Caio Ribeiro, da Central da Copa, virou avatar?

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Caio Ribeiro, da Central da Copa, virou avatar?

Entenda a tecnologia que permite que o apresentador da Rede Globo entre em campo e jogue bola com qualquer jogador que ele quiser


4 de julho de 2014 - 8h45

Quem diria que, um dia, um apresentador de programa esportivo tivesse que dominar técnicas de Hollywood e de jogos para videogames na TV! Pois é exatamente isso que o apresentador Caio Ribeiro, da “Central da Copa”, da Rede Globo, tem feito quase que diariamente. Ele, Tiago Leifert e Alex Escobar revezam-se no comando do programa, com o suporte do jogador Roger Flores como comentarista. Mas é Caio que interage diretamente com o campo virtual e a mesa tática, duas ferramentas produzidas internamente pela tecnologia da emissora que têm atraído a atenção do telespectador da TV aberta e, claro, especificamente para a tela da Rede Globo, emissora oficial da Fifa cuja audiência na Copa do Mundo chegou a picos de 15 pontos em junho (cada ponto equivale a 65 mil domicílios na Grande São Paulo). Isso significa um crescimento de 13% na média diária de audiência na comparação com maio, ainda antes da Copa.

Para atingir esse nível de qualidade e veracidade, a emissora investiu pelo menos um ano. O resultado do que aparece no ar é a união de duas tecnologias: cenário virtual e motion capture (ou captura de movimento). No caso da mesa tática, é uma terceira tecnologia que entra, literalmente, em cena. O diretor de tecnologia para jornalismo e esporte da Rede Globo, Jose Marino, explica o que é a tecnologia e como Caio Ribeiro consegue, inclusive, chutar a bola e correr com os jogadores em campo como se fosse um deles.

A primeira versão do cenário virtual surgiu na Copa das Confederações, que aconteceu entre 15 a 30 de junho do ano passado. “Fizemos isso para que o telespectador tenha informações relevantes de forma lúdica, com imagens descomplicadas que dão detalhes da jogada, do raciocínio do jogador”, detalha Marino. Mas, nessa versão 1, diz o diretor, os jogadores ficavam estáticos e o apresentador Caio Ribeiro ficava entre eles e uma seta indicava o trajeto da bola e dos jogadores. “Mas, nós queríamos interação. Projetar o que os atacantes e defensores poderiam ter feito em determinada jogada”, afirma. Foi quando a versão 2 que o telespectador vê agora, na Central da Copa, começou a ser desenvolvida. Ao cenário virtual, foi incorporada a tecnologia do motion capture (captura de movimento), técnica bastante usada tanto no cinema de Hollywood quanto nos jogos para videogames.

Por essa técnica, um ator real usa roupas especiais conectadas a sensores que transmitem para um computador os movimentos dos joelhos, dos tornozelos, pés, cabeça etc. Simultaneamente, câmeras espalhadas pelo estúdio captam os movimentos que, posteriormente, são transferidos para os personagens virtuais (avatares). O passo seguinte é colocar o avatar no campo virtual. “São usados recursos como zoom e até mesmo uma grua no estúdio. O movimento do cenário e da lente também interage com o personagem virtual de forma que pareça real. É quando o avatar joga bola com Caio Ribeiro. É um ator virtual que está em outro estúdio e representa o Neymar, o Messi ou outro jogador”, explica o diretor. Até mesmo a bola, que é real, tem sensores. Essa bola é mapeada com a ‘cara’ da Brazuca e, assim como o ator virtual, também é incorporada ao cenário virtual. Depois desse processo, a todos – Caio Ribeiro, o ator virtual e a bola – se sobrepõe o avatar. “Podemos ter entre três a cinco jogadores/avatares”, diz Marino. “A ideia é sempre mostrar atacantes, defensores e, às vezes, o goleiro”.

Caio Ribeiro recorda que, no ano passado, na Copa das Confederações, ele e Tiago Leifert começaram a preparar-se dois meses antes, uma vez por semana, para entender o funcionamento da mesa virtual e dar palpites também. “Tivemos um belo vestibular. Já o campo virtual foi mais tranquilo. Não precisamos de tanta antecedência”, diz. Agora na Copa, Caio diz que ele e Tiago foram para a Globo 15 dias antes para testes de cenário, de mesa (que não mudou muito da Copa das Confederações para cá) e do cenário virtual. “A grande mudança agora é que interagimos com dois atores virtuais que são transformados, por animação gráfica, em avatares dos atletas. Antes, eram jogadores estáticos. Este ano, a grande inovação é que eles interagem e eu posso falar: ‘Tiago Silva, vem para cá’, e ele vem”, detalha o apresentador. Caio compara a um jogo de videogame com a diferença que o joystick é o próprio jogador, basta dar um comando de voz.

O desenvolvimento da integração entre cenário virtual e motion capture foi feito pelo núcleo multimídia da Rede Globo. “Demoramos um ano para costurar essas tecnologias. Separamos um estúdio de 200 m2 no Jardim Botânico, no Rio, usamos fundo verde infinito e é nesse espaço em que se deslocam os apresentadores, num chão marcado como se fosse uma batalha naval”, diz Marino.

Mesa tática

A mesa tática, pela qual Caio Ribeiro e Tiago Leifert apresentam uma versão completa do campo com os jogadores, usa outra tecnologia e mostra um cenário de avatares (veja detalhes na galeria abaixo) com as principais jogadas. A tela é touch e cada jogador é identificado, para apresentador e comentarista, com um disco identificado com número e nome do jogador. Quaisquer movimentos feitos por Caio, Tiago ou Roger são automaticamente salvos pela própria mesa. Também nesse caso, as quatro câmeras no estúdio têm sensores. O jogador (avatar) é inserido virtualmente sobre a mesa e, a cada movimento que um dos apresentadores faz com o disco, também o avatar se mexe. A tecnologia reproduz jogadores reais em 3D. “Inserimos o avatar conforme o apresentador comanda. É possível até materializar o avatar ao lado da mesa. Também nesse caso, conseguimos unir duas funcionalidades em uma, já que o ator virtual pode transferir movimentos para a mesa virtual”, explica o diretor.

Segundo Caio, o que tornou sua vida muito mais fácil é o fato de interagir, no estúdio, com os atores. Se antes dispunha de uma marca (uma bolinha verde) para representar Neymar ou Messi, agora são atores que estão ali. “Não é só interação. É preparação e execução de cena”, afirma.

O próximo passo do núcleo multimídia é exportar essas tecnologias para outros programas da casa como “Fantástico”, “Globo Repórter” etc. diz Marino. E, para responder a pergunta do início, não! Caio Ribeiro não é um avatar. Ele comanda um time de avatares.
 

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