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Opinião

Precisamos ensinar a ética do mercado à nova geração

Modelo de governança da publicidade pode ser inspiração para outras indústrias, colaborando para colocar o Brasil em trajetória mais autônoma, onde as pessoas assumam mais responsabilidades e abandonem a visão paternalista de que o Estado vai resolver tudo por nós


20 de dezembro de 2017 - 17h33

Aproximar a academia do mercado publicitário é uma bandeira antiga de praticamente todas as cabeças pensantes do nosso segmento, e muito tem sido feito nessa direção, há tempos. Por isso, sempre devemos reconhecer e estimular ações que elevem esta relação a um novo patamar. A recente iniciativa do Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) e do Conselho Executivo das Normas-Padrão (Cenp) para auxiliar professores de comunicação e marketing a ensinar aos seus estudantes os conceitos da autodisciplina, das regras e das normas que regem o setor de publicidade e propaganda é um exemplo muito bem-vindo.

Foto: Reprodução

As duas entidades, que cuidam da autorregulação sobre conteúdo e melhores práticas comerciais na publicidade brasileira, passaram a oferecer gratuitamente material didático pronto para ser usado em classe sobre a história, a evolução e o cenário atual das relações entre todos os agentes da cadeia produtiva da propaganda, do marketing e da comunicação.

Chamado Conteúdo Pedagógico Conar-Cenp: Arte, Técnica e Ética Publicitárias, esta plataforma de capacitação universitária foi desenvolvida por professores de comunicação e marketing sob coordenação do professor Amadeu Nogueira de Paula, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM). O material didático do Conar e do Cenp foi cuidadosamente preparado por quem está na linha de frente com os alunos. Foi dividido em módulos, com sugestões de testes para fixação de conteúdo, pronto para baixar da internet e usar.

Se havia uma deficiência na formação dos futuros profissionais de comunicação e marketing, era em relação a um aspecto fundamental da força da indústria publicitária brasileira: a autorregulação que qualifica as relações comerciais e o conteúdo da publicidade.

Sem um mercado forte, que remunere adequadamente as agências de publicidade e seus talentos, abrimos mão de qualidade. A profissão perde.

Com esse material reforçaremos aos nossos futuros profissionais que o próprio mercado, por meio de suas entidades profissionais e lideranças, é capaz de promover as melhores práticas, com responsabilidade, debate e consenso, dispensando intervenções legislativas e do Estado em excesso no setor privado. Esse modelo de governança pode muito bem ser uma inspiração para outras indústrias, colaborando para colocar o Brasil em uma trajetória mais autônoma, onde as pessoas assumam mais responsabilidades sobre os próprios destinos, abandonando aos poucos a visão paternalista de que o Estado vai resolver tudo por nós.

Isso é inédito na relação entre academia e mercado e nos ajuda a aproximar ainda mais as empresas e suas entidades dos seus futuros profissionais, jovens que em dez ou vinte anos estarão liderando agências, diretorias de marketing de empresas e suas respectivas associações. É preciso mostrar aos universitários que a excelência da publicidade brasileira, reconhecida internacionalmente em diversos festivais e prêmios, tem em uma de suas bases a autorregulação.

Sem um mercado forte, que remunere adequadamente as agências de publicidade e seus talentos, abrimos mão de qualidade. A profissão perde. A academia precisa ampliar esse debate em sala de aula. Educação é a chave para a maior parte dos problemas brasileiros. A sociedade só tem a ganhar se o futuro publicitário chegar ao mercado entendendo como o diálogo, o entendimento e o consenso constroem relações sustentáveis e éticas.

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