Simplicidade é a tendência mais inovadora da Euroshop 2017

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Opinião

Simplicidade é a tendência mais inovadora da Euroshop 2017

Ambientes híbridos e flexíveis traduziam a tendência do desejo de igualdade das sociedades atuais


13 de abril de 2017 - 8h00

Diferente da grande parte dos meus colegas brasileiros que chegaram de Dusseldorf vindos da Euroshop 2017 achando que a temperatura do termômetro do varejo havia esfriado e o evento não surpreendeu com as tendências apresentadas, eu descordo com ênfase aqui nesse texto. Talvez por ter ido ao evento com a ideia de buscar tendências e inovações nas coisas pequenas e implícitas que acredito sejam o caminho para encontra-las.

Um pequeno passeio pelo stand aparentemente simples construído em pallets (que confirma a tendência de reciclagem e sustentabilidade de 2014 da Euroshop) de uma das maiores empresas de design de varejo do mundo que esse ano restringiu ainda mais o acesso que já era difícil, a Schweitzer deu a nota da revolução a que me refiro aqui. O ambiente aparentemente simples do conceito batizado de Circle retrata boa parte dessa revolução.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

O estimulo aos ambientes híbridos e flexíveis que traduziam a tendência do desejo de igualdade das sociedades atuais de transformação do mundo deram o tom de varejo ao stand onde moda high and low se misturaram e bolsas de marcas de luxo tornaram-se sacolas para legumes no espaço que ambientava um supermercado. O grande destaque da área hibrida que incluía espaços móveis e ilhas de supermercados, açougue, restaurantes, confeitaria e moda era um confortável provador já que eles acreditam que a experiência de compra ficará cada vez mais enxuta, intima, confortável e próxima ao cliente.

A Schweitzer aposta inclusive na criação de novos espaços e citou um exemplo: acreditam que em breve salas de cinema que estão se transformando em espaços obsoletos com a explosão do Netflix tendam a se transformar em áreas de experiências e compras através de modelos de varejo de moda com provadores confortáveis e interativos onde a venda seja viabilizada através de aplicativos conectados a lojas no perímetro daquela respectiva área. Essa é só uma vertente das inovações com integração da tecnologia apresentada na feira.

Andando pelos corredores da Euroshop, é fato sim que materiais simples e reciclados se consolidaram como tendência de store design mas agora a tecnologia que até então tinha seu uso funcional questionado se tornou essencial e vem integrada ao mobiliário e a estrutura física das lojas como softwares, aplicativos, conectores de energia e sensores segundo outra líder mundial em store design a Vitra. A iluminação foi outro destaque; foram apresentadas luminárias controladas por aplicativos, auto ajustáveis e integradas a softwares capazes de coletar dados dos clientes otimizando a inteligência no ambiente.

Tecnologia foi a palavra chave da edição de 2017 da Euroshop e a linha que imprimiu o passo para o evento de 2020 e a aposta de que a gamificação que toma forma hoje será realidade no universo do varejo daqui a três anos

Além de tendências, a feira esse ano organizou fóruns e espaços para discussões sobre o impacto de inovações e tecnologias no setor e essa área foi a que me despertou maior interesse. Participei de um fórum de discussão sobre cidades conectadas e sai convencida de que realmente precisamos rever o planejamento das lojas físicas e sua comunicação. Cidades da Holanda, da Alemanha e da França já têm projetos que testam novos modelos de sinalização de pedestre totalmente direcionados ao nível do solo e trinta centímetros dele e isso precisa ser integrado também ao varejo já que o plano de visão dos consumidores em algumas faixas etárias esta mudando em função do uso de dispositivos móveis como o celular.

Tecnologia foi a palavra chave da edição de 2017 da Euroshop e a linha que imprimiu o passo para o evento de 2020 e a aposta de que a gamificação que toma forma hoje será realidade no universo do varejo daqui a três anos. Essa tendência lançada para 2020 já começou a ser delineada pelo mercado e movimenta o cenário atual principalmente o ambiente online e os negócios b2b. O óculos Hololens de realidade mista, recém lançados pela Microsoft que parecia cansada e aproveitou um descompasso da Apple, chega revolucionando já com grandes parcerias que prometem agitar o mercado.

Na indústria de tecnologia cogita-se que o Pinterest pretende desbancar o Facebook e Instagram até o fim do ano como o maior market place integrado com tecnologias de realidade virtual que permitam incrementar a experiência de compra como, por exemplo, provar um calçado novo ou até disponibilizando equipamentos que conectados aos smartphones possibilitem que peças de roupa reais sejam scaneadas permitindo a busca de produtos similares na plataforma. Essa tecnologia também terá um grande impacto na relação b2b, incrementando ainda mais o ambiente de coworking e colaboração entre as empresas e o desenvolvimento de projetos.

A tecnologia não para por ai na área de moda e já se mostra presente no desenvolvimento de produtos como é o exemplo dos vestidos chamados motion dresses, ou vestidos robóticos fascinantes de Michael Starost e 360fash.com que foram o sucesso do festival SXSW desse ano e em acessórios auto recarregáveis como carteiras digitais. A loja física vai se tornar uma plataforma interessante e em constante evolução de tecnologias interligadas e isso e só o começo (acredito até que elas reproduzirão o ambiente virtual em breve). Precisamos aprender sempre com a inovação mas também saber valorizar a importância da responsabilidade da nossa geração em fomentar o desenvolvimento e capacitação para que nós e as gerações futuras sofram apenas o aspecto positivo desse impacto e assim não nos tornarmos vitimas da inteligência artificial e da automação.

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