Draft nasce focado em economia criativa

Igor Ribeiro
30 de setembro de 2014 - 5h04

Um hub multidisciplinar para desenvolver tecnologia e inovação. Um hipermercado virtual de produtos naturais. Um espaço de reunião para projetos estratégicos. Essas são descrições de negócios aparentemente simples, mas que têm crescido intensamente e movimentando um mercado dinâmico, a chamada “economia criativa”. Apesar disso, não contavam com uma plataforma de conteúdo específica que os documentasse e divulgasse com a necessária atenção. Até agora.

Também concebido sobre um conceito simples, o portal Draft nasce para registrar e disseminar conteúdo sobre empreendimentos inovadores. Já retratou projetos como o Templo, o Organomix e o Mesa & Cadeira — respectivamente, as três empresas citadas no início deste texto. “Percebi que esse é um movimento de uma geração”, afirma o jornalista Adriano Silva, sócio-fundador e publisher do Draft. “Nos Estados Unidos, a Fast Company já se dedica a essa pauta há muito tempo. A revista elegeu em 2012 o Lourenço Bustani, da Mandalah, um dos cem jovens mais criativos do mundo, mas isso não tinha destaque na mídia do Brasil, o que me deixava doido”, conta, referindo-se à consultoria brasileira especializada em projetos que acrescentam um olhar mais humano às metas de lucro corporativo.

O próprio Silva trilhou trajeto muito próximo a esse universo. Esteve por dez anos na Abril, onde dirigiu a Superinteressante e o núcleo jovem. Em 2008, saiu da Globo para fundar a Spicy Media, empresa responsável por trazer ao Brasil blogs como Gizmodo e Kotaku. Em 2011, vendeu a empresa à F451 Media e, por cláusula contratual, ficou impedido de lançar plataformas semelhantes por três anos. “Em meados de 2012 vi que era uma oportunidade e conversei com o Ricardo (Cesar, um dos sócios da Agência Ideal) para criar um plano editorial. Em 2013, já começamos a trabalhar em formatos para marcas”, diz Silva. O portal está no ar desde o fim de agosto e foi lançado oficialmente na semana passada.

O Draft já conta com patrocínio da Natura. “Não temos anunciantes, mas parceiros. Queremos levar native advertising e branded content à nova fronteira”, afirma Silva. Ele deve fechar mais dois patrocinadores até dezembro.

O jornalista assegura que a relação com a Ideal não interfere nos negócios da Draft — além de Vieira, Phydia de Athayde, atual editora-chefe do portal, era diretora de engajamento da agência até junho. “A cobertura acompanha os interesses do leitor e nossas equipes editoriais e comerciais ficam em vasos não comunicantes. As propostas comerciais serão analisadas da mesma forma, sejam clientes da empresas do meu sócio ou não”, garante Silva. A Natura, por exemplo, não é atendida pela Ideal.

A Draft vê a possibilidade de produzir eventos, criar um market place de empreendedorismo e trabalhar com cursos e workshops. Por ora, a simples ideia do portal já exige bastante dedicação. Simplicidade, afinal, não é a antítese de qualidade e tem muito a ver com inovação.Adriano Silva, CEO: busca por propósito e rejeição de emprego formal guiam mercado dinâmico