NFL e os Naming Rights

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Opinião

NFL e os Naming Rights

Infraestrutura, conteúdo e políticas públicas estiveram alinhados na realização do último Super Bowl, em Minneapolis


6 de fevereiro de 2018 - 7h00

 (Photo by Elsa/Getty Images)

No último domingo, 4, ocorreu o 52º Super Bowl na cidade de Mineápolis. Trata-se de uma das “experiências compartilhadas” mais relevantes do ano, afinal, nos dias de hoje, época de cauda longa e fragmentação das audiências, conseguir atingir um público remoto de aproximados 200 milhões de pessoas (sendo 100 milhões nos Estados Unidos e 100 milhões em todos os outros países do mundo reunidos) não é para qualquer evento. Isso sem falar nos 60 mil espectadores que tiveram a competência de terem sido convidados para participar de um dos principais eventos esportivos do mundo – a grande maioria destes convidados sendo público corporativo relativo aos patrocinadores envolvidos e uma minoria de torcedores afortunados o suficiente para pagar US$ 5.000 somente pelo ingresso. E exatamente estes 60 mil presentes ao local puderam conhecer o recém-inaugurado estádio  US Bank (desde agosto de 2016 em funcionamento) um dos únicos estádios de futebol americano com teto retrátil (Ford Field dos Detroit Lions também tem este caro atributo) para ajudar aos usuários a enfrentar o árduo inverno na região fronteiriça com o Canadá.
Sobre a utilização do formato de Naming Rights, creio que esta ação do US Bank (entre os cinco principais bancos americanos e cuja sede fica convenientemente na própria cidade de Mineápolis) está entra as mais emblemáticas dos últimos anos. A um investimento declarado de US$ 1,1 bilhão para erguer o estádio as ações feitas em parte já garantiram um alto retorno ao patrocinador. Primeiro: o direito de receber um Super Bowl  (neste ano). Segundo: a garantia que todos os veículos de mídia envolvidos estarão divulgando a marca do patrocinador quando se referindo ao local. Terceiro: que as receitas advindas das vendas de ingressos (comercializados como Club Seats com acesso e A&B incluídos para toda a temporada), camarotes corporativos e outros formatos iriam cobrir boa parte dos investimentos iniciais.

Quarto: a garantia de que o time da NFL da cidade/estado (Minnesota Vikings) e várias outras atrações já estão confirmadas para os próximos anos (Metallica e Coldplay por lá estiveram em 2017 e Taylor Swift e Ed Sheeran estarão por lá em 2018). Quinto (e não menos relevante): tiveram um forte apoio do governo local (da cidade e do estado), que foram responsáveis por investir aproximadamente 50% do custo da obra (US$ 350 milhões do governo do estado e US$ 150 milhões da cidade ) e pasmem…estes investimentos foram baseados nas receitas de impostos futuras geradas exatamente pela construção do estádio e atividades inerentes a ele e paralelas (hotéis, restaurantes etc). Que inveja!  Infraestrutura, conteúdo e políticas públicas… tudo alinhado!
Não é à toa que organizações como Mercedes Benz (Super Bowl de 2013, em New Orleans), MetLife (Super Bowl de 2014, em New Jersey), Levis (Super Bowl 2016, em San Francisco), NRG (antiga reliant Super Bowl de 2017, em Houston) abriram seus cofres e estratégias para implementar ações de comunicação e relacionamento a partir de investimentos em esporte. O que nos falta por aqui para chegarmos perto deste nível de sofisticação? Onde erramos?
É uma pena que mesmo depois de termos realizado vários eventos com capacidade de gerarem “experiências compartilhadas” em audiências espalhadas pelo mundo todo, ainda estejamos nós tentando entender porque tivemos 12 cidades-sede na última Copa do Mundo (quando a FIFA exigia oito) e porque a promessa de “desmontagem” de palcos olímpicos que poderiam ter se transformado em escolas e outras atividades de legado ainda estão por aí como elefantes brancos ou totalmente sem manutenção. Que o exemplo de Minnesota/Mineápolis nos oriente para um caminho viável. Eu acho que os torcedores, os patrocinadores e os times/esportes do nosso País merecem. Será?

 

 

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