Oportunidades no maior mercado digital do mundo

Buscar

Oportunidades no maior mercado digital do mundo

Buscar
Publicidade

Opinião

Oportunidades no maior mercado digital do mundo

Além de propulsor da economia mundial e maior parceiro comercial do Brasil, a China está sedenta por mais conteúdo audiovisual


22 de junho de 2017 - 15h49

De 23 a 25 de maio de 2017 estive no primeiro MipChina Hangzhou, evento realizado pelos mesmos organizadores do MipCome do MipTV – tradicionais mercados do audiovisual. Com extensão de território similar ao dos Estados Unidos e população de 1,4 bilhão de habitantes (20% do total mundial), a China é considerada a maior economia do mundo em termos de paridade de compra e o conjunto do PIB da China e da Índia tem sido o grande propulsor do crescimento mundial num momento em que economias como EUA e Europa passam por um processo de recessão. O país asiático é ainda o maior parceiro comercial do Brasil há anos e possui diversas ações de cooperação assinadas com nosso País. O mercado chinês não é fácil, mas é uma obrigação atual para qualquer empresário.

Foto: Reprodução

Apesar da relativa abertura econômica, a mídia ainda é extremamente controlada pelo Estado e mesmo a gigante Netflix fracassou numa estratégia stand alone, percebendo que as regras difusas e o sistema de controle exigem parceiros locais para o sucesso.

Em relação ao cinema, a bilheteria já ultrapassou o mercado americano e muitos filmes de Hollywood tem sua lucratividade garantida ao cair no gosto asiático. Porém esse é ainda um segmento extremamente regulamentado com uma cota ínfima de 34 filmes estrangeiros/ano. Com as grandes produções americanas lutando por um espaço na meca do cinema internacional, filmes latino-americanos e brasileiros passam basicamente despercebidos, com pouquíssimas exceções. Se aventurar nesse mercado é para poucos.

Quanto à televisão, são mais de 2,5 mil canais, a maioria estatal, com destaque para a China Central Television (CCTV), Hunan TV, Zhejiang TV, Jiangsu TV, Beijing TV e Dragon TV. Os canais possuem cotas de conteúdo internacional e um controle estatal rigoroso sobre o que se pode ou não exibir. Em resumo, tudo aquilo que a Netflix e os grandes canais brasileiros buscam, não se pode exibir! Temas polêmicos como política, sexo, investigação criminal, não são bem-vindos!

Exportação de conteúdo

As oportunidades para produtoras e distribuidoras brasileiras são a venda de conteúdo pronto (“lata”) e coprodução. Os produtos com maior atratividade de vendas são: (1) documentários sobre futebol, natureza, arqueologia, chineses no Brasil, economia brasileira; (2) animações; (3) formatos de matchmaking, lifestyle, travel e outros.

Recentemente o governo chinês estabeleceu uma cota de formatos internacionais em horário premium, então além da compra de formatos, a China busca coprodução de novos tipos. Essa oportunidade, contudo, é limitada a produtores mais experientes.

A verdadeira mina de ouro chinesa está é no vídeo on demand! A China conta com 40% dos internautas mundiais. São mais de 500 milhões de internautas – o equivalente a Rússia, Índia, Estados Unidos, Brasil e Canadá juntos – e com enorme espaço de crescimento. Devido à restrição governamental, os líderes de mercado são todos chineses. No segmento de vídeo, são:

1- Baidu, que lançou sua subsidiária independente de vídeo on demand iQiyi. A empresa conta com direitos de grandes estúdios como 20th Century Fox e LionsGate Films. Como mecanismo de busca, tem 90% de penetração.

2- Alibaba, a maior empresa de e-commerce da China, que se juntou a Disney/Marvel com exclusividade via seu site Disney Life.

3- Tencent, responsável pelo What’sApp chines, o Wechat, e tem parceria com Paramount e MGM.
São mais de 600 milhões de usuários de vídeo online, com uma enorme oportunidade para o Brasil na venda de conteúdo em escala para estas plataformas, que já estudam inclusive sua entrada no mercado brasileiro. O modelo de vídeo on demand na China passa por um processo interessante de mudança recente de AVOD (gratuito baseado em publicidade) para SVOD/TVOD (baseado em assinatura ou aluguel-compra).

Vale mencionar que aproximadamente 50% do bolo publicitário chinês vem do digital. As marcas têm no digital branded importante atuação estando presentes inclusive em eventos como MipChina.

Neste processo, a iQiyi, por exemplo, espera que menos da metade de sua receita venha de publicidade e por isso vem investindo pesado no modelo de assinatura. Apesar do preço ser relativamente baixo (entre R$ 7 e R$ 14 por mês), é 20 vezes superior à receita publicitária por subscriber. O Youku-Tudou do Alibaba Group já conta com 30 milhões de assinantes, Tencent e iQiyi tem aproximados 20 milhões cada. Além disso, vários canais de TV tradicionais têm lançado suas próprias plataformas, como a Hunan Broadcasting System, e existem várias outras plataformas segmentadas como bili bili, especializada em animações e que já adquiriu conteúdo da Elo Company, incluindo a animação o Menino e o Mundo. 

Como parte da estratégia de crescimento do SVOD, os players também vêm investindo em defesa de propriedade intelectual, pagamento online, diferenciação e forte investimento em conteúdo exclusivo e serviço. Além da produção/co-produção de originais, parceria com grandes estúdios, o movimento de aquisição de conteúdo internacional cresce a cada dia. Os volumes são gigantes, a limitação de conteúdo internacional mais branda e a censura também. Cenário ideal para a entrada de conteúdo brasileiro!
Em resumo, o mercado é complexo, a regulamentação e barreira de entrada grandes, porém o mercado de televisão e vídeo on demand é enorme e com ótimas oportunidades para quem souber navegar por esses mares! Durante o evento, tive mais de 20 reuniões incluindo os maiores canais de TV e top players de vídeo on demand. Voltei segura de que a China faz parte da minha agenda estratégica!

“Xie Xie”

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Negócios do futuro

    Equilibrando inovação, ética e rentabilidade no mundo corporativo contemporâneo

  • Dos monstros da nossa cabeça

    É preciso acessar camadas mais profundas de nós mesmos, por mais que os processos sejam, muitas vezes, dolorosos