Tem um imbecil na minha timeline!

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Tem um imbecil na minha timeline!

Você descobre que uma pessoa que admirava é a favor da divisão do País e nutre por nordestinos ou paulistas sentimentos que encheriam Gobbels de orgulho


10 de novembro de 2014 - 8h08

* Por Marcos Caetano

Millôr Fernandes dizia que, de perto, ninguém é normal. A frase do saudoso mestre de múltiplos talentos é de uma verdade atroz: nem você nem eu somos normais, ao menos de perto. É duro admitir, mas o leitor deste Coffee Break, que faz parte de alguma rede social, há de concordar que têm uns carinhas por aí exagerando nesse papo de anormalidade.

O Facebook é uma espécie de lupa que nos faz enxergar os amigos e seu rosário de bizarrices. E aí poucos escapam. A insanidade começa por tratar como “amigos” todos os que compõem a timeline. Roberto Carlos disse que queria ter um milhão de amigos e bem mais forte poder cantar. Tenho quase três mil e acho que, se tivesse um milhão, desenvolveria mais TOCs do que o próprio Rei. Dos três mil, mais da metade já me fez passar por algum momento constrangedor. E, nessa multidão de insensatos, lamentavelmente estão algumas pessoas que eu reputava como sofisticadas intelectualmente, pensadores do Brasil moderno ou formadores de opinião.

É verdade que, em épocas de sentimentos à flor da pele, o volume de barbaridades perpetradas pelos imbecis do Facebook aumenta substancialmente. Crise financeira, derrotas em Copa do Mundo e eleições acirradas exercem especial atração sobre os obtusos. Mas a verdade dolorosa é que não há uma única vez em que eu abra uma rede social sem tropeçar no mais puro constrangimento.

Tenho certeza de que, a essa altura, você já terá recordado de posts cometidos por algum integrante da elite do pensamento pátrio. Não falo apenas dos mais ridículos, que envolvem movimentos separatistas, golpes militares, todo poder aos bolcheviques ou soluções bombásticas para resolver os problemas do mundo. Não, meu caro! O ser humano erra no atacado, mas também adora errar no varejo.

Exemplos? Alguns divertidos, como o sujeito que tem em seu cartão de visitas o título de redator, vice-presidente de criação ou até de dono de agência, mas não sabe redigir três linhas dentro das mais elementares regras de ortografia. Das duas,­ uma: se é redator e não sabe escrever, deveria saber que a exposição pega mal. Se até que é bom criativo, mas sabe que sofre de dislexia, deveria, como bom publicitário, evitar a exposição. Outros casos são mais patéticos, como aquelas pessoas que, a cada cinco fotos publicadas, em quatro aparecem com um copo de bebida na mão. A menos que estejam em processo de recrutamento para trabalhar numa empresa de destilados, recomendo a todos os profissionais que evitem tal temática.

Aproveito para dar outra dica: se vai derrubar uma garrafa de vinho antes de dormir, deixe o celular fora de alcance. Estatísticas mostram que a chance de um post encachaçado no meio da madrugada ser causador de vergonha alheia é superior a 90%.

O mesmo percentual aplica-se ao cara com dezenas de subordinados que ganham salários modestos e posta fotos de viagens extravagantes, carrões, barcos, mansões e pulseiras de área vip. O Ministério da Vergonha Alheia adverte: se sua sede de gastar é irresistível, reúna os amigos mais próximos em casa, faça uma bela projeção de slides das egotrips e poupe-se de constrangimentos.

Da próxima vez que seus amigos te matarem de vergonha com comentários racistas, intolerantes, exibicionistas ou imbecis, publique este texto na timeline como uma sutil chamada à razão. Gente assim não costuma ler os posts dos outros, exceto para fazer comentários agressivos, mas, quem sabe, funciona. Se nada der certo, lembre-se de que o querido (Mark)­ Zuckerberg não ficou bilionário por acaso. O cara pensou em tudo. Clique na setinha “deixar de seguir” ao lado do nome do amigo constrangedor — e seja feliz. 

* Marcos Caetano é diretor global de comunicação corporativa da BRF.

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