O silêncio da propaganda

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Opinião

O silêncio da propaganda

Mesmo diante da ausência dos anunciantes, cortes de verbas, perdas de centenas de empregos, não vejo um esforço para mostrar que desaparecer da mídia, neste momento, não é a melhor alternativa


29 de setembro de 2016 - 15h24

Basta ver um intervalo de televisão da Rede Globo, em horário nobre, para perceber como a nossa atividade passa por um dos piores momentos da história, diante da grave situação econômica do País.

O que me incomoda é que, mesmo diante de tanta ausência dos anunciantes, cortes de verbas, perdas de centenas de empregos por semana em nossa área, com exceção de alguns profissionais, como o Nizan, não vejo publicitários falando do que o mercado está vivendo. Não sei e nem fiquei sabendo se a Abap está fazendo algum esforço para mostrar aos anunciantes que desaparecer da mídia, neste momento, não é a melhor alternativa. E que pode ser pior amanhã. Incentivando anunciantes e agências a se aproximarem mais para que, juntos, dentro dos recursos que o cliente tem, busquem soluções criativas, não só para anunciar ou para promover, mas até para adequação de produtos ao ambiente econômico que certamente viveremos até 2018.

No passado, o incentivo para anunciar, mesmo diante das crises, permitiu que anunciantes pensassem duas vezes antes de desaparecer. Um trabalho que o Júlio Ribeiro, com seu imenso talento, desenvolveu. Hoje, uma campanha assim teria espaço garantido e sem ônus em todas as mídias porque também estão perdendo muito e demitindo.

A vaidade que ainda insiste, depois de tantos anos, a existir no nosso meio impede que a grande maioria dos empresários de publicidade revele o que vive todos os dias, cortando despesas e demitindo bons profissionais. Recebo hoje, todos os dias, ligações de bons profissionais que conheço e estavam bem em grandes agências desesperados porque perderam seus empregos e não conseguem se recolocar. E não é só em São Paulo e Rio. Brasília que, até bem pouco tempo, mantinha um alto índice de emprego na publicidade, com salários até maiores do que a média do mercado, assiste hoje profissionais tentando sair do desemprego, ganhando até três vezes menos do que em 2015.

O silêncio da propaganda, através principalmente das nossas entidades, me passa a ideia de que vivemos em outro País. Muito próspero e bem distante do Brasil.

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