Mídia impressa pede reinvenção de editores

Buscar

Mídia impressa pede reinvenção de editores

Buscar
Publicidade

Opinião

Mídia impressa pede reinvenção de editores

Revistas precisam de mais flexibilidade na entrega do conteúdo e de entender que os leitores não apenas leem, mas são seres humanos com muitas outras necessidades


5 de abril de 2017 - 11h24

Há alguns dias, andando na rua, entrei em uma banca. Encontrei balas, energéticos, picolés, pilhas, cigarros, salgadinhos e, pasmem, também encontrei revistas! Comecei, então, a folhear alguns títulos, a grande maioria com um número de páginas menor do que tinham há poucos anos. O conteúdo estava lá, muitas vezes com a qualidade de sempre. Porém os anúncios, fundamentais para a sustentação financeira do meio, não. Evaporaram de forma acelerada, rara era a revista com mais de cinco páginas de anúncios, imersos entre muitos e muitos calhaus. Decidi, então, verificar os últimos relatórios do IVC e confirmei o que já suspeitava: queda progressiva na base de assinantes de quase todos os títulos.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Estão aí definidos os três pilares dos editores de revista: circulação avulsa, publicidade e assinaturas, todas devidamente desafiadas por uma mudança acelerada de costumes que nos leva ao digital, à notícia instantânea e gratuita, pois já não temos mais tempo para ler nem tampouco para comprar revistas. A recessão? Ah, potencializa esta tendência, mas quem imaginar que, passada a crise, as notícias melhorarão para os editores, estará perdendo tempo precioso para se reinventar.

Devemos, então, ser pessimistas e jogarmos a toalha? De forma alguma! Nunca se leu tanto, nunca se buscou tanta informação! Devemos, sim, aproveitar 2017 para evoluirmos, nos tornarmos mais flexíveis na entrega do conteúdo e entendermos que nossos leitores não apenas leem, mas são seres humanos com muitas outras necessidades. Os editores têm de evoluir, tem de aproveitar esse ativo fantástico, que é o canal de comunicação direto que têm com seus consumidores, para entendê-los por completo, oferecendo mais valor para seu produto e diversificando seu portfólio.

Se os clientes querem informações sobre bem-estar, por exemplo, juntamente ao conteúdo podemos agregar eventos com especialistas, podemos oferecer serviços ou produtos que tragam o bem-estar para dentro de casa. O conteúdo continua vital, mas o benefício tem de vir para além da leitura, em especial no ritmo desenfreado que a modernidade nos impõe.

Iniciativas recentes do Facebook e do Google buscando minimizar o crescente problema de disseminação de notícias falsas na web, que tem causado prejuízos e até mesmo violência no mundo real, é a maior prova de que os bons editores continuarão relevantes para as pessoas e necessários para a sociedade

E não podemos nos esquecer de que, cada vez mais, a credibilidade da matéria bem escrita, do bom jornalimo, onde os fatos são exaustivamente checados, se tornará cada vez mais importante. O mundo pode rodar rápido, mas os jornalistas têm de manter seu rigor editorial. Ainda que o furo só saia na próxima edição. Iniciativas recentes do Facebook e do Google buscando minimizar o crescente problema de disseminação de notícias falsas na web, que tem causado prejuízos e até mesmo violência no mundo real, é a maior prova de que os bons editores continuarão relevantes para as pessoas e necessários para a sociedade.

Pois então, é isso – perspectivas para o meio revista em 2017: tempo bom para editores que agregam valor, diferenciam seu produto e que praticam o bom e velho jornalismo. Aos demais, apertem os cintos, pois a turbulência irá aumentar.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Sobre barreiras transponíveis

    Como superar os maiores desafios do marketing com a gestão de ativos digitais

  • Menos robôs, mais criatividade

    Saindo de uma visão apocalíptica, podemos pensar a IA como base para uma nova era de desenvolvimento tecnológico, impulsionada pela criatividade e inovação