2018: o ano do reset nos negócios

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Opinião

2018: o ano do reset nos negócios

É hora das marcas se prepararem para um futuro pautado por dependência tecnológica e autossuficiência, no qual as pessoas buscam mais a natureza e os produtos servirão para um bem maior


25 de maio de 2016 - 11h47

É hora de marcas e negócios se prepararem para um futuro pautado por dependência tecnológica e autossuficiência, no qual as pessoas buscam mais a natureza e os produtos servirão para um bem maior. Quatro macrotendências apontam que, em 2018, vamos apertar o botão de reset e redefinir como vivemos, projetamos e negociamos no mundo todo.

A primeira delas, Vida Terrena, aponta para a necessidade emergente de conexão com a natureza de forma visceral e selvagem. Em um mundo cada vez mais online, algumas tarefas simples antes realizadas sem a tecnologia, como trafegar pela cidade e se lembrar de um telefone, estão se tornando obsoletas: 67% das pessoas com menos de 25 anos no Reino Unido não sabem ler um mapa. Estas consequências farão as pessoas retomarem a autossuficiência: já cresce nos EUA as aulas de economia doméstica e, no Brasil, os cursos de marcenaria se multiplicam.

O movimento “do cultivo à mesa” se estenderá para “da fazenda ao provador”, ou seja, peças do vestuário se utilizarão de materiais caseiros e de fontes locais. Tratamentos cosméticos para a pele e cuidados com a casa também seguirão nessa linha: a Sonar descobriu que 60% dos jovens nascidos nos anos 2000 nos EUA e 46% no Reino Unido utilizam produtos alimentícios orgânicos para tratamentos de beleza caseiros, pois acreditam que ingredientes de cultivo próprio são mais naturais do que os das lojas.

O interesse pela ciência vai crescer tornando-a tão legal quanto os esportes, especialmente para a Geração Z. A Harvard Business Review se refere à profissão de cientista de dados como “o trabalho mais sexy do século XXI”, reforçando a ideia de que a ciência é legal. Por já ter nascido conectada, a Geração Z é altamente premiada por sua inteligência. Enquanto os esportes em equipe entram em declínio nos EUA, os programas extracurriculares de STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática) se tornam mais procurados a cada ano. No Brasil, o Ciências sem Fronteiras confirma que isso também acontecerá por aqui.

A segunda tendência, Noturno, acabará com a ditadura do otimismo. Não só as pessoas vão se voltar aos seus medos e encará-los, mas também as corporações, que usarão crises como aprendizado. A solidão também será encarada e buscada por muitos, reforçando o perfil do “Viajante Solitário”, que cresceu 13% desde 2013, segundo o Estudo de Intenções de Visto Global de Viagens de 2015. A noite será cada vez mais vista como um momento ativo, principalmente para a prática de esportes, e devem surgir mais espaços destinados a isso. Skatistas e surfistas já são familiarizados com a superação dos medos, mas basta acrescentar a escuridão para a experiência se tornar ainda mais desafiadora.

Segundo Design Substancional, a essencialidade será a nova sustentabilidade, que se fortalece como um padrão da indústria e não uma estratégia de marketing. As pessoas não buscarão apenas um bom produto, mas que sirva a um bem maior. Este desejo vai ultrapassar os limites do produto e da propaganda, redefinindo inclusive preços. A nova ordem será o design sob demanda: a produção em massa retrocede e produtos impressos e produzidos sob demanda aumentam.

Por último, temos Infusão, com humanos e máquinas se convergindo e trabalhando juntos: a tecnologia se torna mais intrínseca na vida e qualidades vivas e intuitivas se tornam mais intrínsecas na tecnologia. Embora a internet possua um lado sombrio, pesquisas mostram que a conectividade online é fundamental para os relacionamentos dos jovens – 57% dos adolescentes conheceram um novo amigo online e 70% dos usuários adolescentes de mídias sociais se sentem mais conectados aos sentimentos de seus amigos por meio delas, segundo estudo recente do Pew Research Center. À medida que se torna mais fácil personalizar um perfil online, há o desejo de personalizar os offline: as antigas identidades sociais são desconstruídas e a sociedade passa a desafiar e redefinir a imagem corporal e estereótipos raciais. As definições de gênero, tipo de corpo e raça se tornarão mais fluidas e abertas.

Teremos que conviver com a dualidade. As tecnologias voltadas para a cura transformarão o sistema de saúde e a indústria do bem-estar, porém não substituirão a importância dos exercícios físicos. Os tecidos inteligentes irão sacudir a indústria da moda, mas não substituirão a necessidade de materiais com toque agradável. Novos aplicativos e redes sociais estimularão relacionamentos globais, mas a nossa conexão mais importante será com a natureza e com a gente. Em um cenário em que tudo será novo, a informação volta a ser a principal aliada no planejamento das empresas e as tendências devem ser usadas como ferramenta para guiar novos caminhos.

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