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Opinião: Hora da notícia para telefone e tablet

O consumidor de conteúdo jornalístico nesses aparelhos não está lendo apenas manchetes, mas também textos longos. Leia o artigo de *Carlos Eduardo Lins da Silva


23 de outubro de 2012 - 2h45

Pesquisa divulgada pelo Pew Research Center no início de outubro dá conta do aumento extraordinário de pessoas nos EUA que se informam por meio de um aparelho móvel de telecomunicação (smartphone ou tablet).

Metade da população adulta americana agora se conecta com a web através de um desses aparelhos e, entre estes, cerca de dois terços dizem consumir de modo sistemático informações jornalísticas por meio delas. Ou seja: um terço de todos os americanos leem notícias por smartphone ou tablet.

É claro que nem tudo que ocorre nos EUA necessariamente acaba por se repetir no Brasil. Mas as tendências na indústria do jornalismo americano, que tem sido há muitas décadas o modelo do brasileiro, são sempre dignas de pelo menos alguma reflexão por aqui.

Mesmo porque a mais recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) do ¬IBGE também revela expressivo aumento no número de pessoas com telefones celulares (especialmente entre as mais jovens) no País: 69% da população já está equipada com ele (na faixa etária dos 20 aos 39 anos, a porcentagem é de 82%), embora nem todos tenham aparelhos que permitem acesso à web.

É inegável que os jornais precisam cada vez mais se preocupar com seus formatos para esses aparelhos móveis. Eles exigem um conceito todo novo para a notícia, que não pode ser simplesmente transplantada da maneira como ia para o papel direto à tela.

O estudo do Pew revela que o consumidor típico de jornalismo por celular ou tablet não está lendo apenas flashes e manchetes, mas também os textos mais longos. É preciso saber como escrevê-los e desenhá-los para essa plataforma tão diferente da tradicional.

A pesquisa mostra ainda que a maioria absoluta dos leitores de jornalismo nos aparelhos móveis acha que não se deve pagar por esse serviço, uma complicação a mais no já intrincadíssimo modelo de negócios sustentável para o jornalismo no século 21.

Em vez de apenas arrancar cabelos por causa das más perspectivas, os responsáveis pelo jornalismo deveriam também se antenar com o que se está fazendo a partir delas em outros locais do mundo.

Por exemplo, Now This News, que entrou em operação na web também em outubro, por iniciativa de Ken Lerer e Eric Hippeau, dois dos fundadores do bem-sucedido The Huffington Post, com a participação também de Brian Bedol, da compressa de criação de conteúdo Bedrocket.

Now This News se considera (e provavelmente é) o primeiro veículo de jornalismo completamente concebido para uso em aparelhos móveis de telecomunicação, que têm características muito diferentes de tudo que havia antes, do papel ao computador pessoal (instrumentos de geolocalização, telas muito pequenas, interação com diversos recursos concomitantes).

O veículo não tem site. É para ser visto por meio de seu próprio app. Um dos objetivos é que seu conteúdo seja maximamente compartilhado nas redes sociais.

Embora ainda esteja em fase experimental, já dá para se ter uma ideia do que se passa na cabeça dos responsáveis por Now This News. Muitos vídeos compõem sua programação inicial. Títulos de alguns deles: “Todo o debate presidencial em 121 segundos”, “As nove maiores gafes de debates na história”, “Três alimentos que tentaram matar você nesta semana”, “Se Jesus teve uma esposa, algumas pessoas estão infelizes”.

É óbvio nesta amostra que o público a que se dirige o veículo é jovem, quer informações rápidas e concisas, se possível apresentadas de maneira divertida e criativa, se preocupa com política mas também com “faits-divers”.

Uma regra de ouro em Now This News: não haverá locutores para apresentar as notícias: “Já há talking heads demais por aí; queremos mostrar os fatos de modo conciso, esclarecedor, jornalístico e divertido”, diz o gerente-geral do projeto, Eason Jordan, que trabalhou muito tempo em cargos de chefia da CNN International.

*Carlos Eduardo Lins da Silva é editor da revista Política Externa e diretor do Espaço Educacional Educare. Este texto foi publicado na edição1532 de Meio & Mensagem, de 22 de outubro.

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