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Após investimento, Nexo aposta em diversificação

Paula Miraglia, CEO e fundadora da plataforma, fala sobre aporte recente e novas possibilidades de financiamento jornalístico


22 de fevereiro de 2019 - 6h00

 

Redação do Nexo, em São Paulo (Crédito: Divulgação)

Criada em 2017 e mantida apenas com receita de assinaturas até 2018, a plataforma de jornalismo digital Nexo recebeu seu primeiro aporte externo, no início de fevereiro, da Luminate, organização filantrópica mantida pelo fundador do eBay, Pierre Omidyar. O valor de US$ 920 mil, segundo Paura Miraglia, CEO e fundadora do Nexo, será destinado a ações de marketing e ampliação do alcance da plataforma.

Paula Miraglia (Crédito: Renato Parada)

Outra fonte de receita são as consultorias de comunicação digital destinadas a ONGs, os cursos livres e uma plataforma de educação voltada a escolas particulares.

“Um ecossistema de mídia diversificado é essencial para qualquer democracia. É possível ser um veículo independente, pequeno e exclusivamente digital”, afirma Paula. Ela ressalta em entrevista que, apesar do cenário político e a crise de negócios do jornalismo, há um processo de valorização dos projetos independentes.

Meio & Mensagem – O que representa esse aporte no projeto Nexo, de que maneira esses recursos serão utilizados e o que levou a associação do Pierre a se interessar pelo projeto de vocês?
Paula Miraglia – Até aqui, o Nexo foi financiado por meio de investimentos de seus cofundadores e progressivamente pela receita de assinaturas. O apoio da Luminate nesse momento nos permite ampliar as estratégias para escalar o negócio e continuar a perseguir a excelência no jornalismo que produzimos. Os recursos serão usados para chegar a uma base ainda maior de leitores e ampliar o número de assinantes. Ao mesmo tempo, são recursos que vão garantir um elemento essencial para o projeto do Nexo até aqui: a possibilidade de experimentar trazendo inovações para nossa audiência.

Existe uma discussão atual sobre os desafios de se financiar o jornalismo profissional, como tem sido a experiência de vocês neste sentido, como tem evoluído o modelo de negócios e as receitas diversas?
O Nexo tem um modelo de negócios baseado em assinaturas, sem publicidade. Desde a sua fundação, o modelo de negócios do jornal previa a diversificação das fontes de receita como parte da sua estratégia de sustentabilidade. Em 2018, lançamos novas iniciativas importantes nesse sentido, o NexoEDU, plataforma de conteúdo voltada a professores e escolas; a escola N, espaço de cursos livres sediado na redação do Nexo, e a N Fatorial, uma consultoria de estratégia digital para organizações sem fins lucrativos. O crescimento da audiência e das assinaturas tem sido consistente, bem como o das outras fontes de receitas, e esperamos alcançar o equilíbrio financeiro no final deste ano.

O movimento de fake news e desinformação fortaleceu o jornalismo profissional? De que maneira você enxerga o efeito disso no conteúdo e na forma?
É difícil estabelecer uma relação precisa de causa e efeito sobre esse assunto. Mas na mesma medida em que o jornalismo sofreu ataques específicos nos últimos tempos, temos um movimento grande de valorização da informação de qualidade, com lastro e com compromisso com os princípios jornalísticos. Para o Nexo, isso se traduziu de duas formas mais recentemente: em um grande engajamento da audiência com a nossa cobertura das eleições e de temas essenciais para debater os rumos do país e em um aumento expressivo da conversão de assinantes no último trimestre de 2018. Esses são indicadores de que há um movimento de valorização do jornalismo de interesse público mesmo diante um cenário onde também circula muita desinformação.

O Nexo tem uma pegada digital e é bem diverso em termos de distribuição, indo de newsletter a podcast, qual a importância de se estabelecer uma dinâmica de distribuição orgânica e entender o enfoque e a linguagem em cada uma dessas plataformas?
O Nexo sempre apostou em diferentes formatos desde o seu lançamento – isso está na essência do nosso modelo editorial e de negócios. Newsletters, podcasts, interativos, gráficos, vídeos e especiais estavam no projeto desde o começo. Ao longo desses três anos pudemos aperfeiçoar vários desses formatos e experimentar muito. Muitas vezes com sucesso e às vezes não. Mas é justamente nessa experimentação que está nossa maior capacidade de inovar. Hoje, com a operação editorial consolidada, uma das nossas maiores preocupações é manter esse espírito da inovação e do teste.

Por fim, como você enxerga o ambiente para startups e novos projetos de jornalismo no médio prazo?
Um ecossistema de mídia diversificado é essencial para o Brasil e para qualquer democracia. A trajetória do Nexo mostra que é possível ser um veículo independente, pequeno e exclusivamente digital e, ao mesmo tempo, ser relevante e estar junto com grandes players do mercado. O apoio recebido da Luminate é, nesse sentido, também um reconhecimento, ao mesmo tempo em que nos dá ainda mais ânimo. Olhando para o Brasil hoje, vejo várias iniciativas jornalísticas inovadoras, em diferentes escalas, de nicho ou não, que trazem contribuições fundamentais para o debate público. Além de muito inspirador, esse é um cenário que mostra a importância que o jornalismo têm no Brasil.

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