Clarín: o ônus da luta com o governo

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Clarín: o ônus da luta com o governo

Maior jornal da Argentina superou ditaduras e crises, mas, ao completar 70 anos, contabiliza as perdas econômicas por enfrentar o kirchnerismo


10 de julho de 2015 - 10h26

Com um vídeo de tom emocional e a narrativa de momentos marcantes da Argentina e do mundo nas últimas décadas, o jornal Clarín dá início às comemorações de seus setenta anos, a serem completados em agosto. Maior jornal do País vizinho e, atualmente, um dos maiores grupos de comunicação da América do Sul, a marca Clarín sobreviveu a 25 presidentes, duas grandes crises econômicas e um duro período de ditadura. Desde 2008, trava uma batalha ainda mais dura na Justiça contra o governo de Cristina Kirchner. Uma queda de braço que começou quando Nestor Kirchner ainda era presidente e se mantém até os dias atuais. Acusado de monopólio o Clarín foi o alvo de uma lei que regulava a imprensa argentina e forçado a ter que se desfazer de alguns de seus canais.

Apesar da batalha principal contra o governo, o Clarín se depara com um desafio muito parecido com o de seus vizinhos brasileiros: lidar com a queda de receita e de venda de seus jornais. No ano passado, o número de exemplares vendidos diariamente pelo jornal foi reduzido em 20 mil. Atualmente, a tiragem estimada é de 250 mil exemplares ao dia, uma queda de 60% se comparado a 2005. O título vem acompanhando uma queda de seus leitores desde 2008, quando começou o enfrentamento direto com o governo kirchnerista, na época, ainda muito popular.

Na área de TV, após 2013, quando o governo conseguiu aprovar a Lei de Meios, o Grupo Clarín teve que se desfazer de vários sinais. Em 2014, vendeu sete canais para o fundo americano 34 South Media LLC que reduziu a participação do grupo de 47% para 35% no mercado de TV paga. Atualmente, o Clarín é dono dos canais 13, TN Notícias e da Rádio Mitre e do jornal esportivo Olé. Tem uma receita estimada em US$ 2 bilhões ao ano.

De acordo com Ricardo Kirschbaum, diretor de redação do jornal, o governo assumiu um discurso de democratização dos grupos de mídia, mas no fundo quis controlar o conteúdo jornalístico. "O orçamento da Secretaria de Mídia, que controla os meios de comunicação estatais é de US$ 300 milhões, dobro do que foi gasto com turismo e 10% maior do ministério da Indústria. Ainda assim, os principais grupos de mídia da Argentina continuam com maior número de leitores e audiência." Outro duro golpe sofrido pelo Clarín, em 2011, foi a perda dos direitos de transmissão dos principais campeonatos nacionais. Na ocasião, o governo criou o programa “Futebol para Todos” e pagou R$ 300 milhões para a transmissão pelo período de dez anos.

Importância do Brasil

Desde 2013, o Clarín vem investindo no mercado brasileiro. Na ocasião, lançou a versão de seu site em português e contratou uma equipe de tradutores, jornalistas e editores. Seu pilar comercial é focado em produção de conteúdo para empresas, executivos, políticos e turistas brasileiros interessados na Argentina. Em fevereiro de 2014, anunciou parceria com o UOL em troca de conteúdo. “O Brasil é cada vez mais importante no cenário mundial, é interessante que o Clarín seja acompanhado pelos brasileiros", destacou Kirschbaum sobre a parceria.

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Assista ao vídeo: 

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