Tecnologia aumentada: 2000 anos em 20

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Opinião

Tecnologia aumentada: 2000 anos em 20

O apelo emocional funcionava muito bem, mas agora existem formas mais eficientes por diversos motivos


30 de novembro de 2018 - 9h00

Estudo realizado pela PricewaterhouseCoopers (PwC), uma das maiores consultorias do mundo, mostrou que cerca de 38% dos postos de trabalho nos Estados Unidos podem deixar de existir até 2030 devido aos avanços tecnológicos, como a inteligência artificial (IA). O estudo também discute o impacto em diversas áreas, como transporte, manufatura e varejo. Entretanto, pouco se fala das consequências na propaganda.

A temática garante debates acalorados, como aconteceu no Twitter entre Elon Musk e Mark Zuckerberg. O criador do Facebook está otimista com o papel da inteligência artificial na tecnologia, enquanto Musk, CEO da Tesla e da SpaceX, se preocupa com o futuro potencialmente apocalíptico da IA. No final, acabamos nos questionando: quem se salva da briga entre humanos e robôs? Ao meu ver, os criativos.

Apesar do nosso mercado solicitar que o profissional seja criativo, a ponto de ser o título de um cargo, a palavra significa muito mais que um rótulo. Criativo é aquela pessoa que pensa em algo novo. Pode ser um empresário, engenheiro, artista ou técnico – qualquer profissional que está sedento por inovação

Durante décadas fomos marcados por ícones da publicidade e artistas que desenharam campanhas marcantes, apaixonadas, modelando o mercado da comunicação: uma publicidade em que a marca seduzia o consumidor a comprá-la, utilizando um apelo emocional. Inclusive, algumas empresas seguiram o mesmo conceito vitorioso por mais de 40 anos, com os mesmos garotos propagandas.

Funcionava muito bem. Mas, agora existem formas mais eficientes, por diversos motivos:

Computadores cada vez mais rápidos
Os computadores fazem parte do nosso dia a dia, influenciando a forma como interagimos com o ambiente. Consequentemente, alterando o modo de como conversamos com amigos e familiares, tomamos nossas decisões e consumimos conteúdos, serviços e produtos.

Eles estão cada vez mais rápidos. Tão rápidos que, de acordo com a Lei de Moore, nos próximos 5 a 10 anos é muito provável que um computador pessoal tenha a mesma capacidade de raciocínio de um ser humano, ou mais.

Esses computadores permitem o consumo de conteúdo em tempo real, misturando o on-line e off-line, aniquilando boa parte dos jornais impressos e, em breve, devem matar a TV como conhecemos.

Uso de dados corretamente
Segundo um estudo da IBM, produzimos 4,5 quintilhões bytes de dados por dia. Os dados mostram que big data move os negócios. O número deve aumentar drasticamente com IoT, robôs e outras tecnologias que devem surgir com o passar do tempo.

Essa é só a ponta do iceberg gigante de dados que criamos. Conversas no Whatsapp, o tempo assistido da série preferida e os produtos que compramos são medidos diariamente com as diversas ferramentas que já existem.

Para se ter uma ideia, de acordo com a Forbes, o Google processa 40 mil buscas por segundo.

Dados e mais dados podem ser capturados e interpretados por computadores cada vez mais rápidos, neste quesito, hoje mesmo mais rápidos e produtivos que humanos. O nome desse fenômeno é Big Data.

Inteligência artificial é real
Computadores rápidos, uma grande quantidade de dados e softwares inteligentes, podem colocar as máquinas em um patamar acima do humano para o entendimento do ambiente e tomada de decisão. Se não agora, o que é discutível, muito em breve, sem dúvida. Isso muda como nos relacionamos com nossas ferramentas diárias, como consumimos e interpretamos dados.

Atualmente, a IA auxilia durante a busca na internet, marketing programático, exibição de mídia personalizada e muito mais. O mais interessante, com ela, não precisamos classificar seus consumidores em diferentes grupos, mas chegar a um nível de personalização máximo, onde cada pessoa é única.

Mas não para aí. O potencial da AI é imenso. Quanto mais dados o computador tem e mais liberdade de experimentar, mais inteligente ele fica.

Como fica a propaganda?
Se temos uma grande quantidade de dados de comportamento do consumidor para analisar, com uma inteligência maior do que a humana e em uma velocidade enorme, não precisamos mais convencer as pessoas a comprarem nossos serviços e produtos. Podemos personalizar, cada vez mais a experiência do consumidor, entregando os serviços e produtos da forma que as pessoas desejam. E não estou apenas falando de um site que faz sugestões de compras, mas de filmes na sua SmartTV, mídias OOH e um universo de opções praticamente infinito. Do conteúdo que consome, à propaganda que o impacta.

As ferramentas citadas acima já mudaram a forma como as marcas se comunicam com os clientes, e mudarão muito mais no futuro próximo. As campanhas serão individuais, ou seja, a inteligência artificial permitirá compreender o público e modificar, rapidamente, a sua assertividade. O publicitário que busca bons resultados nas campanhas, deve compreender esta nova tecnologia e trabalhar lado a lado com ela.

O novo mercado busca por pessoas criativas e que entendam como manipular dados, criar ferramentas com inteligência para se adaptar a diferentes públicos e em um grau de individualização nunca antes visto. Por isso, não será de estranhar se nos próximos anos o mercado publicitário passar a ter mais profissionais de desenvolvimento de software, engenharia, matemática e estatística do que artistas. Entra em jogo a lógica para programar e ensinar as máquinas, e caberá às máquinas fazer a arte.

*Crédito da foto no topo: Little Visuals/Pexels

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