Diversidade não é #

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Opinião

Diversidade não é #

As empresas que acolhem as diferenças são mais criativas, produtivas e competitivas. Além de cumprirem a lei.


29 de maio de 2017 - 11h03

Em tempos de mercado globalizado, identidades fluidas e ampliação da expectativa de vida, nunca foi tão importante falar em “diversidade” dentro das empresas. Diversidade é uma palavra que precisa ser pensada para além de uma “bandeira” ou #, algo pontual e “bonito” com o que eventualmente nos preocupamos, porque o diferente veio para ficar e precisa fazer parte da cultura organizacional.

Foto: Reprodução

Atualmente, convivem na sociedade, e por consequência nas empresas, pessoas de variadas regiões e religiões, diversas identidades sexuais e de gênero, pessoas com deficiências e de todas as faixas etárias, sendo assim, acolher esta multiplicidade não apenas ajuda a motivar e reter talentos que se modificam no decorrer da vida, permitindo que cada colaborador se sinta bem no ambiente de trabalho, como também institui equipes que ao conviverem com o diferente são estimuladas a serem mais criativas e a inovadoras. Isso torna a vida nas empresas mais agradável e faz delas instituições mais competitivas e eficazes, capazes de conversar com a sociedade de forma contemporânea.

Todavia, a pergunta que não quer calar é “as empresas conseguem representar a diversidade brasileira?”. Sabe-se que a ideia implicada em “diversidade” é uma importante moeda social, já que colaboradores engajados são ainda mais produtivos, é o que aponta o levantamento realizado pelo banco de investimentos Credit Suisse realizado com 270 empresas da América do Norte, Europa e Austrália. Empresas que trabalham com ações de apoio à diversidade registraram um crescimento no lucro 6,5% maior que as organizações que desprezam a diversidade.

Quem imaginaria que assumir a diferença seria rentável?

Quando falamos em diversidade a primeira ideia, imediatamente, associada ao conceito de diversidade parece recorrer à noção de diferença. É diferente/diverso de mim tudo aquilo que não sou ou que, em alguma medida, não me representa. Assim, entende-se “diversidade” por noções plurais e heterogêneas sobre as coisas do mundo: padrões de comportamento, constituição familiar, peculiaridades gastronômicas, crenças religiosas, vestimentas, idiomas e um rol imenso de possibilidades humanas de existência.

Aqui, um exercício importante: imagine-se diante do esférico globo terrestre, a Terra, e tente visualizar a incalculável variedade de outros corpos, características genéticas, pactos sociais e diferentes atuações sobre a própria geografia local imputadas pelo ser humano, enfim, agora imagine que cada ponto de diversidade nesse imenso mapa fosse de uma cor diferente. Consegue visualizar esse mapa-mundi? Consegue perceber a riqueza de cores?

Esse exercício é um convite para que as empresas possam pensar quem realmente somos: seres humanos ricos em diversidade. Isto é, bem antes de sermos colaboradores, somos incríveis seres humanos.

Façamos outro exercício. Voltemos nossos olhares para o interior de uma corporação chamada, aqui, de “ideal”. Sua cultura organizacional está ocupada com a equidade entre gêneros, etnias, classes sociais, necessidades especiais e faixas etárias. Os hábitos de todos os colaboradores ali representados são debatidos coletivamente e as práticas de gestão da diversidade e inclusão funcionam. Funcionam, de fato, para além do regulamento impresso e tornado disponível pela empresa. Conseguem imaginar a potência empresarial que esta organização seria? Basta lembrarmos que o relatório da Credit Suisse informe que empresas assim têm um lucro 6,5% maior que as demais.

Portanto, pense comigo e se pergunte quais ações objetivas podem favorecer a construção desse cenário corporativo chamado “ideal”, múltiplo, diverso?

A palavra “diversidade” precisa ser pensada para além de uma única “bandeira”. O diferente está nas ruas e integra, talvez, sem que você o saiba, a cultura organizacional da empresa onde trabalha.
Precisamos ir além dos dados meramente objetivos se quisermos ter sucesso. Claro que a estruturação eficiente do volume descomunal de data circulante pode significar o sucesso ou a derrocada de uma empresa, todos nós compreendemos a relevância de expressões como velocidade de processamento e dados não estruturados, por exemplo.

Todavia, será que todos nós realmente compreendemos a expressão “ser humano”? Penso eu que não há no mundo expressão que represente mais diversidade do que essa: ser humano. Então, que tal buscarmos nessa expressão todos os seus sentidos, todos os seus valores e, realmente, a usarmos para transformar nossos ambientes?

Fica o convite e espero que ele seja aceito.

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