A transformação inevitável para o varejo

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Opinião

A transformação inevitável para o varejo

E como a descentralização dos serviços financeiros tem sido benéfica para os varejistas que podem, inclusive, ser fintechs


19 de outubro de 2018 - 10h17

Fancycrave/Pexels

A descentralização dos principais players do mercado de serviços financeiros tem sido benéfica não apenas para os consumidores, mas também para os demais segmentos da economia que fazem uso de seus sistemas. É o caso do varejo. Com uma participação relevante no Produto Interno Bruto, o setor varejista possui a capacidade de gerar impactos na economia também com a oferta de serviços financeiros. A explosão das fintechs, somada às novas regulações que vêm sendo efetuadas pela autoridade monetária brasileira, está contribuindo para uma nova e inevitável transformação de redes varejistas na oferta de serviços que até então só eram oferecidos por instituições financeiras.

Há um movimento em andamento que ocorre desde que o Conselho Monetário Nacional (CMN) liberou as fintechs para oferecer empréstimos com recursos próprios. A procura de redes de varejo com essas companhias de tecnologia financeira vem se intensificando. O objetivo é simples: substituir diretamente as instituições financeiras na oferta de produtos e serviços aos clientes, de modo a obter ganhos de ordem tecnológica, operacional e, sobretudo, financeira.

Um expoente evidente desse movimento é o que a rede varejista francesa Carrefour faz no Brasil. De acordo com o balanço financeiro divulgada pela gigante do varejo referente ao segundo trimestre de 2018, o braço financeiro da companhia, conhecido como Carrefour Soluções Financeiras (CSF), foi o principal responsável pelo aumento de quase 40% nos lucros líquidos do Grupo Carrefour no Brasil. O crescimento do lucro líquido só do CSF foi de 96,4% no segundo trimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2017. Por outro lado, o setor de varejo do grupo registrou queda de 38%.

O mesmo acontece no comércio eletrônico, com a explosão dos chamados marketplaces. Os grandes varejistas perceberam o potencial de alcance nesse espaço e reforçaram suas estratégias. A B2W, detentora de Submarino, Americanas.com, Sou Barato e Shoptime, vai passar a oferecer empréstimos aos vendedores ligados à sua plataforma, ampliando assim os serviços financeiros voltados a fomentar capital de giro de vendedores parceiros. Outros players, como Magazine Luiza e Amazon, também apostam suas fichas nesse nicho, com a promoção intensa de soluções. O objetivo é um só: facilitar e otimizar as vendas para o consumidor final.

Esse movimento mostra que o varejo está em constante transformação. Mas ainda há diversos passos a serem realizados, sobretudo na questão tecnológica. Identificar a melhor maneira de criar e como oferecer soluções financeira para seus clientes tem sido alvo de questionamentos constantes pelos executivos do setor.

Criar suas próprias plataformas tecnológicas ou buscar nas fintechs a parceira estratégica necessária para executar essa função, sobretudo na oferta de crédito — menina dos olhos quando falamos em produtos financeiros.

Independentemente da forma como será feito, o mais importante é saber que, diferentemente de outros tempos, não muito distantes, em que não haviam possibilidades reais de criar e oferecer soluções financeiras, principalmente pelos entraves regulatórios, hoje o cenário é diferente.

O empreendedorismo crescente que observamos no País nos últimos anos, em especial com a explosão de fintechs, serve como pilar fundamental para a criação de um ecossistema que beneficia empresas tradicionais com esse novo momento de transformação digital. No Brasil, 28% das fintechs estão de olho no mercado corporativo, visando empresas e instituições financeiras.

O foco em um atendimento personalizado também ganha força. E o varejo pode fazer isso pela conveniência que já é marca da sua própria relação com o consumidor. E aqui entra uma nova evolução que estamos presenciando, que é chamada era do Open Banking. A abertura de APIs (interfaces de programação), que são instruções e padrões de programação para o acesso a um aplicativo ou software, permitirá que o próprio varejo tome a dianteira de oferecer esses serviços complementares aos seus clientes. Ou seja, a própria rede poderá se tornar uma fintech.

Com esse panorama, o varejo se aproveita desse momento ao oferecer serviços de valor adicionado aos seus clientes. Exemplo disso seria uma rede oferecer um cartão de crédito que gera benefícios não só no pagamento da fatura, mas também em programa de pontos e desconto em programas culturais. Além disso, varejistas também estão abrangendo serviços como seguro, garantia estendida, empréstimos e muitos outros serviços que vão além dos seus produtos core. Enfim, tudo isso gera oportunidades não somente para as empresas varejistas, mas também para investidores e novas startups de tecnologia. O ecossistema ruma em direção à convergência e o crescimento do varejo passa a ter uma nova perspectiva.

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