conta que está se tornando popular acusar redes de exchange quando se trata de uma fraude publicitária, mas diz que a culpa deveria se espalhar para agências, marcas e varejistas. Com a 3ve, os fraudadores assumiram o controle de cerca de um milhão de computadores, de acordo com o Google. Esses infratores podem conseguir esses acessos através de diversas maneiras, uma delas é verificar camadas mais profundas de qualquer site e acessar códigos que estiveram sem uso há muitos anos.

Olson diz que, ao manipular o código ao qual ninguém está atento, os fraudadores podem sequestrar consumidores que visitam sites conhecidos, o que, aos pousos, permite que eles construam um exército de computadores zumbis que não fazem nada além de ver anúncios falsos que são pagos por profissionais de marketing.

“Todos são parte do processo”, afirma o executivo. “No ecossistema há uma consciência de que devemos ir atrás dos bandidos e eu acredito que isso vai impactar significativamente, mas há muitas outras coisas a serem feitas antes”, completa.

Tradução: Thaís Monteiro

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