O que vi da VidCon

Buscar
Publicidade

Opinião

O que vi da VidCon

O evento é uma chance imperdível para rever a forma como estamos produzindo conteúdo proprietário para marcas


11 de julho de 2017 - 17h43

Entre uma palestra e outra, saio da sala para pegar uma água. Ao meu lado, uma rodinha de fãs se forma em torno de um rapaz alto, vinte e poucos anos, cabelo castanho claro, carinha de ator de série americana. “Who’s this?”, pergunto, curioso, a uma das admiradoras, possivelmente uma youtuber iniciante, já que estávamos no andar dedicado aos creators. Ela me olha de cima a baixo, espantada com a minha ignorância: “It’s Alex Ernst”.

Meu olhar o acompanha do mezanino enquanto ele se dirige à escada rolante e vai descendo para o térreo, área do evento aberta ao público. Por um instante, imagino ter havido um atentado. Cerca de 300 pessoas começam a correr e gritar desesperadamente, formando uma onda humana que vai abraçando e escoltando Alex até o lado de fora do centro de convenções.

Corro para o Google: Alex Ernst fez sucesso com micro-sketches cômicas no finado Vine e hoje tem uma forte presença digital em vários canais. Clico em um dos vídeos: o cara é engraçado, tem ótimo timing e boas ideias. Era apenas o primeiro de uma enorme lista de talentos que me surpreenderia naquela semana. Pela qualidade, diversidade e pelo nível de influência.

Para você que ainda não sabe (como eu também não sabia há pouco tempo), a VidCon é a maior conferência de vídeo online do mundo. A oitava edição do evento aconteceu entre 22 e 24 de junho em Anaheim, na Califórnia – patrocinada pelo YouTube, é claro. E, se você ainda não foi, talvez esteja na hora de começar a pensar em ir no próximo ano. Por que? Bom, deixa eu contar o que mais vi da VidCon.

Vi uma gigantesca celebração de cultura popular das novas gerações. Durante os três dias do encontro, foram mais de 30 mil visitantes atraídos pela oportunidade rara de ver de perto seus ídolos: alguns dos mais de 300 creators que, assim como Alex Ernst, são fenômenos da audiência em plataformas como YouTube, Facebook, Instagram, Twitter, Snapchat, Musical.ly, entre outros.

Vi uma profusão de publicitários, executivos de marketing, de veículos e produtores de conteúdo (eu incluso) perseguindo esses criadores com a mesma ansiedade (talvez apenas com um pouco mais de discrição), tentando arrancar não um abraço, uma selfie ou um autógrafo, mas sim alguns ingredientes da receita de sucesso de quem consegue alcances impressionantes nas redes sociais e taxas de engajamento com suas comunidades que são o sonho dourado de qualquer marca ou publisher.

Vi uma enxurrada de palestras, debates, entrevistas e workshops em que tanto os novos criadores como os mais bem-sucedidos players da indústria de conteúdo online falavam sobre estratégias de criação, produção e distribuição de vídeo no digital. As mentes que estão não apenas dominando a cena atual da Internet, como também desenhando o futuro do entretenimento e as novas formas de contar histórias.

Vi muita coisa estimulante e gente interessante. E saí de lá com a certeza validada de que, sim, as marcas são bem-vindas nesse novo cenário, contanto que entendam as regras do jogo. O nome do jogo a esta altura não é novidade para ninguém: branded content, ou content marketing, para quem pensa em estratégias mais consistentes e de longo prazo.

Aliás, a keyword mais verbalizada pelos influenciadores como condição de existência para as marcas sobreviverem e terem alguma relevância nas redes é autenticidade. Nomes de peso como Zach King e Matthew Patrick defenderam que os influenciadores deveriam evitar envolvimentos em campanhas pontuais e só topar propostas de parcerias mais duradouras, com marcas que possuam real identificação com seu estilo de vida. Resumo da ópera: transparência, conexão verdadeira e consistência na comunicação é a equação para conferir autenticidade a essas relações. Ou melhor dizendo, na linguagem deles: “This generation will accept no bullshit”.

Por essas e outras razões, a VidCon é um ponto luminoso no calendário de eventos de quem trabalha com comunicação. Uma chance imperdível não só para aprender com os novos talentos e refletir sobre as poderosas associações com influenciadores, mas, acima de tudo, para rever a forma como estamos produzindo conteúdo proprietário para marcas. Porque, no final das contas, quem quiser ter um pouquinho da influência do Alex, vai ter que começar, de uma vez por todas, a pensar e agir diferente. E não importa de que lado do balcão você está, a verdade é que a partir de agora #SomosTodosCreators.

Publicidade

Compartilhe

Veja também

  • Como os selos ambientais conferem valor e credibilidade às marcas

    Pesquisa do Instituto Quantas aponta que há a percepção de que esse tipo de certificação tem tanta relevância quanto o desempenho do produto

  • Da inteligência artificial à inteligência real

    Construir o futuro que está emergindo não está somente nos dados, ou nas quase mil páginas do report de tendências da Amy Webb