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Opinião

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Mudam os formatos, as linguagens e os canais, mas o estado da arte na comunicação mantém seus fundamentos originais


9 de abril de 2018 - 11h25

Crédito: Denise Tadei

Os avanços da sociedade brasileira e a valorização da ética na comunicação entre marcas, veículos e público como lastro intrínseco às boas condutas democráticas marcaram o debate e as apresentações do Fórum Meio & Mensagem 40 Anos, realizado na manhã da quarta- feira, 4 de abril, no Palácio Tangará, em São Paulo.

Último dos palestrantes a subir ao palco e presidente do Brasil por dois mandatos consecutivos, entre 1995 e 2002, Fernando Henrique Cardoso não se manifestou diretamente sobre o julgamento do habeas corpus pedido pela defesa de Luiz Inácio Lula da Silva — seu sucessor na Presidência do País, cargo que exerceu também por oito anos —, que começaria um par de horas mais tarde, no Supremo Tribunal Federal, em Brasília.

FHC preferiu recorrer a dois ícones políticos de décadas passadas, com os quais admitiu não ter a menor afinidade, mas reconheceu a habilidade de ambos em transmitir suas mensagens ao povo.

O raciocínio de FHC desembocou no que chamou de “sociedade sobreposta”, nas quais o monopólio dos canais de informação foi substituído pela ligação direta entre as pessoas em grande escala, uma consequência inevitável do avanço da tecnologia nas comunicações

Chamou Carlos Lacerda de “o rei do discurso”, e elogiou sua capacidade como orador, em uma época na qual a sociedade valorizava a racionalidade e o poder de argumentação.

“Com as migrações do campo para a cidade, houve a presença de massa na sociedade. Era preciso outras formas de comunicação”, ponderou, para, em seguida, apontar Jânio Quadros como um precursor da nova forma de se comunicar com o grande público, nos anos 1960. “Ele descobriu a comunicação simbólica. Ia para o comício levando uma gaiola com um rato, para denunciar a corrupção. Tinha uma vassoura para dizer que ia limpar a sociedade.”

Qualquer semelhança entre essa comunicação simbólica e os memes e e-mojis de hoje em dia não é mera coincidência.

O raciocínio de FHC desembocou no que chamou de “sociedade sobreposta”, nas quais o monopólio dos canais de informação foi substituído pela ligação direta entre as pessoas em grande escala, uma consequência inevitável do avanço da tecnologia nas comunicações. Ressaltou, no entanto, que o estado da arte na disseminação de ideias e fatos mantém seus fundamentos originais: usar o meio adequado para cada mensagem.

Essa tarefa desafiadora para quem vive de estabelecer conexões entre marcas e pessoas norteou a curadoria de temas para os debates e palestrantes do Summit Rio2C by Meio & Mensagem, realizado na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro, um dia antes do Fórum Meio & Mensagem 40 Anos.

As discussões giraram em torno de temas como inteligência artificial na construção de marca, publicidade não intrusiva para uma geração acostumada a consumir mídia sob demanda, novos processos de criação para conteúdo multiplataforma, diversidade como drive de crescimento. Com sessões simultâneas em três salas diferentes, mas igualmente cheias, ao longo de toda uma tarde foram gerados insights e compartilhados experiências e resultados alcançados por profissionais que colocaram a mão na massa e têm se destacado nessa curva de aprendizado do mercado para lidar com formatos, linguagens e canais cada vez mais relevantes para a comunicação contemporânea — sempre alinhado com a cultura do tempo e da maneira mais orgânica possível.

Os caminhos que nos trouxeram até onde chegamos e os rumos plurais que oferece o futuro a nos espreitar serão os protagonistas de nossa edição especial de aniversário — um documento histórico para a indústria da comunicação, com mais de 150 páginas, que chegará na próxima semana a suas mãos, caro leitor.

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