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Direitos de conteúdo X plataforma de distribuição: debate sem data para acabar.

O assunto é quente e novo por aqui, mas a transmissão de eventos esportivos nas redes sociais já ocorre em outros países.


24 de março de 2017 - 6h37

Por Paulo Leal*

A transmissão de eventos esportivos, shows e festivais em plataformas digitais iniciou um debate que não tem data para acabar. A polêmica estourou no Brasil quando os clubes Atlético-PR e Coritiba recusaram o valor oferecido pela Rede Paranaense de Comunicação (RPC), filiada a TV Globo, pelos direitos do Campeonato Paranaense. Decidindo transmitir a partida, de forma independente, usando seus perfis no Facebook e canais no YouTube. O assunto é quente e novo por aqui, mas a transmissão de eventos esportivos nas redes sociais já ocorre em outros países. Não tenho dúvidas de que esse tipo de transmissão se tornará uma tendência mundial nos próximos anos, com mídias sociais transmitindo ao vivo eventos de grande expressão e popularidade. Caixa para isso não falta. Falta a experiência de cobertura e modelar o business para que o negócio seja bom para todos os envolvidos.

Porém, todo esse buzz gerado nos faz refletir sobre a disruptura de um modelo clássico que irá gerar uma mudança enorme para redes de televisão, sites, redes sociais, agências e o público, claro. As tradicionais emissoras de TV têm contratos legitimos de direitos, mas as grandes plataformas de vídeo, com faturamento cada vez mais crescente e relevante, estão de olho na compra de direitos para transmissão exclusiva de eventos ao vivo. As marcas já financiam campanhas online nessas mídias. Para elas entrarem no patrocínio calendarizado, será um pulo.

O embate começou com os dois principais times do Paraná. Mas alguém duvida de outros grandes times fazerem o mesmo? As emissoras compram os direitos e precisam vender cotas de patrocínio para lucrar, enquanto o repasse para os clubes fica cada vez menor. Uma coisa é um importante canal de televisão fechar o direito com uma federação de futebol, mas como impedir um clube de transmitir seu jogo no YouTube se o grande publico também está lá?

A audiência é outro ponto que deve ser considerado. Até o momento que escrevia esse texto, o clássico “Atletiba” teve mais de 3,6 milhões de visualizações. Pelo Facebook, foram mais de 2,1 milhões assistindo ao jogo somente na fanpage do Atlético e outras 881 mil pelo canal do Coritiba. Já no YouTube, foram mais de 375 mil visualizações no canal atleticano e mais 242 mil, no do rival. Se fossem audiências de televisão, seria algo entre oito e dez pontos de audiência domiciliar. Em um ambiente de mais de 100 milhões de viewers únicos, um oceano azul para crescer.

Outro caso curioso mostra que, ao invés de se confrontarem, televisão e mídia digital optaram por, juntas, aderirem a formatos inovadores. Recentemente, o canal latino Univision se uniu ao Facebook para transmitir, ao vivo, partidas da liga MX, primeira divisão do campeonato mexicano de futebol, diretamente pelo Facebook Live. Esse modelo de “TV+vídeo” ao vivo nas redes sociais também pode ser vencedor no Brasil, alguém duvida?

Asseguro que é mais do que saudável começarmos a analisar esse novo momento e modelo. Sem confrontos e com mente aberta para o que o grande público quer e espera dos grupos de comunicação e das plataformas sociais. Podemos até não estar acostumados e desconfortáveis, mas não é de hoje que novas formas às tradicionais maneiras de se assistir a televisão já fazem parte do nosso dia a dia. O GloboPlay é um exemplo desse novo hábito.

Com um celular na mão e uma banda larga de qualidade temos acesso a tudo, a todo instante e de qualquer lugar. Não estamos mais presos aos eletroeletrônicos que ficam plugados na parede da sala para assistir vídeo. Na mesma semana do conflito do Atletiba, o YouTube anunciou um serviço de TV nos Estados Unidos, permitindo acesso a diversos canais a cabo. Isso sem contar o sucesso crescente do Netflix.

As grandes plataformas de mídia estão com apetite, caixa e o objetivo é atender ao interesse da parceria entre televisão, público e marcas. A única coisa que não vai mudar será o espetáculo em tempo real do futebol e da música. O futuro, nesse campo, já começou.

 

*Paulo Leal é diretor Geral da Zoomin.TV.

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